Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

segunda-feira, maio 28, 2007

Vale dizer que estou no litoral catarinense e não é a passeio. Cheguei em Floripa de avião e o termômetro marcava 15 graus. Ui, diliça. Chegando aqui a cidade onde estou... olho na praia e vejo uma grupo de moleques jogando futebol. Fato normal em cidades praieiras, mas os moleques estava sem camisa!!!! O horror para meus olhos tropicais perdidos por aqui.
Falando em ônibus...

Nesse fim de semana lá ia eu pegar ele, o famigerado 393, o Castelo - Bangu. Depois q voltei à minha origem pedestre tive que me render a esse coletivo bunda-suja.

Sábado, início da noite e lá estava eu esperando o tal ônibus que fez o favor de passar pelo ponto, após uma longa dezena de minutos a sua espera e me ignorar. Ok, ok. Pra sair de lá tem q ser nele mesmo, e voltei ficar calmo...

Opa, passou outro. Subi. Triste surpresa, que dizer, nem era surpresa, mas é desagradável sacar que vai ter que enfrentar o trajeto todo de pé. Bangu não fica exatamente ao lado do Centro, dá uma hora de pista...

E, hahahah, claro que ia ficar pior. Um grupo de adolescentes e pós-adolescentes cismou de cantar pra TODOS ouvirem repertório de músicas gospel. Puts, não tinha hora melhor, né. Após eu estar de saco cheio após esperar, meio fulo por ter perdido um ônibus que não quis parar pra mim, por estar de pé numa já anunciada viagem demorada... e com aquela trilha sonora. Ai, ai... Todo castigo é pouco, já diz o ditado.

Veio à cabeça o singelo verso de Raul Seixas "O diabo é o pai do rock!". Mas seria afronta demais e se iniciaria uma guerra. O tal verso já foi usado, na adolescência, contra um pregador no trem que, coitado, perdeu a voz.

Não sei se foi meu olhar fulminante de "pára de cantar se não te chuto a canela", mas as seis meninas pararam pouco depois de mostrar suas vozes esganiçadas. E até pintou uma lugarzinho pra eu sentar, acho até que o olhar de poucos amigos pode ter sido uma boa ação para os demais passageiros.
Crise de identidade... de novo

Na última semana passei mais tempo em aeroportos, aviões, conexões e o diabo a quatro que nos meus ônibus e trens... Ai, ai... Vicente, volta pra Bangu!!!

terça-feira, maio 22, 2007

tive que viajar, ainda não resgatei o pijama, mas vou fazer isso assim que puser os pés no Rio outra vez...

aqui, em Joinville tá um frio, mas um frio... o pior é que a previsão ainda é de mais frio... a máxima de quinta está prevista para 16 graus. ah, o carioca aqui tá lascado...
isso aconteceu na semana passada... eu estava em Macaé.

desci de onde estava hospedado e sofria com um início de gripe. a idéia seria ir até uma farmácia e comprar um remédio ou algo me desse mais disposição.

fui informado que deveria seguir por uma rua, pegar a esquerda e caminhar até o sinal.

em dado momento olhei pro olho lado da rua, queria identificar o que era aquele longo muro branco... descobri ao ler uma placa: um cemitério.

naturalmente caminhei mais para o lado oposto. olhei pra ver o q era e... epa! outro cemitério!

diliça, eu estava cercado por cemitérios num noite fria, escura, passando por uma rua absolutamente vazia. era um cenário não muito encorajador.

apertei o passo, olhando fixamente pra frente e... vejo um carro... hahaha. era um rabecão.

ah, nessa hora imaginei que só faltaria uma voz do além dizer "Vicente..."

entrei na primeira rua q vi pra fugir do cenário estranho.

inclusive até achei a farmácia, mas após mais de dez minutos de caminhada...

sexta-feira, maio 18, 2007

Meus amigos e suas mensagens simplesmente sensacionais

Noite de quinta para sexta-feira, Vicente já deitado na sua caminha vendo comentários sobre um jogo da Copa Libertadores que tinha acabado ouve sinal de mensagem no celular. Vou ler e vejo umas das mais sensacionais missivas eletrônicas já enviadas. A referida amiga não é do Rio, esteve na cidade a trabalho e ficou no hotel em frente ao prédio onde fica o escritório em que o blogueiro aqui dá expediente profissional:

"Vicente, coisas bizarras acontecem comigo... Esqueci meu pijama no hotel... Você poderia passar lá e ver se resgata pra mim?"

