Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

terça-feira, dezembro 24, 2002

Como ainda nao deu pra vingar o programa Mocidade, sábado eu vou. Parece que mó galera vai junto, até Robertuda. Não vejo a hora de ouvir "Lá vem a bateria da Mocidade Independente!" e "Nas escadas da Penha", música de Aldir Blanc e João Bosco que vira um dos melhores sambas de empolgação dos ensaios na Vila Vintém.
Ontem rolou praião... As praias do Rio são coisas divinas, maravilhosas, relaxantes e perfeitas... Tomar cervejinha, sentir a areia entrando entre os dedos e ouvindo o baurlho do mar... Ah... pouquíssimas coisas no mundo podem se equiparar...
Ainda mais quando lá estavam Baiano, Clarissuda e Irmão-Léo.
A vida é uma coisa boa.
Ontem reuni boa parte dos meus amigos no Plebeu, em Botafogo. A galera apareceu e até Carmem deu as caras, deu pro Vicente um Guia de Bares do Via na esperança de me 're-converter' a ser carioca. Como se eu tivesse deixado de ser algum dia.
Castigo

Clarissa ficou tripudiando sobre o Vicentinho pq viria de avião pro Rio e chegaria na minha frente... Como eu diria, 'perdeu, pleibói'. Na hora do embairque o parceiro dela que estava com as passagens se atrasou... Hehe. Perdeu o vôo e eu ainda cheguei na frente na cidade... Tripudiou e perdeu, mané...

Maneiro foi encontrar a minha sertaneja favorita, a Clarissa, no Cervantes lá pelas 4h. Ela vinha em estado de graça do show dos cubanos. Ao menos ela viu e curtiu.
Não deu

Sábado não deu pra ir ver Orishas e nem a Mocidade. Faltou pernas após 16 horas de estrada, das quais, nove foram ao volante. Ainda bem que o Baiano veio comigo e deu um essencial suporte na estrada. Salve a Bahia. Pq se nao fosse isso... Sei nao... acho que nao tinha chegado...
Preciso dormir... Tô na cidade desde a noite de sábado e o que menos faço é dormir...
Hoje é dia de Natal, quando rola aquela balela hipócrita de trocas de presentes. Todo mundo dá presente pra todo mundo, acho uma péla-saquice. Nego acha que em um dia só pode se redimir de todas as cagadas que são feitas durante o ano. Essa coisa de presente nao faz sentido na minha cabeça, pra mim Natal é família, é estar bem com os seus respectivos entes e amigos. Presente? Sempre achei desenecessário, mas tem gente que dá, né... Fazer o quê? Até eu, mas sempre acabo dando presente pro mané do meu irmão, que eu toda vez acabo presenteando com alguma coisa. Mas não é algo isolado, vez por outra dou algo pro maluco, nao preciso ficar passando a mão na cabeça do moleque e dizendo, somente no Natal que ele é um cara maneiro. Entrar numa de dizer, apenas no dia 25 de dezembro, que as pessoas são importantes é pouco demais e soa falso. Só isso.

segunda-feira, dezembro 23, 2002

E cá estou eu.

Salve o Rio, Salve Bangu!

Salve o Sol e Salve a praia pra onde estou indo agora.

sexta-feira, dezembro 20, 2002

Perrengaço

São 16h30 e o Ervilhão ferveu. A menos de 12 horas da partia o carro periga nao fucionar. Que Deus me ajude.
Balela

Existem coisas que me irritam profundamente, o Rio Cidade em Bangu é uma delas. Tantas escolas na região estão com problemas, tanta coisa precisa de auxílio no arredores e a prefeitura optou por botar passarelas no calçadão onde se esquicha gotículas de água! Porque a prefeitura não se esmera em resolver um dos problemas mais graves daquele pedaço carioca: o transporte?

Pior, a estação de trem ganhou escadas rolantes!!!! Meu Deus, onde os administradores públicos vão parar! Pra que fazer esse tipo de coisa com o povo, pq ficar dando 'esse brinquedos' que logo mais a própria prefeitura vai deixar de lado, vai esquecer que tem que fazer manutenção...

Acho que pensam que Bangu é um deserto ou um lugar onde não é possível viver pra fazer esse tipo de coisa. Que mané chuveirinho no calçadão, fala sério. Tem até uns chafarizes que mais parecem canos estourados jorrando água pra cima... Hoje li a matéria da Alba Valéria no O Globo e fiquei profundamente irritado. Não vou botar na conta dela, afinal pauta é pauta, mas pq ela só colocou elogios? Será que todo bangüense acha que aquela coisa horrenda é realmente algo pra ser louvado? Algo positivo pro bairro? Sei não... O link pra matéria é esse aqui. Tá a foto tb da Marizilda Cruppe.

