Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

quarta-feira, agosto 28, 2002

ONDE ESTÃO OS POSTS QUE FIZ???
Gosto do Jorge e essa música do cara ainda tem um significado especial nos dias de hoje.

Que Pena
(Jorge Ben)

Ele já não gosta mais de mim

Mas eu gosto dele mesmo assim

Que pena, que pena

Ela já não é mais a minha pequena

Que pena, que pena

Pois não é fácil recuperar

Um grande amor perdido

Pois ela era uma rosa

Ele era uma rosa

As outras eram manjericão

Os outros eram manjericão

Ela era uma rosa

Ele era uma rosa

Que mandava no meu coração

Coração, coração, coração

Mas eu não vou chorar

Eu vou é cantar

Pois a vida continua

Pois a vida continua

E eu não vou ficar sozinho no meio da rua

No meio da rua

Esperando que alguém me dê a mão

Me dê a mão

A mão
Pan

Quando o Pan-americano acontecer, das duas uma: ou já morri ou vou ter mais de trinta!!!
Quando a gente vê um amigo dando aulas na mesma universidade onde fomos calouros juntos dá pra pensar que o mundo é realmente estranho e que até eu posso me tornar um professor mais pra frente. Td bem que nao tenho o mesmo talento que o meu amigo, mas tenho vontade de dividir o que sei. Não sei muito, é verdade, então ia ser fácil dividir já que é pouquinho.
Odeio Botafogo

Onde já se viu circular durante 40 minutos sem encontrar uma vaguinha que seja pra desovar o carro? Coisas que Botafogo oferece. Passei cinco vezes pela rua onde trabalho e nada, absolutamente nada de vaga. Pior, sempre tinha um furgão, um um carro com váááááááários adesivos de candidatos NO MEIO da rua, totalmente NO MEIO da rua. O que esses caras pensam que são? A cidade já é um inferno, um trânsito infernal e ainda tenho que enfrentar o egoísmo dos motoristas cariocas.
Encontros...

Tá ficando engraçado encontrar ex-professores por aí em reuniões sérias sobre debates e entrevistas. Os caras me olham, lembram da cara e depois do nome. "Vicente? O que vc tá fazendo aqui?". Aí Vicente entra com a resposta e a explicação. Eles ficam bolados, mas nao perdem a pose. Acho que os caras nunca imaginaram que me veriam em uma posição de jornalista sério. Acho que nem eu.
Cadê Robertão?

Há tempos não consido encontrar Robertã, vulgo de Roberta Carvalho, grande figura. Essa vida de levar duas horas pra ir e duas horas pra voltar do trabalho mata o suburbano. Nem dá pra tomar cerveja de forma desencanada, pq como o dia começa muito cedo na manhã seguinte é melhor não abusar muito da sorte e do fígado e ficar pelos arredores de Bangu.
Não vejo ninguém

Essa vida de assessor de candidato ao governo é dura. O que é hora pra sair de casa e hora pra chegar? O que é fim de semana? Sei lá. Mas um dia vou conseguir relembrar o que é... ah se vou...

Por conta disso estou há mais de um mês na cidade e ainda não consegui ver metade dos camaradas... Nem sei se essa 'ausência' é por um bom motivo, mas foi opção minha e é melhor agüentar.

sexta-feira, agosto 23, 2002

Jogos...

Domingo é mais um dia de trabalho... Vai ser o segundo seguido em que quero ir a um jogo de futebol e não rola. Domingo passado rolou Flamengo e Goiás e Joice estava aqui. Não rolou de ir ao Maracanã. Td bem, o Flamengo jogou mal mesmo e o jogo ficou num 1 a 1 meia bomba. Mas domingo agora é um dia sensacional. Vai rolar Bangu e América, estréia dos dois na Série C do campeonato brasileiro. Melhor, o jogo é em Moça Bonita, o bom e velho Estádio Proletário Guilherme da Silveira Filho... Vou ficar na pista e com bico por essa... Trabalhar domingo é a coisa mais pentelha que existe.
Bonde

Sou carioca sim, mas até ontem não tinha andado de bonde em Santa Teresa. É uma experiência maneiríssima, uma das coisas mais gostosas que pude experimentar nessa cidade. Além do que é merreca, custa R$0,60.