E me deu o número do quarto. Agora, sinceramente, imagine a situação: eu chego ao hotel e pergunto se alguém encontrou um pijama no quarto tal. hahaha

Se conseguir fazer o resgate eu posto aqui.

quinta-feira, maio 10, 2007

Acreditamos até o fim, fizemos nosso papel. Cantamos, vibramos, empuramos o Mais Querido do Brasil. Fomos quase 60 mil improváveis apaixonados no Maracanã em vermelho e preto que viveu uma noite de calor enquanto do lado de fora uma chuva fina e frio asustariam qualquer torcida em um país tropical. Veio a vitória, pena que foi insuficiente. Particularmente achei q foram poucos chutes a gol e que o juiz, seu Baldassi, facilitou a vida de quem não queria ganhar futebol e ainda fez vista-grossa pra dois pênaltis.

Não posso dizer que vivo uma manhã feliz, mas digo que continuo cantando "ao mundo inteiro a alegria de ser rubro-negro". Fez-se o que foi possível.

"Uma vez Flamengo, sempre Flamengo".

Saudações rubro-negras.

segunda-feira, maio 07, 2007


Peguei a imagem nos camaradas do blógue Flamengonet (www.flamengonet.blogspot.com).
Detalhe no São Judas Tadeu no alto do selinho. São Judas é padroeiro do Flamengo e das causas impossíveis.
O tal 4 x 0 é o resultado que o Mais Querido deve impor ao Defensor na próxima quarta-feira para continuar na Libertadores da América. Como torcedor é um bicho safado - e eu me enquadro nesse grupo - vamos acreditar.

domingo, maio 06, 2007


Bom vencer um time que é reconhecidamente melhor. Os caras têm o melhor toque de bola hoje em dia, talvez o melhor do Brasil, mas e daí? Esquecem que nossa torcida é algo a parte.

Curioso é que o Glorioso não ganho porque não quis, digamos assim. Estiveram na frente durante maior parte do primeiro jogo. Hoje viraram o placar, dando a impressão que nos poriam no bolso. Só a impressão. Venceram meio tempo do primeiro jogo, ficamos atrás até nessa segunda partida, mas... mas... não tiveram peso pra nos vencer. Gosto do Glorioso, mas Bruno nosso goleiro resolveu garantir o título parando os chutes alvinegros, inclusive dois pênaltis.

Só a impressão porque o Mais Querido foi lá, cresceu, empatou e levou pros pênaltis. E, nos pênaltis, nossa consagração: o 29º título estadual do Flamengo. Após meu nascimento, em 1976, o Mais Querido é o time que mais venceu estaduais no Rio de Janeiro, foram 12. É só contar pra ver.

E a torcida? A torcida é outro espetáculo. Quem não viu tem que ver, quem não participou tem que participar. É a massa se expressando com emoção, com alegria, com fúria. Não somos pessoas, é uma coisa só, a massa rubro-negra em meio a bandeiras e camisas, ou melhor dizendo, somos a tordida mais apaixonada, criativa e participativa que existe.

É campeão!!!
Mas queria falar um pouco do Museu. Quem gosta da Língua Portuguesa poderia ver um pouco do que ele tem, em certos momentos parece um museu sobre cultura brasileira, o que, convenhamos, é algo muito próximo da língua que usamos.

