Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

quinta-feira, dezembro 27, 2007

Vizinhança impagável

Já passou de 1h da manhã. Tava futucando coisas do mestrado, da minha interminável dissertação. Fechados os arquivos, ouvi uma música alta do lado de fora. Música alta 1h da manhã não é a coisa mais normal em uma madrugada de quarta para quinta-feira. Abri a porta do quarto e fui até o terraço, vi que o segundo andar do vizinho quase da frente estava todo aceso. Olhei melhor e notei umas cabeças, acho que seus filhos também estavam lá.

Aí aparece ele na janela com um disco de vinil na mão e grita “vocês vão escutar o que é bom!”, com seu inconfundível sotaque lusitano. Sorri e fiquei alguns instantes até começar a ouvir a primeira música do vinil “Only you”. Hahaha. O que será que está se passando na cabeça do meu folclórico vizinho? Gosto dele, é um senhor polêmico, mas que tem minha simpatia. Mas por essa eu não esperava. Sei que a música não foi destinada a mim porque ele dá a entender que vai com a minha cara. O que fizeram ele escutar pra despertar o ódio a essa hora da madrugada? Imagino que alguns devem estar tendo problemas pra dormir, mas tenho que admitir que essas histórias cotidianas se tornam divertidas de tão inusitadas.

Se encontrar com ele na rua vou ser obrigado a perguntar o que estava acontecendo. Ganho um fora ou uma resposta? Bom, se perguntar mesmo eu posto aqui.

segunda-feira, dezembro 24, 2007

Já é tarde do dia 24 de dezembro de 2007. Custa nada deixar aquela mensagem de Feliz Natal aos malucos que lerem esse negócio.

domingo, dezembro 16, 2007

Acordei na manhã de domingo pra ver Boca x Milan. Mesmo com quilos de brasileiros no time italiano, conhecendo suas cores vermelha e preta, não me permiti torcer por eles. Fiquei do lado dos portenhos, mais um con la hinchada de Boca. Não rola torcer por um clube europeu com tanta grana, localizado em uma das cidades mais ricas do mundo, capaz de juntar jogadores de tudo quanto é canto a peso de ouro. Enquanto, do outro lado estava um clube que gosto, de uma cidade que gosto, com quem rola uma identificação com a torcida.

Comemorei o gol do Palácio (o empate boquense, ainda no primeiro tempo), separei a camisa oro y azul do Boca Juniors, mas os milaneses não deram chance. O placar de 4 a 2 foi de bom tamanho. Pena. De qualquer forma vou sair por aí com a camisa do clube, que é não é o Mengão, mas por conta da paixão do seus torcedores ganhou meu respeito e minha admiração.


Ó o sujeito mais gordinho e com muito menos cabelo
na Bombonera em meio a hinchada do Boca Juniors.


Já passou um mês e não me lembro de ter postado... Esse pedaço entre o meio de novembro e o meio de dezembro é um pedaço de recordações bacanas. E como esse prefeito é chegado numa fanfarronice... Decretou o Dia do Flamengo e depois disse que fomos, a torcida Rubro-negra, tombados como Patrimônio Cultura da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Eu fico pensando que ele é botafoguense, mas gosta de puxar um saco da massa flamenga. Será que acha que vai ganhar mais votos com isso? Não sei quem são os candidatos, mas o meu não vai pra ele. Ah, má num vai mermo... De qualquer forma, valeu aê.

O barato disso é que rolou uma legitimação oficial sobre a manifestação cultural que é a torcida. Sim, porque é uma movimentação impressionante. Coreografias e cantos que não são ensaiados tomam lugar no estádio e chegam a impressionar os olhos, tantos do que fazem parte quanto dos que não fazem parte. Falam que somos fanáticos. Bobagem, somos só apaixonados. Falam que é uma torcida de marginais, de pobres e favelados. Sim, somos. Basta apenas entender esses adjetivos não de forma pejorativa como a maior parte fala, mas como retrato de uma realidadezinha escrota. Se é marginal é porque alguém pôs a margem, se é pobre é porque existe um esquema que nos mantém pobres, se são favelados é porque há um déficit habitacional que leva parte da massa pobre a viver nessas condições. Mas mesmo assim temos o Flamengo para nos dar alegria. Haha. Fabulino, refestele-se, debata-se, meu amigo luso-candango.

