Andar pelas ruas do Centro do Rio, em alguns momentos, é de uma paz, de uma alegria incomparável, mas em outros momentos traz uma perturbação absurda.
A população de rua me parece ser um dos maiores antagonismos da Cidade Maravilhosa. E esses antagonismos ficam mais cruéis e evidentes quando você encontra um casal maltrapilho, sentado ao lado de uma grade, com aquele olhar desesperançado que só de ser visto já entristece.
O detalhe, a cena é na grade do BNDES e em frente a Petrobras, justamente no eixo onde rola mais grana nesse país. E os dois lá, praticamente indigentes.
A mais ou menos 500 metros dali, entre a Petrobras, a Catedral Metropolitana do Rio (que em nada lembra uma igreja, mas um disco voador) e o Espaço Cultura da Caixa Econômica Federal, vem outro sujeito caminhando. Esse é negro, tem dreadlocks, vem sem camisa, descalço e de cabeça baixa. Veste apenas.uma calça q, de tão larga, tem q ser segurada por uma das mãos.
O pior é o tour pela miséria carioca ainda não terminou. Bem do ladinho da Fundição Progresso, onde a classe média tem uma espécie de playground, onde rolam shows, festas, feiras, peças, oficinas e tal. A Fundição é um lugar alternativo, diga-se de passagem, um lugar agradável, mas é tão estranho ter ao lado desse mesmo ponto, um tipo de abrigo de população de rua. Colchões pelo chão. Mulheres e crianças se amontoando sobre eles. Dois metros, ao lado, junto à grade da Fundição, algo q lembrava um cabide com roupas penduradas.
E do q adiante ver isso tudo acontecendo quando a maior parte das pessoas nem percebem que os caras estão ali? Eu mesmo não faço nada pra ajudar, pior, nem sei o q fazer pra ajudar. Vou criar um ong? Reclamar da prefeitura? Não sei. Sensação de impotência escrota.