Poder ver o Centro do Rio por cima é muito bom, até relaxante após um dia ligeiramente estressante. Mas passar sobre os Arcos da Lapa deu medo. Sou cagão, é verdade. Tenho pavor de altura e ficar sacando os carrinhos lá embaixo não é algo que faça me sentir numa situação muito segura. Mas sobrevivi e cheguei ao apartamento do Rafa com relativa facilidade, afinal de contas fui repórter de cidade, né, tenho a mínima noção de geografica local e como me virar para chegar aos lugares.

Além de rever o cara, falamos mal de nossos chefes e ficamos bebendo Boêmia gelada no Mineiro. Eita vida ruim... Estou de volta à vida de boemia e papo-furado com sotaque carioca...
Estou me redimindo aos poucos

Já consegui rever amigo Rafael Cabeção e seu filho, o pequeno Raul Cabecinha. O moleque é bonito pra burro, ficou me olhando com os olhos arregalados e até riu pra mim. Hehe. Sou tio. Estou realmente ficando velho... Mas consegui resolver algo que queria ter feito há muito tempo, conhecer o filho do grande camarada Rafa. Melhor, ante do guri completar um ano, o que vai acontecer na semana que vem...

terça-feira, agosto 20, 2002

Palavra de mestre


"A cerveja e a cachaça são os piores inimigos do homem. Mas o homem que foge dos seus inimigos é um covarde".
(Zeca Pagodinho)

Não sei se a frase é realmente dele, minha amiga Carmen que mandou. Como ela é entendida nesses assusntos de cerveja resolvi dar crédito.

domingo, agosto 18, 2002

Que pena...

Joice, amiguinha da época da Movimento Estudantil (Enecos), esteve no Rio esse fim de semana e não pude vê-la... Ela até ligou, mas eu já tinha saído de casa pra labuta... Triste isso, queria vê-la. É uma menina legal e divertida. A última vez que nos encontramos foi no casamento do Baltar, em janeiro de 99, em Joaçaba, interior de Santa Catarina... Pensei que ia matar saudades, mas por motivos de força maior não deu...
Tristeza

Esse fim de semana está sendo especialmente triste. Nada que fiz deu certo, além do trabalho que é quase todo dia, mas ao menos as coisas funcionam por lá.

Não vi pessoas que queria rever, não fiz coisas que queria fazer. Tb estive com gente com quem queria estar, mas tudo deu errado... td desandou e o clima ficou ruim...

É uma daquelas fases em que não rola sequer vontade de sair de casa, mas o trabalho obriga. E ainda bem que tô trabalhando bastante pra ocupar a cabeça nesses momentos especialmente ruins.

sábado, agosto 17, 2002

Ficando velho

No caminho tive que passar pelo Boulevard 28 de Setembro, que fica pertinho da Uerj. Tava rolando pedágio do trote e vi um monte de calouros pintados. Um sinal fechou e tive que parar, né. Tava pilotando o ervilhão. Aí veio na minha direção uma menina com uma camisa que me pareceu familiar. Conforme ela chegou mais perto reconheci. Era a camisa que mandamos fazer quando éramos do Cacos (Centro Acadêmico de Comunicação) quando fomos ao programa do Jô Soares, em São Paulo, ainda no SBT. Isso tem, por baixo, seis ou sete anos... Como é que ela tem essa camisa?!

Não deu tempo de perguntar como ela consegui a camisa, mas ainda volto lá pra tomar cerveja as custas dos calouros de descobrir como a caloura conseguiu esse exemplar arqueológico...

