Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

segunda-feira, maio 31, 2004

Mais chopada no currículo

Insistem em me chamar. E eu insisto em ir. Quiseram me barrar. Mas não barraram. Imagina, as 3h chego na tal chopada e dizem q meu nome nao tá lista? É ruim, hein.

Sinistro foi a cerveja acabar justo quadno entro. Aí, meu camarada, é muito derrota. Td bem q a cerveja voltou mais tarde.

Pior é chegar em casa e perder, na madrugada de sexta para sábado, uma das lentes de contato. Lente só encontrada na mãnha de hoje, dentro de um estojo errado ocupando o lugar com outra lente. É, eu nao devia estar muito sóbrio.
Ser mané é

Sair todo dia de casa com um pulôver cor de abóbora dentro da mochila. Justo no dia em q faz frio, Vicente deixou o pulôver em casa.
E o Flamengo? Finge q vai ganhar e eu acredito. Nao quero mais brincar de torcedor sofredor. Os caras jogam melhor pela enésima vez no campeonato e sao incapazes de ganhar uma partidinha? Nao dá, nao dá mermo.
Parece q hoje amanheci em São Paulo. Frio e chuva... Nada a ver com o meu Rio de Janeiro.

sexta-feira, maio 28, 2004

Ontem uma amiga ficou me impregnando pra eu lembrar da letra desse samba numa mesa de bar. Nao lembrei nem por um decreto...

Mas agora, por via das dúvidas, vai ficar postado.


Enredo do meu samba
(D. Ivone Lara / Jorge Aragão)

Não entendi o enredo desse samba amor
Já desfilei na passarela do teu coração
Gastei a subvenção do amor que você me entregou
Passei pro segundo grupo e com razão
Passei pro segundo grupo e com razão
Meu coração carnavalesco não foi mais
E o adereço teve um dez na fantasia mas perdeu em harmonia
Sei que atravessei um mar de alegorias
Desclassifiquei o amor de tantas alegrias
Agora eu sei... desfilei sob aplausos da ilusão
E hoje tenho esse samba de amor por comissão
Fim do carnaval... nas cinzas pude perceber
Na apuração perdi você...

Na apuração perdi você...
Na apuração perdi você...

quinta-feira, maio 27, 2004

Entrando na faca

Dotôra oftalmologista disse q posso entrar na faca pra deixar de usar óculos. Hehehehe. Após 20 anos convivendo com esse artefato posso me ver livre da obrigaçao de usá-lo.
E nao é q fui o Jongo da Serrinha no Teatro Rival?

O jongo é o mesmo barato q o caxambu, existia na época em q pretitude era escravizada. A parada era forte ali pelo Vale do Paraíba e mesmo por aquele pedacinho de Minas q fica perto do citado vale. Com a abolição, mó galera já ex-escrava veio pro Rio e ficou pelas bandas do Morro da Serrinha, em Madureira. Na mesma Serrinha em q nasceu o Império Serrano. Serrano pq vem da Serrinha, lógico, né. O jongo fez morada carioca.

Voltando ao jongo e a apresentação. Q coisa linda. Como bom fruto da cultura negra, tem forte marcação nos tambores. É algo bem relacionado com a curimba até. A dança é ao mesmo tempo singela e sensual. Eu acho o máximo.

Tava eu pensando aqui... O Rio de Janeiro seria muito, mas muito diferente do q existe hoje (possivelmente um Rio de Janeiro mais triste até) se nao existisse Madureira ali na Zona Norte.


Ah, vou postar uma das canções q ouvi ontem:

Guiomar
De Darcy Monteiro e Tião Zarope

Ô Guiomar, ô Guiomar
o jongo não é de puia Guiomar,
segura a toada pra durar.

O nosso jongo tem harmonia,
na Balaiada em casa de Vó Maria,
O caxambu toca até o raiar do dia,
eu danço jongo umbigando com Sá Maria.

Na beira do poço, onde mora Guiomar,
mamãe sereia mora no fundo do mar,
segura nosso jongo Guiomar,
não deixa o nosso jongo se afundar.

Segura angoma olha a toada,
baté 'paó' rapaziada.
Eu improviso o jongo meu camarada,
meu caxambu toca até de madrugada.


E salve a cultura popular dessa terra.

quarta-feira, maio 26, 2004

Vá entender...

Essa corporação é meio pirada. Tento acessar meu webmail clássico, esse mesmo do yahoo q tá publicado aqui do lado e aparece a msg q a página é bloqueada na categoria 'web chat'. Eu, hein...
Do samba pro Baixo Gávea

Após mais de um ano, Clarissão voltou a andar no Ervilhão. Fui buscá-la no hotel onde está hospedada, no Leme. Até a hora de encontrá-la o planejamento era irmos ao samba. A pernambucana surtada cismou de ir pro Baixo Gávea, queria porque queria ir ao B.G. (lê-se begê). Lá fui eu.

O destino acabou sendo o Braseiro mesmo. Ficamos por lá algumas poucas horas, há mais de um ano não me prontificava a dar as caras por lá. Sacomé, é longe de Bangu. Mas pra fazer a amiga feliz, fui amarradão. Nas poucas horas tomando chope, alguns conhecidos pintaram nos arredores. E isso numa terça-feira... O BG é sinistro, geral passar por lá.
Alívio imediato...

Dona Glória acaba de ligar pra avisar q Seus Carlos está em terra. Desceu do helicópeter no Farol de São Tomé, em Campos, e está rumando pra Macaé e depois volta pra sua casa, em Rio das Ostras... Mal sabe ele q fico bolado em saber q meu progenitor ficou dias numa ilha de metal a quilômetros da praia mais próxima...

Bom, no fim de semana ele tá de volta. Será bem recebido.

Eu nao consigo me imaginar numa situação dessas. Quando ele ligava pra casa contava q via várias plataformas nos arredores. Outras pequenas ilhas de metal sobre o mar. Graças a Deus sou jornalista e não tenho q passar por isso.

terça-feira, maio 25, 2004

A carência de infra-estrutura de transporte público dessa cidade me irrita...
Deu hoje na Gente Boa, do Globo:

Patrimônio mundial

O ministro da Cultura, Gilberto Gil, almoçou ontem em Paris com o diretor-geral da Unesco, Kuichiro Matsuura. Apresentou-lhe formalmente o pedido para que o samba seja proclamado patrimônio da Humanidade. O ritmo seria incluído na categoria de bens intangíveis, que discute hoje o pedido de tombamento do jazz, feito pelos EUA e o do Teatro No, pelo Japão.


Uau, imagina só o samba enquanto 'bem intangível'. Uhu.
Medo! Medo! Muito medo! Mais passa pro lado de lá

Luciano, amigo de faculdade q optou por virar advogado (e ganhar dinheiro) após ter terminado o curso de Comunicaçã, vai casar. Pânico. Medo. Mais um se vai! Mais um pro tiem dos casados...