Dia útil

Hoje é meu último dia útil no ano na capital federal. Serão trocentas horas na pista amanhã. Engraçado como há alguns dias eu faria esse caminho sozinho, hoje estou com mais três dentro do Ervilhão. Tomara que tudo dê certo pra eu vencer os mais de mil quilômetros de distância. A essa hora, amanhã, estarei nos arredores de BH.

Seremos cinco: Eu, Marquitous, respectiva do Marquitous, Baiano e o Ervilhão. Que a Força esteja conosco.

quarta-feira, dezembro 18, 2002

Ponte JK

No domingo a Ponte JK foi inaugurada pelo mané do governador local, o seu Roriz. Td bem a ponte foi planejada pelo Cristovam Buarque, mas o péla-saco do Roriz tá querendo capitalizar. Acabei passando por ela na noite de segunda-feira quando voltava do samba (CLARO!) e levava o Baiano pra casa. A ponte é um espetáculo. Mas o povo local diz que ela foi super faturada, o que me lembrou a Linha Amarela, que foi construída consumindo três vezes mais dinheiro do que o orçamento original e nego ainda cobra pedágio pra circular por ela. Mas, voltando a ponte, ela é maneiríssima. Ela é mais uma que liga o Plano Piloto ao Lago Sul.

Essas fotos aqui são da página da Secretaria de Obras do DF.



Novos links

Acabo de publicar os links do blog da Isa, figura sangue bom e habitante dessa estranha cidade; o link pro site do América (Sanguê!!!) e o do Via Brasília, onde eu já estive e onde trabalha minha amiga figura e cervejeira Carmen. Ah, e onde vai dar pra saber das paradas qeu rolam por aqui.

Carmen, bota o Calaf aí!
Uma cidade que se desfaz

Toda a vez qeu chove aqui parece que a cidade vai se desfazer. As chuvas gostam de vir com vontade e bem pesadas, vez por outra rola trovoadas violentas, parece que muitos raios caem pelo Planalto Central. Há pouco uma trovoada fez todos os arredores tremerem, o barulho foi assustador.

O grande problema é quando se está na pista quando a água cai. Como a poeira é muita nesse canto do país e se soma à chuva, as pistas ficam escorregadias que é um absurdo. Eu fico com medo de dirigir nessas horas, mesmo porquê o motorista brasiliense é meio abusado pra ultrapassar e as vezes força a barra.

A terra vermelha que toma as pistas nesses momentos de chuva torrencial dá um aspecto triste e assustador, mesmo que só fique no aspecto, aqueles rios vermelhos correndo pelas ruas (pistas, pq Bsb nao tem ruas) me deixam um pouco desconfortável em guiar por aqui.
Cosita para resolver

Meu camarada de Calaf, o Baiano, tava pra ficar sozinho durante o Natal em Brasília. Claro que nao vou deixar o cara força amiga de bobeira nessa cidade onde ninguém fica. Vou carregar a peça pra Bangu no bonde que sábado que parte com Marquitous e respectiva. Só tenho um galho, na volta já tinha prometido carona pra uma amiga. E agora? Dá pra levar o Baiano, mas pra voltar preciso descolar outro bonde... Tenho três dias pra resolver isso e vamos lá. Perrengues foram criados para serem vencidos.
Hoje essa josta de blogger voltou a funcionar. Todos os posts de segunda-feira foram colocados no PPS por Robertão após eu enviá-los por e-mail de Brasília para o Rio. Mulé, valeu mais uma vez.

segunda-feira, dezembro 16, 2002

Mais uma festa

Não deu pra postar sobre a festa do Piquet, quinta-feira passada. Alê, que trabalhar pra família e é muito força-amiga, nos botou na fita e fomos lá. As pessoas mais belas de Brasília estavam ali na festa. Festão no Hangar da TAM, com música, bebida e crepes liberados. Acho que fiquei com torcicolo de tanto ficar olhando pra um lado e pra outro, eram muitas as mulheres que passavam. Iara Vida ainda me avisou: "olha, algumas vc tem que pagar, tá" Ah, claro. Pena que tava um frio do cão. Mesmo assim deu pra curtir. Adoro festas boca-livre. Lembro que uma peça, lá em Bangu, soltou uma frase que, pra mim, virou uma máxima: "Boca-livre e pênalti não se perde". Demorô então.