É... faz nove anos que era calouro de comunicação da Uerj... Quem diria que eu iria fazer metade das coisas que já fiz... Vida que segue.
Não fui ao jogo do Mais Querido

Quinta-feira o Mais Querido jogou no Maracanã pela primeira vez no campeonato nacional. Liguei pra camarada Jacomo, rubro-negro como eu, pra convidá-lo pra ir ao jogo. Era aniversário do cara. Troquei o programa. Em lugar de ir ao Maraca dei as caras no apartamento do cara, perto do estádio, em Vila Isabel.

Jacomo é figuraça, negão de dreadlocks que não toma cerveja, só vinho. Na festa, onde tinha família Jacomo para todos os lados e demais conhecidos do cara e o Vicente meio-penetra bônus apareceu um personagem das antigas. Outro negão, Marco Aurélio, figura que viajou comigo na minha primeira ida para Pernambuco.

Enquanto fui participar do Enecom, o cara foi participar do Enead. Encontros simultâneos de cursos diferentes. Marco Aurélio é primo do Jacomo. Surreal. Que mundo ovo é esse.

Ficamos lembrando de antigas histórias, causos acontecidos e fotos tiradas. Lembro que nesse mesmo encontro de estudantes acabei ficando sem lugar no nosso ônibus (dividido meio a meio entre Comunicação e Administração). Fui em pé do Rio a Campos (quatro horas) até que o ônibus da UFF (que tb ia pra PE) emparelhou e levou uma galera que tava no nosso. Graças a Deus... Dois dias em pé e dormindo no chão ia ser hard demais pra mim.
Gerson Combo

Esse eu queria que o Mestre, o bom e velho Afonso, tivesse presenciado. Num sábado desses fui à Loud! com Robertão. Justo nesse dia rolava show do mitológico e folclórico Gerson King Combo. Muito bom, muito bom, muito bom. É o mais puro suíngue suburbano carioca, muito anterior ao funk que acuparia esse mesmo território décadas depois.

Não foi o primeiro show do cara que assisti e espero que tenha não sido o último. Pena ainda não tenho CD algum da peça, que é parente do bom e velho Dimmi Amora. Dimmi prometeu apresentar Gerson pra galera, vou ver se cobro isso dele.
Três semanas e não vejo a galera

Vou completar um mês de repatriado, mas até agora não rolou de ver meus amigos de sempre. Conto nos dedos os 'revistos': Chrisna, Minduím, Emerson e Roberta. Cabou. A Paula não conta nesse caso, embora tenha sido vista já. Os demais ainda estão na lista de espera...
Mau amigo

Eu sou um vacilão. Ainda não vi o filho do grande amigo Rafael Cabeção, mas até liguei pro cara no dias dos pais. Claro que ele não atendeu o telefone, né.

Outro furo foi não ter ido ao aniversário da Mariana, ali em Ipanema. Pô, fiquei todo troncho, mas surtei e ainda fui pra esbórnia na mesma noite. Como fiquei sem graça de não ter ido, não liguei de volta... Hoje faz duas semanas e ainda estou sem cara de ligar. Já devo fazer parte da lista negra da menina... Xi...
Roberta me enrolando

Pedi para Robertão, uma das minhas poucas amigas que consegui rever, pra pôr aquelas firulas de contador e comentários. Como ela mesma diz, jacaré pôs? Nem ela... Mas vou continuar pedindo, uma dia ela vai quebrar o galho e ajudar o Vicentinho.
Não! Eu não levei um pé na bunda em PE

Mó galera tem me perguntado se fui degolado lá em PE. Não, não foi isso que rolou. Neguinho do Rio me ligou lá fazendo uma proposta que achei interessante. Meus nobres companheiros de república souberam e deram força pra eu voltar. Inclusive uma das companheiras era minha chefe e fui tudo feito na boa. Eu ainda tenho as chaves da República dos Cães Sem Dono, em Candeias.
Tá faltando tempo

Estou há três semana de volta ao Rio, mas não tá rolando tempo pra fazer tudo o que eu queria. Tenho dedicado a maior parte do meu dia ao trabalho. Essa vida de assessor de candidato é mó pentelhação.
Querido blog, eu voltei.

sábado, agosto 03, 2002

Voltao à velha forma

Lapa e Casa da Matriz voltam ao circuito. Fui à Lapa na sexta-feira retrasada com Irmão-Léo e parceiro Emerson. Tava com saudade daquele ambiente meio mundo e que dá a impressão que tá todo mundo lá.