Da galera da faculdade, ele já é o terceiro... Ai, ai... Será q isso algum dia acontece comigo? Na boa, tenho medo...
Presença de Clarissa e a ida ao samba

Clarissa, mulher q me aturou por meses quando eu habitei a estranha capital federal, está no Rio. A moça, coleguinha tb, tá fazendo curso na cidade e já me incumbiu de levá-la ao samba hoje. Pois bem, Vicente tem a missão. Vicente cumprirá a missão. Ainda não sei ao certo onde levar a madame, mas até o fim do dia já tenho algumas opções pra ela...

Bom ter gente querida q a gente não vê com muita freqüência pelos arredores.

segunda-feira, maio 24, 2004

Deu no Calazans hoje:

O que dizer do Flamengo? Que, sem ataque, não dá. Não dá mesmo. Podem desistir. Ou o Flamengo arruma um atacante — estou falando de atacante que sabe jogar bola, é claro — ou pode tirar o time do campo e do campeonato. Dá no mesmo. Tirar o time de campo ou jogar sem atacante dá no mesmo.

O Flamengo apresentou ontem — jogando de atacantes — dois autênticos zagueiros: Negreiros e Diogo.

Assim não dá.


Por isso eu sempre digo, o basquete é o meu esporte favorito. O Mais Querido tá nas semi-finais do Nacional e mandando bem. Ao menos isso...
Derrota demais

Segunda-feira, 5h30, fim de madrugada, início da manhã. O desanimado princípio da semana de sempre... Com muito custo saí da cama, arrumei a mochila, preparei-me psicologicamente pra enfrentar o desafio, arrumei a mim mesmo (procurei a sunga e pulei dentro dela)... Saí de casa pedalando a bicicleta de Seu Carlos. A corrente começou a dar estalos. Correntes de bicicleta nao costumam estalar, até onde sei. A roda traseira começou a prender. Se a roda prente, forço a barra, detono o pneu e possivelmente a bicicleta. Diante da tragédia q se configurava, voltei pra casa. Cheguei justo na hora em q devia estar na piscina, às 6h15... Nao dava mais tempo pra pegar Ervilhão e encarar a natação

Esforço todo por água abaixo...

domingo, maio 23, 2004

Mulher mijando em bar?

Meninas quiseram me convencer q as mulheres fazem malabarismos para mijar em banherios de bar. Eu, hein. Cada uma q aparece... Até fizeram desenhos pra diferenciar o esforço masculino do esforço feminino... Gente estranha demais... Cada papo...
Esqueci de dizer a cereja do bolo da mala de sexta-feira... O sujeito, ao descobrir q sou flamenguista, visto q o papel de parede no desk top do meu computador entrega fez qustao de cantar pra mim o hino e a marcha do Flamengo em inglês. Fiquei indiganado... Isso é um crime. Deveria ser proibido q alguém fizesse isso.
Segura o id...

Quando o Zeca Camargo chega, naquele programa sensacionalista que passa noite de dmingo, olha pra câmera e pergunta: "pra onde vc quer que eu vá agora?".

O id fica frenético, com a resposta na pontinha da língua...

Mas a educação q Dona Glória me deu impede q eu diga o vem à cabeça.

sexta-feira, maio 21, 2004

Cara, o q fazer quando uma mala de aluga no trabalho? Dei as repostas q ele queria, encaminhei para quem podia resolver o problema do cara e ele ainda vem querer me contar toda sua vida!!! Durante o expediente!! Ah, tenha dó. Nao consigo ser grosso nessas horas, mas bem q queria dar um chute violento na canela do mala... Odeio mala....

quinta-feira, maio 20, 2004

Não, não fui ao Maracanã ver o mais querido. Desanimei com o jogo contra o Inter e as declarações do Felipe.

Bom, eliminamos os azuis do sul e agora vamos voltar a Salvador. Espero q dessa vez o Mais Querido tome vergonha na cara e não faça cagada como antes e não tome um 5 a 1 no lombo.

Eu ia achar muito bom ter uma final Flamengo x XV de Campo Bom ou Flamengo x Santo André.
Um dia após o outro

Sinceramente eu pouco acredito q faço natação. Acordar sem luz do sol é estranho demais. Ontem saí de casa debaixo de chuva e pilotando a bicicleta de Seu Carlos. Com o casaco e o boné q usava nem senti as gotas caindo. Quando cheguei diante da piscina e vi as gotas caindo, perguntei a mim mesmo "o q estou fazendo aqui?".

Disciplia, disciplina. É só o q preciso pra me manter nesse ritmo.

Os corajosos ou loucos q topam a brincadeira parecem diminuir com o passar do tempo...

Sinistro é ouvir dos professores q o melhor ainda está por vir, é o "frio gostoso de agosto".

Frio gostoso???

terça-feira, maio 18, 2004

E o texto publicado no niuiórque taimes. Tb é grande. Mas e daí? Se algum furingudo leu até aqui, o q custa ler um pouco mais?

Brazilian Leader's Tippling Becomes National Concern
By LARRY ROHTER

Published: May 9, 2004


BRASÍLIA - Luiz Inácio Lula da Silva has never hidden his fondness for a glass of beer, a shot of whiskey or, even better, a slug of cachaça, Brazil's potent sugar-cane liquor. But some of his countrymen have begun wondering if their president's predilection for strong drink is affecting his performance in office.

In recent months, Mr. da Silva's left-leaning government has been assailed by one crisis after another, ranging from a corruption scandal to the failure of crucial social programs. The president has often stayed out of the public eye and left his advisers to do most of the heavy lifting. That has spurred speculation that his apparent disengagement and passivity may somehow be related to his appetite for alcohol. His supporters, however, deny reports of heavy drinking.

Though political leaders and journalists are increasingly talking among themselves about Mr. da Silva's consumption of liquor, few are willing to express their misgivings in public or on the record. One exception is Leonel Brizola, the leader of the leftist Democratic Labor Party, who was Mr. da Silva's running mate in the 1998 election but now worries that the president is "destroying the neurons in his brain."

"When I was Lula's vice-presidential candidate, he drank a lot," Mr. Brizola, now a critic of the government, said in a recent speech. "I alerted him that distilled beverages are dangerous. But he didn't listen to me, and according to what is said, continues to drink."

During an interview in Rio de Janeiro in mid-April, Mr. Brizola elaborated on the concerns he expressed to Mr. da Silva and which he said went unheeded. "I told him 'Lula, I'm your friend and comrade, and you've got to get hold of this thing and control it,' " he recalled.

" 'No, there's no danger, I've got it under control,' " Mr. Brizola, imitating the president's gruff, raspy voice, remembers Mr. da Silva replying then. "He resisted, and he's resistant," Mr. Brizola continued. "But he had that problem. If I drank like him, I'd be fried."

Spokesmen for Mr. da Silva declined to discuss the president's drinking habits on the record, saying they would not dignify baseless charges with a formal reply. In a brief e-mail message responding to a request for comment, they dismissed speculation that he drank to excess as "a mixture of prejudice, misinformation and bad faith."

Mr. da Silva, a 58-year-old former lathe operator, has shown himself to be a man of strong appetites and impulses, which contributes to his popular appeal. With a mixture of sympathy and amusement, Brazilians have watched his efforts to try not to smoke in public, his flirtations at public events with attractive actresses and his continuing battle to avoid the fatty foods that made his weight balloon shortly after he took office in January 2003.