Agora o Piquetzinho vai pra Inglaterra, como o moleque é mermo, vamos ver no que dá. Que a Força esteja com ele.
Porque torci pro Santos

Eu gosto do Corinthians e na qualidade de populista adoro times de massa. Mas acabei torcendo pro Santos por motivos bem egoístas e canalhas.

- Se o Corinthians ganhasse ficaria com quatro títulos, perto do Flamengo que tem cinco.

- Se o Corínthians ganhasse eu teria que aturar Vampeta e Guilherme campeões. O Vampeta é um mercenário que não merece ser campeão brasileiro e pagar pelo que não fez no Flamengo. O Guilherem é um assassino e merecia estar preso servindo o anel de couro pra rapaziado no xilindró.

- O Santos me agradou jogando futebol.

- Ninguém torce pelo Santos, a não ser o Milton Neves, o Pelé, o Paulo Miklos e o Mano Brown. Logo, ninguém vai encher a paciência esse ano dizendo que é o campeão brasileiro.

Bons quatro motivos.
O Show

Espetáculo. É a banda que mais curto, todos os meus amigos sabem disso. Tenho todos os CDs e me orgulho de ter visto o último show do Chico no Rio. Foi no falecido Circo Voador, lembro que eu subi nos ferros que ficam por cima da galera e, muito louco, despenquei sobre os caras embaixo. Não sei qual a altura da queda. Lembro que caí, levantei e continuei curtindo o show. No dia seguinte, Cesar Epitácio Maia, o alcaide, fechou o estabelecimento.

Mas, voltando ao sábado, foi um show absurdo de bom. Além de estar bem acompanhado, quiquei tal qual um adolescente e cantei todas as músicas loucamente. Eu, de tôca e barba por fazer, devia estar parecendo um bicho. Mas um bicho feliz.

Até deu para socorrer uma menina que caiu de madura na minha frente, ajudei a carregar o corpo (com vida) pro setor médico, onde foi desovada. Coitada, perdeu um show animal.

Eita noite boa. Valeu, Brasília, por mais essa.
Perrengue macho na área

Vou passar uma semana sem ter como sacar dinheirinho na cidade. Vai ser muito sinistro, mas a gente sempre resolve os perrengues com jeitinho.

Sábado, CLARO, que rolou Calaf. Claro que rolou choro, samba, cerveja gelada e tudo mais. E foi maneríssimo, como sempre. É um lugar em que tomar cerveja e ouvir boa música me faz sentir a felicidade tomar conta de mim (talvez seja o álcool).

Após isso, saímos eu, Baiano (parceiro sempre encontrado nas tardes de sábado no Calaf e a Rainha) para irmos pro show da Nação Zumbi na UnB.

No caminho, percebemos uma coisinha. A grana não ia dar. O que fazer? Passar no banco 24 horas. O detalhe é que os malditos bancos 24 horas param de funcionar às 22h. Que o mané que criou isso morra empalado e sem dinheiro durante a madrugada! Após todo mundo tentar sacar sobrou a possibilidade de ir num posto, pedir pro carinha da loja de conveniências passar o cheque eletrônico e a gente saía com o dinheirinho limpinho e honesto na mão...

Lá foi o Vicente, o suco da malandragem bangüense e... O péla-saco do atendente quebra o meu cartão do banco no meio... Resultado, não tenho como sacar um real que seja. Vou morrer de fome em Brasília...

Bom, como desgraça pouca é bobagem, peguei os cacos do meu cartão do banco, fui até a bomba de gasolina e ‘comprei’ dinheirinho no cartão de crédito. Só eu mermo. Ao menos tínhamos grana pro show do Nação Zumbi.
Segura povão, agora é sério

Sábado, dia 21 de dezembro, estarei baixando na Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro... .Ah, muleque... Não vejo a hora... Marquitous, meu amigo e chorão, pegará a pista junto comigo. Sua respectiva, figurinha adovárel de Urubici (hoje de manhã achei no mapa! Fica ali, na serra catarinese) vai tb. Claro.

O plano inicial era sair nas primeiras horas da sexta, mas como o nobre companheiro tem que trabalhar e sua patroa tb, a gente mudou os planos. Quero vazar no DF nas primeiras horas do sábado, pegar o amanhecer já em Minas e, se JC (Jesus Cristo) quiser, pôr os pés no Rio no fim da tarde do mesmo sábado.

