Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

quinta-feira, maio 27, 2004

E nao é q fui o Jongo da Serrinha no Teatro Rival?

O jongo é o mesmo barato q o caxambu, existia na época em q pretitude era escravizada. A parada era forte ali pelo Vale do Paraíba e mesmo por aquele pedacinho de Minas q fica perto do citado vale. Com a abolição, mó galera já ex-escrava veio pro Rio e ficou pelas bandas do Morro da Serrinha, em Madureira. Na mesma Serrinha em q nasceu o Império Serrano. Serrano pq vem da Serrinha, lógico, né. O jongo fez morada carioca.

Voltando ao jongo e a apresentação. Q coisa linda. Como bom fruto da cultura negra, tem forte marcação nos tambores. É algo bem relacionado com a curimba até. A dança é ao mesmo tempo singela e sensual. Eu acho o máximo.

Tava eu pensando aqui... O Rio de Janeiro seria muito, mas muito diferente do q existe hoje (possivelmente um Rio de Janeiro mais triste até) se nao existisse Madureira ali na Zona Norte.


Ah, vou postar uma das canções q ouvi ontem:

Guiomar
De Darcy Monteiro e Tião Zarope

Ô Guiomar, ô Guiomar
o jongo não é de puia Guiomar,
segura a toada pra durar.

O nosso jongo tem harmonia,
na Balaiada em casa de Vó Maria,
O caxambu toca até o raiar do dia,
eu danço jongo umbigando com Sá Maria.

Na beira do poço, onde mora Guiomar,
mamãe sereia mora no fundo do mar,
segura nosso jongo Guiomar,
não deixa o nosso jongo se afundar.

Segura angoma olha a toada,
baté 'paó' rapaziada.
Eu improviso o jongo meu camarada,
meu caxambu toca até de madrugada.


E salve a cultura popular dessa terra.