Aside from Mr. Brizola, political leaders and the news media alike seem to prefer to deal in innuendo, but do so with relish. Whenever possible, the Brazilian press publishes photos of the president bleary-eyed or ruddy-faced, and constantly makes references both to weekend barbecues at the presidential residence at which the liquor flows freely and to state events at which Mr. da Silva never seems to be without a drink in his hand.

"I've got a piece of advice for Lula," the gadfly columnist Diogo Mainardi wrote in late March in Veja, the country's leading newsmagazine, reeling off a list of articles containing such references. "Stop drinking in public," he counseled, adding that the president has become "the biggest advertising spokesman for the spirits industry" with his very conspicuous consumption of alcohol.

A week later, the same magazine printed a letter from a reader worrying about "Lula's alcoholism" and its effect on the president's ability to govern. Though some Web sites have been complaining for months about "our alcoholic president," it was the first time the mainstream national press had referred to Mr. da Silva in that manner.

Historically, Brazilians have reason to be concerned at any sign of heavy drinking by their presidents. Jânio Quadros, elected in 1960, was a notorious tippler who once boasted, "I drink because it's liquid"; his unexpected resignation, after less than a year in office during what was reported to be a marathon binge, initiated a period of political instability that led to a coup in 1964 and 20 years of a harsh military dictatorship.

Whether or not Mr. da Silva really has a drinking problem, the issue has seeped into the public consciousness and become the subject of gibes. When the government spent $56 million early this year to buy a new presidential plane, for instance, the columnist Claudio Humberto, a sort of Matt Drudge of Brazilian politics, sponsored a contest to give a tongue-in-cheek name to the aircraft.

One winning entry, recalling that the United States president's plane is called Air Force One, suggested that Mr. da Silva's jet should be designated "Pirassununga 51," which is the name of the most popular brand of cachaça. Another suggestion was "Powered by Alcohol," a pun referring to a government plan to encourage cars to use ethanol as fuel.

Speculation about the president's drinking habits has been fed by various gaffes and faux pas that he has made in public. As a candidate, he once offended residents of a city regarded as a haven for gays by calling it "a factory that manufactures queers," and as president, his slips in public have continued and become part of Brazilian political folklore.

At a ceremony here in February to announce a large new investment, for example, Mr. da Silva twice referred to the president of General Motors, Richard Wagoner, as the president of Mercedes-Benz. In October, on a day honoring the nation's elderly, Mr. da Silva told them, "when you retire, don't stay at home bothering your family, find something to do."

Abroad, Mr. da Silva has also stumbled or spoken ill-advisedly. On a visit to the Middle East last year, he imitated an Arab accent in speaking Portuguese, mispronunciations and all; and in Windhoek, Namibia, he said the city seemed to be so clean that it "hardly seems like Africa."

Mr. da Silva's staff and supporters respond that such slips are only occasional, are to be expected from a man who likes to speak off the cuff and have nothing to do with his consumption of alcohol, which they describe as moderate in any case. As they see it, he is being held to a different and unfair standard than that of his predecessors because he is Brazil's first working-class president and received only a sixth-grade education.

"Anyone who has been at a formal or informal reception in Brasília has witnessed presidents sipping a shot of whiskey," the columnist Ali Kamel wrote in the Rio de Janeiro daily O Globo recently. "But you'll have read nothing in that respect about other presidents, just about Lula. That smacks of prejudice."

Mr. da Silva was born into a poor family in one of the country's poorest states and spent years leading labor unions, a famously hard-drinking environment. Brazilian press accounts have repeatedly described the president's father, Aristides, whom he barely knew and who died in 1978, as an alcoholic who abused his children.

Stories about drinking episodes involving Mr. da Silva are legion. After one night on the town when he was a member of Congress during the late 1980's, Mr. da Silva got off the elevator at the wrong floor of the building where he lived at the time and tried to batter down the door of an apartment he mistakenly thought was his own, according to politicians and journalists here, including some who are former residents of the building.

"Under Lula, the capirinha has become the national drink by presidential decree," the daily Fôlha de São Paulo said last month in an article about Mr. da Silva's association with alcohol and referring to a cocktail made with sugar-cane liquor.
Acabo de receber esse texto pelo e-mail. Não sei quem é o autor, não posso dar crédito. Mesmo assim, como o objetivo do da mensagem é divulgar essa forma de pensar, tá aqui. Na íntegra. Lá embaixo publico tb o texto do niuiórque taimes. É grande, quem quiser q leia. Que nao quiser...


Ainda antes do esquecimento

O caso LARRY ROHTER versus Luís Inácio Lula da Silva: fatos, informações e opiniões.

O defunto ainda não esfriou e o assunto já desapareceu das páginas dos jornais. Mas como não se falou em outra coisa nos últimos dias, e como o que se falou parece ter abordado apenas um ponto de vista, tomei a liberdade (de expressão e de imprensa) de fazer circular pela internet este texto.

Muito se falou, muita bobagem foi dita e feita, mas, como tenho a impressão que pouca gente teve a oportunidade de ler a reportagem do New York Times (que segue em anexo no original e na íntegra), começo destacando os principais pontos para que o leitor possa melhor formar sua opinião.

A matéria é intitulada "Hábito de beber do presidente brasileiro se transforma em preocupação nacional". O jornalista Larry Rohter, casado com uma brasileira e com vida longa no país, começa informando que nos últimos tempos o governo de Lula vem sendo assolado por críticas severas, uma após a outra. O texto afirma que Lula vem evitando se manifestar sobre estes assuntos, e que este comportamento estaria conectado com o "apetite pelo álcool" do presidente.

A primeira fonte citada é o político aposentado Leonel Brizola, que afirma que a bebida vem destruindo os neurônios do presidente. O artigo segue acusando Lula de não conseguir conter seu igual apetite por comidas gordurosas, pelo cigarro e pelo flerte à belas atrizes.


Ainda no texto, é informado que a imprensa brasileira dedica especial atenção à cobertura dos churrascos promovidos pelo presidente ("regados a muita cerveja"). Segundo o Times, Lula sempre aparece nas fotos segurando um copo de cerveja. Para provar o que diz, o periódico novaiorquino publica na matéria uma foto em que Lula brinda, com uma caneca de cerveja na mão, os participantes da Oktoberfest. Para os que não estão ligando o nome à pessoa, a Oktoberfest é a tradicional festa da colônia alemã catarinense, onde a cerveja é a principal atração e motivo de orgulho de seus organizadores.

O texto também cita o colunista da Veja, Diogo Mainardi, que teria publicado um alerta ao presidente sobre seus hábitos etílicos. O NYT cita também a sessão de cartas da Veja, onde um leitor se mostrava preocupado com o alcoolismo do presidente.

A reportagem lembra de outro presidente brasileiro acostumado à bebida, Jânio Quadros, citando sua famosa frase "Bebo porque é líquido", para logo em seguida informar que Jânio renunciou deixando um caos político para trás. Rohter deixa subentendida uma possível ligação entre os dois fatos.