Como a pilha é muita, chegando nessa hora dá tempo de mandar a básica social com D. Glória, Seu Carlos e Irmão-Léo e vazar pela noite carioca. Tem show dos Orishas e ensaio da Mocidade. Ah, muleque!!! Eu vou aprontar... ah, e como vou...

Pena que não vai rolar de ir com minha Robertuda pra Matriz. Mas isso será resolvido na sexta-feira seguinte.

sexta-feira, dezembro 13, 2002

Rainha

Ela chegou, após me fazer esperar no aeroporto mais do que eu mesmo esperava a mulher baixou na cidade. É sempre bom vê-la. Óbvio que em menos de vinte minutos juntos já rolou o primeiro piti da madame comigo. Tb dei mole, ela tinha acabo de comprar um bombom de marshmallow e eu meti na boca inteiro. A mulher queria me rasgar, tb rogou uma praga que me deixou engasgado com o bombom. Foi ridículo, eu lá no meio do estacionamento do aeroporto com os olhos cheios de lágrimas e o mané do bombom que nao descia goela àbaixo.

Com uma hora na cidade pude ver como a criatura é popular, tb pudera, morou quase dois anos nesse estranho lugar. Baixamos no Beirute, onde mó galera se mobilizou pra ver a peça. Isso sim é uma mulher querida. Até o Emílio, leitor assíduo do blog da peça, tb deu as caras por lá. Boa figura, nascido em Birigüí (pensei que ninguém nascesse em Birigüí, Macapá, Teresina, Boa Vista, Palmas...), mas fazer o quê, né. Esteve lá e deixou boa impressão.

quarta-feira, dezembro 11, 2002

Salve Bangu!!!

Essa matéria me foi mostrada pela Tuninha e resolvi postar. É bem legal. Foi publicada no O Globo de hoje.



Histórias de Bangu contadas em praça pública
Fadua Matuck
Rio - Bangu já viveu dias de glória, como na época em que a fábrica de tecidos do bairro estava no auge. Hoje, o bairro é conhecido por abrigar o maior complexo penitenciário do país, mas muitos moradores não sabem exatamente a história do lugar onde vivem. A fábrica ainda é a principal referência, mas funciona com apenas 20% da capacidade e produz tecidos como tricoline organdi e organza. Como parte do projeto ''Uma rua conta sua história'', serão inaugurados amanhã, na Praça da Fé, em frente à Igreja de São Sebastião e Santa Cecília, seis paineis de 2,70 m cada, lembrando os bons tempos do bairro.


Com o apoio da prefeitura, as pesquisadoras Marta Klagsbrunn e Susane Worcman, da Associação Cultural de Estudos Contemporâneos (Acec), além do museu a céu aberto instalado na praça, pretendem lançar no começo do próximo ano, um livro, em estilo almanaque, e um site, com o levantamento histórico do bairro. De acordo com Susane, a idéia é que o projeto se estenda à todas as ruas e praças que mereçam ter suas origens relembradas.


Os marcos da memória, como são chamados os painéis de vidro com base de tijolos que estampam com fotos, máscaras de carnaval, mapas e textos, a história e os principais acontecimentos de Bangu desde sua fundação, serão permanentes, como um presente para os moradores. Eles foram criados por Raimundo Rodrigues, artista plástico membro do grupo Imaginário Periférico, formado por artistas moradores do subúrbio carioca.
- Cada rua terá um produto próprio, mas todas terão um marco definitivo para contar aos futuros moradores, mas também aos vistantes e turistas, a história daquele lugar - diz Susane.

Quando começaram a estudar a história de Bangu, as pesquisadoras se surpreenderam. Susane conta que a impressão que tinha era de um bairro quente e distante. Mas acabou descobrindo um bairro cheio de história, com belas casas e um povo cordial. O Grêmio Literário José Mauro de Vasconcelos é hoje o guardião das imagens e dos depoimentos que testemunham a formação e o crescimento da região.

- Sabia que Bangu era um bairro quente e que tinha uma penitenciária. Estive várias vezes lá para agrupar material e conhecer o lugar, e nem vi o Complexo de Bangu - afirma.

Para contar a história, as pesquisadoras tiveram que voltar no tempo, em 1889, quando a Companhia Progresso Industrial do Brasil, a famosa Fábrica Bangu, foi criada, começando assim a urbanização do bairro. O carnaval, uma disputa entre o Flor da Lira e o Flor da União, e o futebol, com o Bangu Athletic Club, também fazem parte das lembranças dos habitantes.

