Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

sábado, agosto 03, 2002

Abordagem dos puliça

Minha amiga neo-hippie Chrisna pariu. Seu filho com o figuraça-gente-fina Amaro chegou ao mundo, é mais um niteroiense. Só chamam o menino de Cainã, esse povo natureba tem umas opções curiosas... Mas como minha mãe entrou numa de me chamar de Vicente Magno (que é um nome composto) não tenho muita moral pra decorrer sobre nomes de terceiros. Mas que Cainã no mínimo fora dos padrões urbanos ocidentais, ah é.

A visita à Chrisna e o neném-hippie foi feita com Paula, figura presente na minha vida há quase dez anos já. Afinal de contas, ela tinha idéia de onde era. Na volta, quando fui desovar a menina no Rio Comprido, bairro onde mora e que é conhecido pela facilidade na incidência em balas perdidas, rolou uma daquelas abordagens clássicas da polícia. Carro parado, a gente conversando (visto que não nos víamos há meses) vemos um Rádio Patrulha encostar atrás com a sirene acesa... Quatro homens descem do carro com escopetas, pistolas, metralhadoras, canhões e mísseis apontados pra gente. Pensei: “oba, voltei ao Rio e vou morrer na mão da puliça com menos de uma semana na cidade. Chato vai ser aparecer nos jornais onde trabalhei como um perigoso meliante ou membro da quadrilha do Elias Maluco”.

Bom, graças ao bom e velho Deus os caras chegaram de leve, me identifiquei e fui liberado. Mas por que eu tenho que ser abordado com armas de grosso calibre apontado pra minha cabeça? É a Segunda vez que isso acontece no mesmo bairro...

Quem mandou nascer preto e pobre, né? Pra eles já sou suspeito desde quando saio de casa...