A reportagem informa que o assunto caiu em preocupação nacional e é motivo de piadas e chacotas Brasil afora. A matéria também relaciona à bebida algumas gafes protagonizadas por Lula, como a mancada com os moradores de Pelotas, captada por uma câmera durante um intervalo de um evento, ou o fato de o presidente ter trocado o nome do presidente de uma fábrica de veículos (poderia ter mencionado na matéria a gafe histórica de Ronald Reagan, que chamou os brasileiros de colombianos).

Outra fonte entra para corroborar a tese do jornalista. Desta vez o diretor executivo de jornalismo da TV Globo, Ali Kamel, que afirma ser comum presenciar o presidente Lula bebendo um whisky nas recepções promovidas pela presidência.

A reportagem segue dando a ficha completa de Lula, sua infância empobrecida e sua militância nos sindicatos que, segundo Larry, são locais famosos pelo consumo excessivo de bebidas, embora não informe a fonte desta curiosa informação. Assim como afirma que o pai do presidente foi um alcoólatra que batia nos filhos.

A reportagem termina com a citação da Folha de São Paulo, que publicou um artigo informando que o presidente Lula decretou oficialmente a Caipirinha como a bebida nacional.

São muitas afirmações, mas eu nem preciso dizer pra você que quase a totalidade delas é falsa ou está apresentada de forma enviesada, como foi amplamente divulgado e protestado pela imprensa, no suspiro de apoio ao presidente da república.

Mas então o presidente resolveu ser Presidente, e tudo mudou... Você já sabe o que aconteceu.

Mas vamos aos fatos e não a paixão, sentimento que norteou a imprensa no período. A legislação brasileira (LEI 6815/80) prevê da seguinte forma o trabalho de estrangeiros no país: de acordo com o art. 26 do Estatuto do Estrangeiro, o visto concedido pela autoridade consular é mera expectativa de direito, podendo a entrada, a estada ou registro do estrangeiro ser obstado. O motivo para o cancelamento do visto pode ser a simples inconveniência de sua presença no território nacional, a critério do Ministério da Justiça.


O presidente agiu dentro da lei.


Apenas como hipótese, se no caso o profissional em questão fosse um médico estrangeiro atuando no Brasil. Se este médico cometesse uma imprudência cirúrgica qualquer, uma intervenção irresponsável que levasse à morte de um paciente brasileiro, seria justo cancelar o visto de trabalho deste indivíduo? E no caso do cancelamento, veríamos a mesma grita que ocupou ostensivamente as páginas dos jornais durante uma semana? Simplista demais a comparação? Quem sabe?

Lula, em sua própria defesa, lembrou que o deputado Fernando Gabeira, por ter participado, 30 anos atrás, na guerrilha urbana, continua condenado a não receber um visto para entrada nos EUA. Não justifica, mas apimenta a discussão.

Mas a tese da liberdade de imprensa ter sido maculada é indefensável. Seria se Lula tivesse impedido a publicação da matéria ou, então, proibido a atuação do NYT em território nacional. Nada disso ocorreu. O jornal norte-americano pode continuar tendo um correspondente no Brasil, mas que nos envie um jornalista mais responsável e competente.

A defesa acalorada pelos jornalistas pode estar mostrando uma imprensa ainda traumatizada com os anos de censura. Desmedida em sua reação, a imprensa brasileira carregou no tom da defesa e entrou, perigosamente, no campo do que pode ser interpretado como corporativismo cego, e burro. Outros mais radicais ainda poderiam levantar a bandeira do antipatriotismo, ou da carência de auto-estima, de soberania intelectual.

Faltou ao New York Times um pouco mais de cuidado com o caso. Parece que já vai longe e esquecida a Política da Boa Vizinhança. Mesmo que tudo o que foi escrito pelo jornalista Larry Rohter fosse verdade, mesmo assim caberia um pouco mais de parcimônia e gentileza com o presidente do Brasil, país com o qual os EUA mantém relações comerciais, militares, tecnológicas e, porque não, continentais. O jornal também feriu uma premissa do jornalismo: deveria ter dado espaço igual para as fontes que defendiam e acusavam. Isso não ocorreu. O pedido de desculpas, simplesmente só, mostrou o quanto é arrogante e tendenciosa a postura do jornal.

Sobre isso, o jornal O Globo, em um rápido momento de iluminação em sua cobertura, publicou a seguinte informação que nos ajuda a compreender este posicionamento: "A pesquisadora Regina Martins, que está fazendo doutorado em lingüística pela Unicamp sobre a percepção do Brasil nos Estados Unidos e analisou o New York Times desde 1986, falando à newsletter Jornalistas & Cia, identifica nas reportagens do jornal sobre o Brasil uma visão preconceituosa e distorcida, com imagens carregadas de ironia e desvalorização do país, sempre ligadas à miséria, à violência, a samba, carnaval e misticismo.

Segundo ela, a reportagem de Larry Rohter não foge da linha editorial do jornal em relação ao Terceiro Mundo. "Não é nada diferente da maneira como eles vêm se referindo ao Terceiro Mundo de uma maneira geral há séculos", diz ela.

A professora acha que existem "questões políticas que levam a isso" e não tem dúvida de que a reportagem "é uma ação para desmoralizar a liderança de Lula". Ela vai mais longe. Diz que apesar de a maneira preconceituosa de tratar os países emergentes ser a mesma, "um artigo que enfoque especificamente o caráter do presidente, você não vai achar. É uma estratégia de desestabilização"", diz a matéria do O Globo.

O caso tomou tamanho vulto que o próprio Departamento de Estado norte-americano se pronunciou, afirmando que a decisão do governo Lula colocava em cheque os pilares democráticos brasileiros.

Talvez o departamento de estado dos EUA devesse se preocupar mais com os próprios pilares, que parecem todos ruir em um final catastrófico do governo do não-eleito George W. Bush. Lá, desde o 11/9, a imprensa vem tendo seu trabalho dificultado e até mesmo impedido, como no caso recente das fotos dos soldados mortos ou, como no início da Guerra de Bush, onde o governo norte-americano sugeriu que a imprensa nacional e mundial não noticiassem os pronunciamentos da Al-Kaeda, veiculado pela rede árabe Al-Jazira. Veja outro exemplo em matéria publicada pela Folha em abril deste ano:



"27/04/2004

Cobertura da Al Jazira "atrapalha" relações entre EUA e Qatar

da Folha Online

A relações entre os Estados Unidos e o Qatar estão "nebulosas" por causa da cobertura que a estação de TV Al Jazira, baseada no Qatar, fez das tropas americanas no Iraque, afirmou nesta terça-feira secretário de Estado americano, Colin Powell.

Em um possível sinal de que os EUA estão pressionando o Qatar na tentativa de diminuir as reportagens anti-americanas no canal de TV, Powell encontrou o ministro do Interior qatariano, Hamad bin Jassim, e disse que o problema da Al AJazira "atrapalhou" as relações.

Os oficiais americanos alegam que a Al Jazira "fabricou" histórias sobre abusos americanos no Iraque, aumentando a raiva árabe contra a ocupação.