- Acreditamos que o projeto ajudará a reconstruir as origens e os acontecimentos marcantes de ruas e lugares importantes da cidade, mas também trará aos habitantes uma outra relação com sua rua.
Rio

A possibilidade de ir ao Rio está me dando alguma ansiedade e alegria. Se rolar mesmo, vai ser difícil encarar os mais de mil quilômetros de pista sozinho, mas a recompensa lá é grande. Irmão-Léo, Dona Glória, Seu Carlos, meus amigos, a Mocidade, a praia, a Lapa e mais... Reencontros, encontros, cerveja, samba, alegria...
Chegada
Minha grande amiga belemense e radicada em Pernambuco chega ao Planalto Central nesse fim de tarde. Logo mais vou buscá-la. Estou feliz com a proximidade de ver alguém tão querida que esperava não mais ver esse ano. Que bom que as coisas mudam assim, o tempo todo. No início do ano fui morar no apartamento dela, hoje ela vem aqui a Brasília visitar uma penca de amigos (inclusive eu).

Acho que teremos boas histórias pela frente com essa visita.

segunda-feira, dezembro 09, 2002

Madame Satã

Semana passada fui assistir ao filme Madame Satã após um feliz dia de trabalho. Fui amarradão pra ver a história do malandro, preto e boiola que impôs respeito na Lapa do início do século passado. Após ler críticas em que neguinho rasgava elogios ao Lázaro Ramos, fui amarradão atrás do filme. Mas foi uma pena, achei muito meia boma. Achei que o roteiro ficou muito focado na face "bicha atormentada" do João Francisco dos Santos Madame Satã. Pareceu que os caras esqueceram de localizar o que era a Lapa naquele período, o que representou um indivíduo preto, pobre, boiola e analfabeto ganhar moral naquele pedaço do Rio, que mesmo sendo uma parte marginal da cidade, sempre foi freqüentada por gente de todos os níveis sócio-culturais. Acho que o filme poderia ter explorado mais a face de malandro que vivia se virando pra conseguir bancar a si e os seus agregados, se impor como homem (mesmo sendo boiola), se bem que o filme mostra que o João Francisco era uma puta capoeirista e batia com uma facilidade invejável.

E um registro, no filme rola uma cena de sexo homossexual o que me fez sentir que não estou preparado pra esse tipo de coisa. O simples fato de ter amigos queridos que são homossexuais, já ter visto vários marmanjos beijando outros marmanjos não foi suficiente para deixar à vontade diante da cena. Até falei com um amigo meu biba a quem expus o ocorrido, fiquei meio bolado achando que o cara ia dizer que eu estava sendo preconceituoso (bicha adora dizer que os heteros são preconceituosos), mas o amigo-biba disse que era normal e se eu tivesse gostado é que ele veria com outros olhos se eu tivesse saído do cinema com aquilo me enchendo os olhos. Ih, o cara aí.
Papai Noel respondeu meu pedido!

Essa foi a msg que enviei pro Noel:

Fala Noel sangue bom,
Descobri seu blog através de um blog camarada. Aí, na qualidade de preto, pobre, suburbano e abelhudo, entrei numa te escrever para parabenizar pela sensacional iniciativa e fazer meu pequenos pedidos. Tá valendo?
Seguinte, queria te pedir três coisinhas simples: 1º) Levar o metrô até Bangu, pra quando eu voltar ao Rio poder andar tranqüilo e no ar condicionado pro Centro, pra Zona Sul e pra alguns cantos da Zona Norte; 2º) Queria te pedir pra levar o América (o Ameriquinha carioca pra Primeira Divisão do Brasileirão), é triste ver os caras levarem pau até na Terceirona; e por último o 3º) Dá pra colocar uma prainha aqui em Brasília? Tá quentre pra burro e a praia mais próxima está a uns mil quilômetros e fica no Espírito Santo! Dá pra dar uma praia, assim, nos moldes da Prainha ou Grumari pra mim?
Valeu, Noel, brigadão aê e que a Força esteja contigo.
Vicente
www.pretopobresuburbano.blogspot.com


E essa foi a resposta do bom e velho velhinho que parece ter um pé no subúrbio carioca como eu:

Vicente!
Gostei desse negócio de "preto, pobre, suburbano e abelhudo", é isso aí! Chega desses playboyzinhos da zona sul invadirem a zona norte e se inserirem na "realidade diferente da comunidade periférica", está na hora da zona norte invadir a zona sul e curtir a "realidade elitizada" deles! Vou mandar colocar o metrô até onde você quiser, de Brasília até a Prainha, Grumari, Ipanema ou Leblon, com ar-condicionado, revistas importadas e princesas servindo cafézinho de graça em cada estação. Quanto ao América,
quem tem um hino daqueles dispensa ganhar qualquer jogo! Esse negócio de título é pra quem não tem Lamartine Babo, rapaz! Por falar nisso, tenho um papagaio aqui que ninguém quer, só porque a única coisa que ele sabe é cantar o dia inteiro: "Hei de torcer, torcer, torcer, Hei de torcer até morrer, morrer, morrer. Pois a torcida americana é toda assim. A começar por mim"... e é o máximo que posso fazer por você, pelo América e pelo papagaio!