O mote é “a língua é o que nos une”, a mais pura verdade levando em conta a extensão territorial desse país de meu Deus. O museu nos conta a origem da língua, desde o latim vulgar, que originou também uma outra penca de línguas. Localiza a língua portuguesa no contexto das demais línguas latinas e expões as trocas culturais com culturas indígenas e africanas que ajudaram a compor o que hoje usamos no cotidiano.

Também havia uma exposição sobre Clarisse Linspector, mas infelizmente ela não me diz nada. Sinto-me até meio mal, mas não alcanço a literatura de dona Linspector, já até tentei, mas sou um ser superficial.

O que chamou minha atenção foram outras coisas. A parte que se propõe a falar das trocas que levaram à Língua Portuguesa que temos e ao vídeo que é apresentado, assim como a Praça da Palavra, onde, digamos, rola um culto à palavra escrita e falada. Luzes, projeções, som... Um efeito bem bacana.

Ah, falou dizer onde fica... Na Estação da Luz, que após ter sofrido reforma ficou o lugar extremamente bonito. Pena que ter ido só agora, a exposição anterior era sobre Guimarães Rosa, na humilde opinião desse blogueiro, o mais escritor da Língua Portuguesa.
Um fim de semana movimentado. Sábado fui a São Paulo, revi figuras, fui até o Museu da Língua Portuguesa, que é bem bacana, ainda voltei no mesmo dia ao Rio, quer dizer, cheguei no domingo simplesmente para ir à finalíssima do Cariocão. Ver o Flamengo em campo. O esforço deu certo. Vi no estádio a vitória do meu time.

quarta-feira, maio 02, 2007

Mídia e sambistas

Há uns dias assisti no cinema “Cartola – música para os olhos”, documentários sobre o compositor mangueirense feito por Lírio Ferreira e Hilton Lacerda. Já vi coisas de Lírio e gostei, numa primeira varredura de cabeça não lembro agora do Hilton. Pois bem, não gostei do filme, achei monótono, arrastado. Tanto que, digo com vergonha, cochilei duas vezes. Tá, tá bom, eu vinha de uma semana puxada, mas a última vez que dormi no cinema foi em “A época da inocência”, acho que do Scorcese, e isso há mais de dez anos.

Pois bem, a impressão que tive foi de algo confuso, feito até com algum deslumbre a cerca do festejado compositor. Cheguei a comentar com Guto, camarada sangue-bão, sobre o filme. Ele discordou, acho o documentário bacana. Viva a democracia! Vamos ver se ele comenta rebatendo o que penso.

Aí, com o filme na cabeça, e a informação que um componente da velha da Mocidade faleceu há pouco, veio outra discussão em mente. O documentário mostrou muito um Cartola absolutamente midiático. Conhecido e querido de formadores de opinião, com entrada facilitada em jornais, revistas, programas de tevê e tudo mais. Será que ele seria tão grande se não fosse tão chegado à mídia? Não nego seu valor, de forma alguma, seria uma heresia fazer isso, mas particularmente gosto mais do Candeia, o compositor portelense que tinha uma veia mais política. Pena não ser tão da mídia quanto Cartola.

Como quem não quer nada acabei transportando essa realidade pra minha valorosa escola, a Mocidade Independente de Padre Miguel. No fim do ano passado, faleceu Toco, compositor com mais vitórias na minha querida verde e branco. Toco nunca gravou um CD com suas músicas, não existe registros – ao menos não conheço – dele cantando suas obras, não foi a jornais, não foi a programas de tevê. A idéia não é fazer uma comparação entre sua obra e a de Cartola, mas será que nosso compositor não teria deixado de ser patrimônio só da Mocidade se tivesse aparecido mais nos meios de comunicação? Será que se tivesse esse espaço não teria se transformado em patrimônio do samba e da cultura carioca? Não que não seja hoje em dia, mas seu nome e obra não são conhecidos.

Sei lá, apenas pensamentos soltos desse blogueiro que sentiu necessidade de registrar isso.

E a vida segue.