(...)"

Irônica é esta vida, não é mesmo?

E agora é o cineasta Michael Moore, ganhador do Oscar por seu documentário Tiros em Columbine, que acusou, em Cannes, o governo norte-americano de tentativa de censura de seu novo filme "Fahrenheit 9/11". A Disney já tinha anunciado recentemente que não iria distribuir o filme e que proibia qualquer subsidiária de fazer o mesmo.

No entanto, em nenhum destes casos notou-se um mesmo empenho dos jornalistas com a Liberdade de Imprensa, por mais distante que os episódios pudessem parecer.

Se fosse o caso de criticar o governo Lula ou mesmo descredenciar sua competência, temas não faltam. O caminho escolhido foi desleal e covarde.

Então é isso, meu caro leitor. Se você chegou até aqui, muito obrigado. Se achar que deve, faça valer a liberdade de expressão e envie para quem você acha que irá gostar de ler este texto, ou para quem precisa ler este texto.

Confesso que fiquei triste - independente de a reação de Lula ter sido acertada ou não - com a autoflagelação pública promovida pela imprensa brasileira. Sobre a reação contrária de diversos políticos, não vou nem comentar, estamos em um ano eleitoral e qualquer espaço de mídia e disputado a qualquer preço. E também não se pode confundir o episódio com as crises e equívocos do atual governo. A isso chamamos chutar cachorro morto.

Respeito não se ganha, se conquista.



De um brasileiro sem visto de entrada para os EUA

segunda-feira, maio 17, 2004

Inspirado em certas coisas vistas por aí, tá aqui uma peróla do samba: "Reunião de Bacana", gravado pelos Originais do Samba. Letra de Ary do Cavaco e Bebeto di São João.

Reunião de Bacana
Ary do Cavaco e Bebeto di São João

Todo mundo cantando esse refrão
Se gritar pega ladrão
Não fica um meu irmão
Se gritar pega ladrão
Não fica um

Você me chamou para esse pagode
Nem me avisou aqui não tem pobre
Até me pediu pra pisar de mansinho
Porque sou da cor eu sou escurinho
Aqui realmente está toda a nata
Doutores senhores até magnata
Com a bebedeira e a discussão
Tirei a minha conclusão

Lugar meu amigo é minha baixada
E ando tranquilo e ninguém me diz nada
E lá camburão não vai com a justiça
Pois não há ladrão e é boa a polícia
Lá até parece a Suécia bacana
Se leva o bagulho e se deixa a grana
Não é como esse ambiente pesado
Que voce me trouxe para ser roubado
Agradecimento à Paula

Ontem a tarde, tava eu futucando o computador, icq ligado e tal. Apareceu Paulinha de Niterói. Ela encontrou nos seus alfarrábios digitais o negão aqui de cima. Cara, muito bom, muito maneiro. Esse blógue safado voltou a ter a sua identidade de volta.

Paulá, obrigado aê!!!

Ela ainda me mandou os botões. Vou ver se consigo colocar eles o ar tb.

Por enquanto o negão símbolo do PPS (e seu indefectível e companheiro cachorro)) está hospedados naquela parada louca q é o orkut. Vou ver se crio uma dessas páginas manés gratuitas para por as paradas no ar.

Mas como agradecer nao custa nada: Paula, obrigado mais uma vez.

domingo, maio 16, 2004

Isso é um teste...

sexta-feira, maio 14, 2004

Feijoada

Cara, mandei um feijoadão lindo pra dentro. Tô até mal... Até moleza boa...
O Vicente azarado nasceu morto

Vindo pra esse escritório q já não me enche de alegria pego um simples caminhada até o ponto. Ainda descendo minha rua dei "bom dia" a um senhor q é meu vizinho e segui o caminho. Já no ponto, passou o senhor com seu filho dirigindo. Eles pararam e perguntaram: "pra onde vc vai?".

"Pro Centro", respondi.

E aí, o prêmio: "Então entra, nós vamos pra Rio Branco".

Na boa, Deus é um cara bom. Vim de caronão e desci na PORTA do prédio.

E ainda descobri q o tal senhor q é meu vizinho é aposentado da empresa em q trabalho. Mundo doidão demais esse...
Rio de Janeiro. Tarde de sexta-feira. Ônibus passam pela Praça Pio X na direção da Praça XV. Ônibus passam pela Praça X na direção da Central. Pessoas, pessoas e mais pessoam atravessam a Presidente Vargas e a tal praça q fica nem no meio (e atrás da Igreja da Candelária). Dois sujeitos dormem como nenéns no gramado bem no meio de tudo...

Detalhe, vi tudo isso pela janela enquatno usava o mictório, no décimo primeiro andar...

quinta-feira, maio 13, 2004

Antes q eu me esqueça... cantar o Hino do Flamengo durante um vitória sobre os azuis do sul no estádio deles é bonzão, né, não.



Ó a galera comemorando o golão do Zinho...
Devido a problemas na hidrodinâmica, eu esse atleta nato, um aquamam melaninado, fui obrigado a raspar aqueles fiapos q ficavam embaixo do queixo.
Aniversário Safado

Hoje, Senhor do Teu Anel, aquele safado q vive em Recife faz aniversário. O mané disse q vem a SP semana q vem, mas não passa no Rio. Nao tenho q bater num cara desses?

Bom, felicidades e q a Força esteja com ele. Quem sabe nao vou a até a estranha cidade ao sul pra ver o cara?
13 de maio - Dia da Abolição da Escravatura

No tempo em q o papa nem fazia catecismo ainda a tal princesa foi lá e canetou a tal Lei Áurea. Ano passado já escrevi sobre. Vou escrever de novo não.

Há 115 anos...

A princesa, que pra mim devia ter um amante negão, assinou a tal da Lei Áurea liberando os ainda escravos. Na realidade, a Princesa só pôs um fim oficial nesse sistema econômico que por 300 e tantos anos vigorou nesse país.

Sinceramente queria saber quantos escravos foram libertados por essa tão propalada lei, visto que já existia a Lei do Ventre Livre de anos antes, já existiam fazendeiros botando seus escravos na rua por causa do seu alto custo. Além do que existia aquele papo de aumentar o mercado consumidor e dar aos negros a possibilidade de trabalhar e ter sua renda. Ahã.

Não vejo grandes graças em celebrar uma lei que me parece mais um grande caô histórico que nos é vendido quando estudante. Mas na realidade, foi quando muitos negros foram jogados na rua, pra se virar, sem eira nem beira e muitos foram apresentados a miséria. A tal lei assinada pela princesa, ao meu ver, não é nada além de ilusão. Pura balela.

quarta-feira, maio 12, 2004

A exemplo de outros blógues, venho registrar aqui q acho um absurdo a atitude de Luiz Inácio em cassar o visto temporário do repórter do NYT q fez a tal matéria péla-saco.

Nego-me a acreditar q isso tenha partido de Lula. Acredito q a maior pressão pra tocar isso tenha partido do Gushiken, indivíduo muito pouco benquisto nos meios de comunicação.