PS. Só acho que você confundiu os canais, esse negócio da "Força" é com o Darth Vader!
Direto da Lapônia por PAPAI NOEL 3:35 PM


O endereço dele é esse aqui. Querendo fazer o pedido é só ir lá.

sexta-feira, dezembro 06, 2002

Levado por essa de Papai Noel, tô botando uma imagem criada pelo Arnaldo e que está publicada no blog dele.

Olha aí, Arnaldo é um cara espirituoso.

A que ponto chega as doideiras das pessoas? Nao é que Papai Noel, aquele velho mané e consumista inventado pra dar gás nas vendas de fim de ano tb tem um blog? Pela criatividade do sujeito que bolou isso, entrei na brincadeira. O link dele é esse aqui. Aproveitei e fiz meus pedidos. Só coisas simples, claro.

quarta-feira, dezembro 04, 2002

Parece até com Anakin
Posts futuros...

Tenho que me lembrar de fazer um post lembrando os bares por onde já passe em Brasília. Vou me inspirar no livro 'Confesso que bebi', do Jaguar. Putz, escrevi "confeço" antes... devo estar mal da cabeça ainda, uísque demais...

Tenho que fazer outro post lembrando as melhores bebedeiras do ano... Teve em Recife no carnaval, em Recife com os Cães Sem Dono, em Maceió com Victor e até aqui... Vou lembrá-las com o devido carinho que merecem...
Cara, eu tenho uma leitora carioca e suburbana que mora em Nova Iorque. Como diria eu, ixpetáculo (variação carioca da palavra espetáculo). Adorei saber disso. Ana, valeu aê e salve Madureira!
Terno, uísque e só felicidade

Acordei hoje extremamente bem. Ainda trajava a calça do termo, camisa e gravata. Ah, e as lentes de contato continuaram nos olhos sem ir pro estojinho devidamente lavadinhas. Onde eu dormi? No sofá, dobrado e sem ser transformado em cama. Acordei com o barulho da faxineira andando pela casa...Tudo porque ontem rolou a festa da CNT (Confederação Nacional dos Transportes) e lá estava eu. Fábio Linux, figuraça e sangue bom, que concorreu a um dos prêmios, fez a benevolência de me dar um convite.

Nicolas, chefe e tb sangue bom, emprestou ao Vicentinho um terno e pronto. Tava eu na fita pra ir à festa. Fomos Clarissa (digo e repito, mulher maravilhosa que muito gosto), Flávia (outra pérrnambucana arretada) e Marcelo (gente boa e quase vizinho). Fiquei feliz por encontrar outras boas almas, o que já me fez garantir um sorriso que duraria até agora.

Já quando entro no lugar vejo, no telão, Carmélio falando sobre o palco. O cara é daqueles que se vc encontrar em qq lugar é garantia boa companhia, acabava de ganhar um prêmio da CNT. Maneiro. Parabéns, parceiro. O nobre coleguinha foi meu companheiro de redação no O Dia, no Rio, há uns pouquíssimos anos.

Outro encontro foi com Iuri, peça difícil de encontrar, mas um cara querido e sempre bom de papo. O furingudo mora pertinho de mim, quase já passei com o carro por cima dele, mas ainda não havia esbarrado com o mané por aqui. Bom, muito bom conversar com cara, trocar impressões sobre a cidade e tal.

E, no fim das contas, quando o jogo já estava ganho de goleada, rola o show: Banda Vitória Régia (aquela do Tim Maia) tocando pra que Luciana Mello, Frejat, Ed Motta, Fernanda Abreu e Jorge Ben cantassem. Salve Jorge! Trocando em miúdos, eu era um criança feliz. Muito feliz. Tô amarradão até agora.

A noite valeu e valeu muito. Me diverti como pensei nunca que fosse conseguir em Brasília.

É isso. Como vivo registrando momentos de pouca felicidade achei justo colocar no PPS algo me deixou bem.

Sinistro é dormir às 4h, acordar às 9h e estar no trabalho às 10h. Mas o guerreiro jamais foge à luta.