Ontem voltei à Matriz. O bom e velho Janot, jornalista e DJ, mandou bem e deixou o Vicente feliz pra burro. Nunca havia escutado tantas músicas do Nação Zumbi por lá. A companhia de Irmão-Léo e Robertão garantiu diversão. Dançar com Robertão 'possuída' e ouvir suas histórias sensacionais já vale a noite.
PPS e mané

Segunda-feira lá vou eu ao cinema. Normal, eu gosto de ir e tal. Fui ver Beijando Jéssica Stein, filme sasquash e maneirinho... Enquanto retornava para o carro começo a futucar os bolsos e nada da chave do carro... Encontrei ingresso, carteira, chaveiro de casa, vários papeizinhos e nada da chave do carro. Enquanto isso continuo andando até visualizar o ervilhão. Quando cheguei diante dele, lá estava ela! As chaves do carro na fechadura da porta!!! Eu deixei lá e ninguém sequer mexeu! Os ladrões do Rio estão mais manés que eu. Deixo tudo de bandeja e ninguém mete a mão! Tava tudo lá dentro do jeito que deixei, mas esse mico de deixar a chave na porta é pra ficar pra história...
PPS e mané

Segunda-feira lá vou eu ao cinema. Normal, eu gosto de ir e tal. Fui ver Beijando Jéssica Stein, filme sasquash e maneirinho... Enquanto retornava para o carro começo a futucar os bolsos e nada da chave do carro... Encontrei ingresso, carteira, chaveiro de casa, vários papeizinhos e nada da chave do carro. Enquanto isso continuo andando até visualizar o ervilhão. Quando cheguei diante dele, lá estava ela! As chaves do carro na fechadura da porta!!! Eu deixei lá e ninguém sequer mexeu! Os ladrões do Rio estão mais manés que eu. Deixo tudo de bandeja e ninguém mete a mão! Tava tudo lá dentro do jeito que deixei, mas esse mico de deixar a chave na porta é pra ficar pra história...
Abordagem dos puliça

Minha amiga neo-hippie Chrisna pariu. Seu filho com o figuraça-gente-fina Amaro chegou ao mundo, é mais um niteroiense. Só chamam o menino de Cainã, esse povo natureba tem umas opções curiosas... Mas como minha mãe entrou numa de me chamar de Vicente Magno (que é um nome composto) não tenho muita moral pra decorrer sobre nomes de terceiros. Mas que Cainã no mínimo fora dos padrões urbanos ocidentais, ah é.

A visita à Chrisna e o neném-hippie foi feita com Paula, figura presente na minha vida há quase dez anos já. Afinal de contas, ela tinha idéia de onde era. Na volta, quando fui desovar a menina no Rio Comprido, bairro onde mora e que é conhecido pela facilidade na incidência em balas perdidas, rolou uma daquelas abordagens clássicas da polícia. Carro parado, a gente conversando (visto que não nos víamos há meses) vemos um Rádio Patrulha encostar atrás com a sirene acesa... Quatro homens descem do carro com escopetas, pistolas, metralhadoras, canhões e mísseis apontados pra gente. Pensei: “oba, voltei ao Rio e vou morrer na mão da puliça com menos de uma semana na cidade. Chato vai ser aparecer nos jornais onde trabalhei como um perigoso meliante ou membro da quadrilha do Elias Maluco”.

Bom, graças ao bom e velho Deus os caras chegaram de leve, me identifiquei e fui liberado. Mas por que eu tenho que ser abordado com armas de grosso calibre apontado pra minha cabeça? É a Segunda vez que isso acontece no mesmo bairro...

Quem mandou nascer preto e pobre, né? Pra eles já sou suspeito desde quando saio de casa...