Lula, aê, mandou malzão.
Seu Carlos, o progenitor figuraça, embarcou. Tá numa plataforma na Bacia de Campos. Medo, medo, muito medo. A idéia de confinamento em uma ilha flutuante de metal não me parece das mais cômodas. Ter o próprio pai numa situação dessas tb nao me faz nenhum um pouco feliz... São 15 dias lá, boiando sobre o Atlântico... Agora ele só volta a terra no fim do mês. Só vou ficar na boa quando o sujeito voltar pra sua feliz casa em Rios das Ostras...

Tá, tá bom. Não é tão inseguro. Milhares de pessoas fazem isso há anos. Tem até gente q gosta, tem gente q sonha com isso. Eu, na boa, morro de medo. Ainda bem q Seu Carlos é mais esperto é tá cagando quilos pros medos adolescentes do primogênito...
Ontem rolou estréia do filme "O Vestido", do Paulo Thiago. Tá, até gostei. Gostei da historia e tal, ele foi feito em cima de uma livre adaptação do poema "Caso do Vestido", do Drummond. A estréia foi ali no Odeon. E foi engraçado pq quadno eu chegava o Paulo Thiago tava logo na frente, pintaram uns fotógrafos atrás dele e umas coleguinhas de bloquinho em punho. Me senti na novela das 20h quando repentinamente surgem flashes atrás dos personagens menos prováveis...

Agora, tava lá a Janaína Lince. Meu Deus! O q é aquela mulher! Q ixpetáculo. 'xonei.



Ah, e mando tb o poema do Drummond, claro.


Caso do Vestido

Carlos Drummond de Andrade

Nossa mãe, o que é aquele
vestido, naquele prego?

Minhas filhas, é o vestido
de uma dona que passou.

Passou quando, nossa mãe?
Era nossa conhecida?

Minhas filhas, boca presa.
Vosso pai evém chegando.

Nossa mãe, dizei depressa
que vestido é esse vestido.

Minhas filhas, mas o corpo
ficou frio e não o veste.

O vestido, nesse prego,
está morto, sossegado.

Nossa mãe, esse vestido
tanta renda, esse segredo!

Minhas filhas, escutai
palavras de minha boca.

Era uma dona de longe,
vosso pai enamorou-se.

E ficou tão transtornado,
se perdeu tanto de nós,

se afastou de toda vida,
se fechou, se devorou,

chorou no prato de carne,
bebeu, brigou, me bateu,

me deixou com vosso berço,
foi para a dona de longe,

mas a dona não ligou.
Em vão o pai implorou.

Dava apólice, fazenda,
dava carro, dava ouro,

beberia seu sobejo,
lamberia seu sapato.

Mas a dona nem ligou.
Então vosso pai, irado,

me pediu que lhe pedisse,
a essa dona tão perversa,

que tivesse paciência
e fosse dormir com ele...

Nossa mãe, por que chorais?
Nosso lenço vos cedemos.

Minhas filhas, vosso pai
chega ao pátio. Disfarcemos.

Nossa mãe, não escutamos
pisar de pé no degrau.

Minhas filhas, procurei
aquela mulher do demo.

E lhe roguei que aplacasse
de meu marido a vontade.

Eu não amo teu marido,
me falou ela se rindo.

Mas posso ficar com ele
se a senhora fizer gosto,

só pra lhe satisfazer,
não por mim, não quero homem.

Olhei para vosso pai,
os olhos dele pediam.

Olhei para a dona ruim,
os olhos dela gozavam.

O seu vestido de renda,
de colo mui devassado,

mais mostrava que escondia
as partes da pecadora.

Eu fiz meu pelo-sinal,
me curvei... disse que sim.

Sai pensando na morte,
mas a morte não chegava.

Andei pelas cinco ruas,
passei ponte, passei rio,

visitei vossos parentes,
não comia, não falava,

tive uma febre terçã,
mas a morte não chegava.

Fiquei fora de perigo,
fiquei de cabeça branca,

perdi meus dentes, meus olhos,
costurei, lavei, fiz doce,

minhas mãos se escalavraram,
meus anéis se dispersaram,

minha corrente de ouro
pagou conta de farmácia.

Vosso pais sumiu no mundo.
O mundo é grande e pequeno.

Um dia a dona soberba
me aparece já sem nada,

pobre, desfeita, mofina,
com sua trouxa na mão.

Dona, me disse baixinho,
não te dou vosso marido,

que não sei onde ele anda.
Mas te dou este vestido,

última peça de luxo
que guardei como lembrança

daquele dia de cobra,
da maior humilhação.

Eu não tinha amor por ele,
ao depois amor pegou.

Mas então ele enjoado
confessou que só gostava

de mim como eu era dantes.
Me joguei a suas plantas,

fiz toda sorte de dengo,
no chão rocei minha cara,

me puxei pelos cabelos,
me lancei na correnteza,

me cortei de canivete,
me atirei no sumidouro,

bebi fel e gasolina,
rezei duzentas novenas,

dona, de nada valeu:
vosso marido sumiu.

Aqui trago minha roupa
que recorda meu malfeito

de ofender dona casada
pisando no seu orgulho.

Recebei esse vestido
e me dai vosso perdão.

Olhei para a cara dela,
quede os olhos cintilantes?

quede graça de sorriso,
quede colo de camélia?

quede aquela cinturinha
delgada como jeitosa?

quede pezinhos calçados
com sandálias de cetim?

Olhei muito para ela,
boca não disse palavra.

Peguei o vestido, pus
nesse prego da parede.

Ela se foi de mansinho
e já na ponta da estrada

vosso pai aparecia.
Olhou pra mim em silêncio,

mal reparou no vestido
e disse apenas: — Mulher,

põe mais um prato na mesa.
Eu fiz, ele se assentou,

comeu, limpou o suor,
era sempre o mesmo homem,

comia meio de lado
e nem estava mais velho.

O barulho da comida
na boca, me acalentava,

me dava uma grande paz,
um sentimento esquisito

de que tudo foi um sonho,
vestido não há... nem nada.

Minhas filhas, eis que ouço
vosso pai subindo a escada.



Negão?!

Negão?!

Será que alguém viu o Negão q habitava a parte superior deste blógue furingudo??

Vicente continua disposto a recompensar o sujeito q der qq pista que leve ao entro do sujeito.

O pior é q nao dá pra fazer cartaz com a cara do indivíduo e do seu cachorro pra ajudar a encontrar. Mesmo pq se tivesse a imagem nao estaria na busca, né.

Vou acionar o Disque Denúncia pra ajudar nessa busca.
O Vicente aquático

Após meses, muitos meses ensaiando tomei vergonha nesses cornos de safado e finalmente comecei HOJE na natação. Pô, desde SETEMBRO eu ensaiava. Setembro! Passaram outubro, novembro, dezembro, janeiro, fevereiro, março e abril. Mas só agora fui lá.

Só quero ver se vou ter disciplina pra continuar indo. Disciplina é tudo nessas horas. A proposta de nadar é radical. A hora de acordar é 5h30 de la mañana para estar na piscina às 6h15.