Ah, esqueci de dizer que odeio terno e nem trouxe nenhumzinho pra cá. Tava crente que nao ia precisar. Precisei justo pra ir a uma festa... Coisas de Brasília.

segunda-feira, dezembro 02, 2002

E o Fluminense, hein.

Quem tem Romário já entra em campo ganhando. Enquanto quem tem Guilherme...
Dia do samba :-(

Hoje é o dia do samba e nada nessa cidade lembra isso... Mas quando chegar em casa vou escutar um sambinha pra celebrar esse tão imporante dia. Pra variar, deve ter rolado o Trem do Samba, aquele sai da Central até Oswaldo Cruz e volta... Eita vontade.

Achei essa matéria aqui e resolvi postar, acho que é do João Pimentel, mas ela foi publicada no Globo. Resolvi publicar e me reservo o direito de fazer uma correçao. O Marquinhos de Oswaldo Cruz, entusiasta e criador do tal trem não é portelense, mas imperiano.



Essa é Tia Noca, nao a conheço, mas foto é muito fofa. Como a tia é da Velha Guarda da Portela tem meu respeito.
O trem da alegria do samba carioca

Se nas escolas de samba os sambistas cada vez encontram menos espaço para mostrar sua arte, um evento que há seis anos marca o Dia Nacional do Samba prova que a classe pode estar à margem da mídia ou do mercado, mas não do gosto popular. O Trem do Samba já se tornou uma tradição entre os amantes do samba carioca. A farra anual, que começa hoje, às 18h30m, com concentração na Central do Brasil e homenagem aos 60 anos de Paulinho da Viola, não tem hora para acabar. A prova do sucesso está no número de composições utilizadas para o evento. No ano passado, três trens foram pouco. Hoje serão quatro os trens com representantes das escolas e dos principais pagodes cariocas.

Idealizado pelo compositor portelense Marquinho de Oswaldo Cruz, o Pagode do Trem tem uma história significativa que remete ao início das escolas de samba. Nos anos 20, quando os sambistas eram perseguidos pela polícia e tratados como marginais, Paulo da Portela, fundador e principal personagem da história da Azul-e-Branca de Oswaldo Cruz, bairro suburbano vizinho de Madureira, reunia os compositores na Central do Brasil, para, na volta do trabalho, cantar sambas e discutir os caminhos que seriam seguidos pela escola. O tempo passou mas a situação do sambista ainda é motivo para muita discussão.

Como o protesto do sambista é feito cantado e marcado na palma da mão, a festa promete. Serão 24 vagões com rodas para todos os estilos. Nas duas primeiras composições estarão representantes das rodas do Cacique de Ramos, do Botequim do Martinho, do Carioca da Gema, do Bip-Bip e da Tia Doca. Os trens partem às 20h e levarão alguns convidados especiais, como Marcelo D2 e Seu Jorge.

O terceiro vagão, que promete ser o mais disputado, é o único com ar-condicionado e levará representantes das velhas-guardas de Portela, Mangueira, Império Serrano e Salgueiro. No quarto e último irão componentes da bateria da Portela. A viagem termina em Oswaldo Cruz, nas dezenas de barraquinhas onde se formam rodas de primeira.
Abordagem feminina

Sábado é dia de samba no Calaf. Pra mim (e pra Clarissa) virou uma tradição. Gosto de ir, tomar minha Skol ou minha Boêmia, sambar e ser feliz. Anteontem levei Marquitous e sua respectiva ao referido bar. No caminho, Sombrinha e Marquinhos de Oswaldo Cruz ao vivo tocando no CD do Ervilhão (carro e camarada) pra já deixar a gente no embalo. Claro que Marquitous, como bom carioca suburbano (o cara é da Rua Piauí, em Todos os Santos, no Grande Méier), ficou amarradão. Lá pelas tantas cervejas abdusidas, porque o líquido chegava na mesa e juro que não via onde ia parar, aconteceu o causo que tô querendo escrever, mas minha verborragia impede. Pois bem, tava lá eu voltando do banheiro e uma senhora entre 50 ou 60 anos me agarrou como um pitboy agarra uma menina durante o carnaval. Eu levei um susto, mas sobrevivi. Ela olho pra mim e perguntou se eu podia ser apresentado a outra pessoa. Claro, né. Todo mundo pode se apresentar, isso aqui é uma democracia. A senhora era um amor e super simpática, vou acabar encontrando com ela nos próximos sábados. Ah, e ela me apresentou pra outra moça muito simpática tb, dona de belos olhos verdes, mas que já havia passado do limite de idade para o Vicente. Td bem que nao sei repetir o nome dela (é muito difícil), mas descobri que tb é gente boa e carioca, mais uma tijucana na parada. Mesmo assim, nada rolou. Nada, além de dançar com ela, pq eu nao ia deixar a dama sem dar aquelas firuleiras rodopiadas pelo salão....

