Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

sábado, dezembro 11, 2004

O repugnante

Há anos ele andapela ruas do Centro, há pelo menos sete anos, desde quando eu era estagiário do sinistro jornal Povo do Rio, o periódico policial mais, digamos, violento da cidade.

O sujeito deve ter algo em torno de 30 anos, talvez um pouco menos. É mulato e forte. Desde a época de estagiário o vejo exatamente da mesma forma: descalço, vestindo bermuda e sem camisa - de onde vem a parte verdadeiramente repugnante da história.

Ele traz consigo uma enorme cicatriz bem no meio da barriga, um senhor remendo. O remendo nada tem de repugnante, o que pega está do lado direito... uma enorme erupção na pele. Deve ter mais de cinco centímetros de diâmetro com a impressao de estar sempre infecionada, devido a seu aspecto vermelho de carne viva.

É desagradável cruzar com ele, o fato q piora tudo é q ele tem noção do quão repugnante é e fica passando a mão sobre sobre sua chaga como se a estivesse cultivando, como se gostasse de cuidar daquilo q choca tanto as pessoas.

Só não quero me deparar com ele pelas ruas por algum tempo.