É doloroso olhar pela janela e não ver o sol. Nem o sol teve peito pra sair da cama nesse horário... E o frio? Cara, como faz frio... Mas se quando eu tava em Recife conseguia levantar às 5h pra estar na academia com singelas aulas de musculação, body pump e body combat às 5h30, p q nao posso fazer isso aqui no Rio? Tá, tá bom, em Recife o sol já tinha nascido e não era tão frio, mas isso é só uma questão menor.

Em pouco tempo, na qualidade de fanfarrão, já vou poder dizer q sou o Aquaman Melaninado. Ah, muleque...

Deus queira q eu consiga sair da cama tão cedo todos os dias...

terça-feira, maio 11, 2004

Da série vamos derrubar o Vicente

Pô, uma criatura chega e diz q se lembram de mim ao ouvir aquela música do Marcelo Camelo q foi gravada por Maria Irrita, "Cara Valente". Ah, tá. Obrigado. Eu realmente não sou de nada.

Aí, depois, como cereja do bolo, vem outra criatura e diz q lembra da minha singela figura ao ouvir Babado Novo com "Cachorro, safado, sem vergonha". Pô, peraí. Já querem me esculachar. Logo eu q sempre fui família?
Assim q tiver um tempo normal vou escrever pq acho furada a ação do Exército no Rio.

Tenho q me lembrar. Tenho q me lembrar. Tenho q me lembrar.
E a busca continua

Alguém sabe, alguém viu o negão q ficava aqui em cima, ó ^. Ofereço recompensa por pistas q levem a encontrar o sujeito e seu cachorrro.

Será q ninguém salvou isso no seu computador??

A família PPS começa a entrar em pânico...

segunda-feira, maio 10, 2004

Negão desaparecido

Será q ninguém viu a foto do negão q ficava aqui em cima? Puts, o negão se foi, cara. Q perrengue... P q eu tinha q perder o arquivo no meu computador, né? P q essa josta tinha q ser formatada...

Ó, vida. Ó, azar.

Será q nenhum indivíduo desocupado q lia essa josta salvou o negão?

Vou lançar a campanha. Quem encontrar o negáo desaparecido (com o mesmo cachorro no colo q ficou pelo menos um ano em cima desse blógue safado) vai ganhar uma recompensa. Fala saber que recompensa...
Post para o maleta-mor Fabulino, com todo o carinho q ele merece:

Meu amigo, mesmo com a humilhante derrota de ontem o MAIS QUERIDO DO BRASIL (atual campeão estadual do Rio de Janeiro) está na frente do seu do seu clube, o da colina, aquele mesmo q tem hobby pra vice.

Vá torcer pelo Dom Pedro, seu mala.

sexta-feira, maio 07, 2004

Cara, cruzei agorinha com Z? Pilintra na Rio Branco!!!

Fui tomar um mate e passou por mim vestido com terno branco, gravata vermelha, chap?u panam? branco com fita vermelha, sapato bicolor branco e vermelho e bengala...

Algu?m pode me explicar o q significa? Cad? o Arthur nessas horas? P q o sujeito se veste de Pilintra e sai andando por a??

Algum entendido no assunto pode me explicar?
P q essa josta de cima nao é publicada?
Samba, samba, mais samba

Ontem fui levado ao samba dos gravatinhas, ali na Anfilófio de Carvalho. A marmanjada sai do Fórum e vai pra lá. Meninas de terninho sobre saltos e marmanjos de terno e gravata. Nao é errado ser assim. Isso aqui é uma democracia e todo mundo tem direito a ir ao samba do jeito q quiser. Mas, cara, na boa, eu me senti um peixe fora d'água...

Todos com seus ternos, suas camisas brancas, azuis claras ou outras coisas do gênero por baixo dos seus paletós e eu lá com minha singela camisa vermelha. Tuuuuudo a ver com o ambiente.

Tá, vou ter q falar, me diverti sim. Tinha umas advogadas q... melhor falar nada nao, né.

Bom, até acho q volto. Mas espero q o marmanjo que tocava surdo tome vergonha e tire a gravata enquanto bate com a maceta no couro. Fala sério! Tocar surdo de gravata nao existe!!!

Em tempo, abusado q sou, fui lá e ainda toquei tamborim. Há tempos nao tocava, ao menos ainda nao esqueci

Hoje tem mais
Reza a lenda q vou dar as caras no samba no Sujinho, aquele boteco incravado no campus da Praia Vermelha da Ufrj. Veremos...

E amanhã...
Amanhã tem o agradabilíssimo Pagode da Família Portelense. Quero ir tb.
Sinistro, bizarro, inesperado e de masculinidade duvidável

O colega aqui tá bolado, recebeu um e-mail "converse com Thierry Figueira". Tá se perguntando de onde essa parada pode ter vindo. Eu, hein.

quinta-feira, maio 06, 2004

APOSTANDO NA ESTRANHEZA DO MUNDO... SERÁ QUE ALGUNS DOS INSANOS QUE INSISTEM EM LER ESSE BLÓGUE Q NAO SABE SE VAI OU SE FICA, POR UM ACASO DOS ACASOS, UM DESSES ACIDENTES QUE O MUNDO VÊ ACONTECER, GRAVOU A IMAGEM Q INICIALMENTE FICAVA NA ABERTURA DESSA JOSTA?
Ruindadinhas por e-mail...

Elisão do Anão mandou por e-mail agora. Hehe. A parada é passar o cursor na cara do sujeito.

http://www._expression.philips.com.br/artes/venc2003/obrasflash/rmello/o_incomodo.swf


Olha a careta da criança. Negreiros é o cara. Estreou ontem e fez o gol da vitória sobre o Santa Cruz. Pô, eu gosto do Santa Cruz, mas... diante do MAIS QUERIDO DO BRASIL não dá, né. Dois jogos e duas vitórias.

Catirinão deve ter ficado tristinha, mas com a gente não dá. Dá-lhe Mengo.

Quarta-feira q vem tem mais, vamos jogar contra os azuis do sul. Só falta saber se vai ser aqui ou lá. Sendo aqui, eu vou com a bandeira na mão, minha touca na cabeça (aquela mesmo q tem um pompom na altura da cintura) e vestindo o manto sagrado rubro-negro.
Dona Glória Coiffeur na área

A progenitora não se conforma em ver seu primogênito ignorando o fato de existirem profissionais especializados em tosar os pelos q nascem sobre as cabeças da marmanjada. Hoje Dona Glória, mais uma vez, veio 'ameaçar' o ensaio de cabeleira bléqui-pauer do Vicente....

Aí, com toda a singeleza q papai do céu deu, disse a ela q vou fazer tranças embutidas. A mulher, digo, a mãe quase morreu. Tadinha, não era pra tanto...

"Meu filho, isso nao combina com vc", disse ela. Po, se eu deixasse de fazer metade das coisas q ela diz q nao combinam comigo, segundo ela, hoje eu seria um milico, torcedor do Fluminense (aquele mesmo q foi goleado pelos azuis do sul) ou estaria pra me ordenar padre.

Ô, Dona Glória, dá assim não...

Hehe. Pra finalizar, a progenitora feliz ainda disse q nao desistiu de raspar o cucuruto do marmanjo aqui. Isso tá ficando divertido já.