Mas o que me surpreendeu na situação foi a abordagem, digamos, um tanto ousada, ainda mais para uma mulher um pouco mais velha que eu. Mesmo assim, foi engraçado. :-) Hehe. Só espero não ser abordado mais vezes dessa forma, quase que de carrinho.
O morcego e a minha cerveja

Esse causo rolou na noite de sexta-feira quando estava eu e Marquitous num bar na Asa Norte. Era quase 20h da noite, minha cabeça já nao funcionava muito bem, liguei pro Marquitous (que tava no jornal) e tb já nao batia bem na hora de encaixar idéias e escrever (o ganha pão de nosotros jornalistas). O que fazer? Ir pro bar, claro. Lá fomos nós, se não me egano, pra 410 Norte. Íamos a um bar, o Butiquim, que tava crowdiado e acabamos no bar do lado, O Novo Canoeiro... (qq dia vou fazer o apanhado dos bares qeu conheci pela cidade)

Lá pelas 23h toca o meu celular, uma ligação do Rio de Janeiro. Pensei : "é alguém fazendo alguma coisa que gosto muito querendo me zoar". Errei e errei feio. Era uma amiga minha em pânico. Um morcego tinha entrado pelo quarto dela e a menina não sabia o que fazer. Tá, muito bem. E eu, no interior do Brasil, a mais de mil quilômetros de distância ia saber, né. Se pudesse, iria até lá, baixava o cacete no morcego pra nao ficar proporcionando momentos loucos como esse quando tô desencanadamente tomando cerveja.

O diálogo foi impressionante entre eu e ela.

Ela: (chorando) Socorro. Me ajuda!
Eu todo preocupado: Peraí, como? O que aconteceu?
Ela: Entrou um morcego no meu quarto!
Eu pensando comigo mesmo: E daí?
Ela: Me ajuda. Não sei o que fazer.
Eu: Calma, é só chegar lá e tirar ele. Pronto.
Ela: Mas eu tenho pânico de morcego. Descobri agora.


Eu amo essa menina, mas uma situação dessas é demais pra minha cabeça. Então sugeri que ela ligasse pros porteiros para que alguém tirasse o quiróptero (essa palavra é feia, mas eu gosto de escrever, e daí?) de lá. Ela estava em prantos, com medo de abrir a porta e o mané do bichinho voasse pra dentro do apartamento. Dizia que nao podia ligar pq estava sem roupa e se escondeu no quarto da mãe, que ia chegar logo e obrigá-la a dormir na sala (com a possibilidade de um ataque do tal morcego). Após fazer ela lembrar que podia usar uma roupa da mãe, acertou-se que ela chamaria os nobres companheiros da portaria. Combinamos isso e se ela tivesse mais algum problema iria me ligar outra vez.

Passaram quinze minutos, fiquei curioso e liguei pra ela. O porteiro havia ido até o apartamento, aberto a porta e nada de morcego. O mané do bicho alado que tinha me surpreendido durante o cerveja já haiva vazado pela mesma janela que entrou. Pior, ainda aturei um ligeiro mau humor da 'socorrida'. "Acabei de pagar o maior mico da minha vida. Pedi ajuda aos porteiros que, quando chegaram aqui, já nao tinha mais o que fazer!", reclamou comigo, mas logo depois amainou os ânimos.

Td bem que se ela precisar, vou ajudar da mesma forma, mas espero que nenhum morcego entre pelo quarto dela àquela hora da noite. A cerveja? Ah, ela tava sobre a mesa (aqui em Brasília e não no Rio, a esses tais mais de mil quilômetros de distância), mas tomei cuidado de não deixá-la esquentar. Antes que qq ligaçao improvável viesse, tratei de virar logo o copo pra ajudar a ficar pensar melhor.
Amigos furingudos

Um mês e meio na cidade e quase nenhum amigo me ligou. Cambada de manés, deixaram o Vicente de lado... ninguém me liga, quase ninguém me escreve... Melhor, só quem me ligou aqui foram três amigas... Mais ninguém. Quando estiver no Rio (e vou estar, se Deus quiser, ainda esse mês), vou dar esporro em geral.