Mas preciso achar um lugar q faça trança embutida pra ver se vou tocar essa parada pra frente mermo.

quarta-feira, maio 05, 2004

Aí, na hora do almoço...

Fui almoçar com um amigo figuraça. Entre histórias q vão e vêm perguntei de um caso antigo.

"Pô, terminei. Pegou pra mim".

Perguntei o q tinha acontecido e ele mandou:

"Ela engravidou".

Q isso, maluco. E ele nao fala nada!

Depois a figuraça chegou e contou q ela quis tirar. Po, fiquei triste. É sabido q nao curto nem um pouco essa história de aborto... Fico boladaço, sou a favor nao...

Ele disse q nao tava pilhado pra isso, mas a menina q quis. Sei lá. Fiquei pensando se eu toparia isso... afinal de contas seria meu filho tb...

Bom, ele tá na boa. A menina? Nao sei. Nao tenho contato, mas ele disse q a menina ficou tranks após o trauma.

Mas ainda nao tirei a idéia da cabeça...
Um dia com várias e diversificadas sensações

A quarta-feira começou tranks. Recebi uma ligação no celular, era RMRO dando conta q havia enviado uma foto nossa. O Mestre, q é de Caruaru, professor, fotógrafo, gente boa e até flamenguista tirou da moçoila e de mim quadno eu habitava terras pernambucanas.

A foto foi tirada na casa de praia do Mestre, enquanto RMRO estava sentada sobre o muro com um enorme sorriso rasgado, enquanto eu tava debruçado sobre esse mesmo muro. Entre nós, uma latinha de Skol. A foto é em P&B. Na nossa frente em diagonal, um caminho que sobe em diagonal pela foto e levava entre a vegetação rasteira até o mar....

Ah, a foto foi tirada após uma GRANDE noite. RMRO fez tacacá, ainda em Candeias. Minha boca tremeu horrores após tomar a típica bebida paraense e mastigar sei lá o q, uma tal erva q faz isso. Após Candeias pegamos o rumo de Boa Viagem. Se nao me egano, fomos parar no Califórnia (é com C ou K). Lembro q Bicha Superpoderosa foi quem arrumou a mesa.

Bebemos horrores e depois ainda fomos para a Fashion Club. DJ Patife ia tocar na cidade.

Foi a primeira vez q fiquei b?bado em Recife. A noite com Patife liberando drum'n'bass pros ouvidos foi ixculacho. Bom demais.

Na hora de ir pra casa, só foi tempo de ir lá, pegar algumas coisas e rumar para o litoral sul de Pernambuco. O mestre tava na pilha de ir na casa dele em Gaibu (?). Po, agora fiquei sem saber se era Gaibu... Passamos em Candeias e fomos... Mesmo sobre efeito do sono e do álcool ainda deu pra curtir o caminho de ida... RMRO não parava de falar como eram belos os canaviais em flor...

Eita lembrançaa... Será q isso foi parar no Enfiado na Lama, o blógue anterior? Nem lembro...

Recordar coisas boas é bom...
Ameaça materna ou associação com o barbeiro

"Se vc não cortar esse cabelo, vou pegar uma tesoura e cortar enquanto vc estiver dormindo".

Mãe q estimula o comportamento libertário dos filhos é isso aí. hahaha.

Só digo uma coisa: nunca cortarei. :-D

terça-feira, maio 04, 2004


Que esso... olha q esculacho...

A foto é do Globo.

segunda-feira, maio 03, 2004

Ontem a noite fui de bob para na Lagoa. Fiquei lá, deitadão num dos trapiches olhando pro céu, olhando pro Cristo Redentor, pra lua...





E ai de quem falar mal da minha cidade...
Faltou só dizer uma coisa: o Theatro Municipal é maravilhoso.

Sensaçao estranha...

Enquanto o povão tava lá fora curtindo o show patrocinado por Rosângela Assef Matheus de Oliveira, vulgo Rosinha, e por Anthony William Matheus de Oliveira, vulgo Garotinho, em mais uma prova do populismo do casal (era o festa do PMDB, partido do casal), encontrava-me lá dentro de um lugar reconhecidamente bacana curtindo um show de música erudita com uma popular q vem se 'eruditizando'. Foi uma sensaçoa estranha...
Sambão no camarotão

O camarada tinha ido reclamar com um cara tipo lanterninha do Municipal. Reclamou q tinham ocupado o lugar dele (os lugares sao marcados) e pediu um novo lugar. O cara perguntou se ele aceitava um camarote q estava vago. DEMORÔ! Sabe quantos cabem no camarote? Seis. hehe. Perfeiçao.

Quando já estávamos no camarote entou a Velha Guarda. Jogamos a seis cadeiras pra trás e ficamos dançando. Cara, essa eu vou guardar pro resto da vida. Dancei samba num camarote do Theatro Municipal do Rio.

Deu até vontade de pendurar um cartaz "MADUREIRA É AQUI!". Detalhe q o tal camarote ficava quase em frente ao do presidenet da Petrobras, o Dutra. Hehe. E eu me importei? Importei nada, salve a suburbanice carioca em festa por conta do samba.
E tb tem historinha da ida ao Municipal

Era sábado, dia do trabalho e o PMDB resolveu fazer uma show em frente ao Palácio Pedro Ernesto (a Câmara Municipal do Rio). Detalhe, do outro lado da rua fica a Biblioteca Nacional e do lado esquerdo fica o próprio Municipal. Quando cheguei foi aquela muvucada. Mal consegui parar o carro e me aproximar da porta.

Já lá dentro, encontrei os amigos com quem tinha marcado. Como o show já tinha começado, foi bem ruim encontrar aqueles q seriam os nossos lugares. Éramos seis ao todo.

Quatro conseguiram achar os seus lugares. Outros dois ficarma na pista.

Com o show já rolando, veio um dos q ficaram de pé avisar: "vamos pra um camarote".

Pô, peralá. Eu tava num balcão e ia pra um camarote?
E lá fui eu ao Theatro Municipal

Sábado era dia de Orquestra Sinfônica da Petrobras tocar no Municipal simplesmente com Paulinho da Viola e a Velha Guarda da Portela. Algo de deixar qq indivíduo q curte música babando.

Os arranjos, o Paulinho, a Velha Guarda... tudo espetacular. Tudo muito absurdo.

Eu fiquei boquiaberto. Emocionado. E olha q pra emocionar um brucutu como o Vicente tem q ter moral.
Tenho q postar sobre a sensacional tarde de sábado no Theatro Municipal. Se der eu posto quado chegar em casa.
Mulé pelada!!! Mulé pelada! Mulé pelada!



Atualização (05/05): Comentário feito pelo companheiro Sabrinno D'Alembert (sensacional o cara asssinar Sabrinno D´Alembert, lembou até de um q eu usava pra assinar na época de faculdade no zine da galera hehe).

Em tempo, o comentário do companheiro é:

"Estou espantado.
Achava que a bunda dela não ia caber nas páginas da revista.

Coube , e é bem redonda !".

Mandou bem.