Não falo sobre o tri-estadual de basquete porque já é judaria com o clube que insiste em ser vice. Ok, um dia isso vai acabar e eles serão campeões, mas como isso não acontece... Vice de novo!
Elitizar de estádio de futebol?

Há umas semanas ficou rolando aquele papo de elitizar estádios de futebol a exemplo do que acontece na Europa, uns sujeitos defendiam isso como se fosse a salvação dos clubes brasileiros. Curioso foi ter visto o presidente do Corinthians defender essa tese. Será mesmo? Isso funciona? Foi usada uma comparação que me pareceu infeliz. Falou-se como exemplo do desfile das escolas de samba. Pois é, mas isso acontece uma vez por ano e os indivíduos que curtem guardam grana durante um tempo pra poder arcar com o custo extorsivo imposto pela Riotur. Jogo de futebol tem todo domingo, domingo e quarta-feira as vezes. O que leva o sujeito a crer que ele vai ter casa cheia vendendo ingressos a, por exemplo, 100 reais? E olha que tem gente querendo por umas entradas a 200 contos.

Ah, e a galera mais pobre? Esses veriam pela televisão. Ué, mas como se os jogos são transmitidos principalmente por canais de assinatura? Sei não, parece-me que as idéias estão meio tortas, muito, mas muito elitistas. Tenho receio que esse discurso de elitização das arquibancadas vai ser um tiro no pé. Não acredito que Flamengo, Corinthians, Bahia, Fortaleza, Cruzeiro ou qualquer outro time que tenha torcida grande vai justificar os custos de um estádio de futebol mantendo os preços lá no alto.

Óbvio, existe toda uma campanha de valorização do ir ao estádio quando se assiste noticiário na televisão ou se lê as matérias no dia seguinte nos jornais. Isso ficou claro com a babação sobre a torcida do Flamengo durante esse campeonato nacional, existe também todo um barato em ir ao espetáculo e ser parte efetiva do espetáculo, rola a sensação de não ser só espectador, mas ator na festa... mas mesmo assim. Quantos podem ir a tantos jogos seguidos metendo a mão no bolso? Temos uma classe média tão apaixonada e uma alta? Tão afeita ao futebol? Tão disposta a gastar parte considerável dos seus ganhos pra dedicar a uma paixão que lhe traz prazer, emoção, alegria, euforia mas só representa gastos? Tendo a acreditar que o discurso de só deixar quem tem grana ir ao jogos vai ser um tiro no pé.

Existe uma tensão em quem grana e quem não tem nos estádios, isso visível. Observo muito nos jogos do Flamengo. Será que vão detonar a pobretude das arquibancadas? Tomara que não. Minha voz de pouco vale, eu sei, mas vou continuar usando. Na minha concepção, arquibancada de estádio de futebol é uma coisa que deveria ser acessível a todos.

E, uma impressão muito particular... Fui ao jogo Brasil x Equador pelas eliminatórios da Copa de 2010. Torcida basicamente de classe média. Um comportamento mala, chato, sem qualquer peso. No dia seguinte, jogo do Flamengo – e aqui não vou fazer defesa da minha torcida, porque poderia ser qualquer outra que tenha perfil de torcedor de estádio, não de quem vai ver uma peça de teatro, porque são espaços com usos e hábitos diferentes – o calor, a vibração nas arquibancadas era absolutamente outra.
Quem diria... Falta de tempo no fim do ano. Tenho que finalizar o texto da dissertação em fevereiro, que está logo ali. Vai dar? Sei lá, tem que dar. Só que voltei a labutar, aí já viu... O sujeito labuta, volta pra casa e procurar encaminhar a dissertação. Vai dar? Vai dar? Não sei, mas o sujeito vive com medo.
Semana passada lá fui eu a universidade falar da minha pesquisa, aquela mesma que está dando origem à minha dissertação. Vivo meio sem pai nem mãe porque não conheço – e calha de ninguém conhecer também – pesquisas no mesmo sentido. Vou indo, aos trancos e barrancos, batendo cabeça, mas tentando avançar com o trabalho. Ao falar do que venho levantando com o passar do tempo vejo as reações de “uau, que legal”. A impressão que posso falar qualquer coisa que a galera, que só conhece meu objeto de estudo beeeem supercialmente, acredita. Vi isso em alguns congressos onde falei da pesquisa e me observam como se eu estivesse futucando algo sensacional. Sei lá, acho algum exagero. Também pudera, a academia parece olhar com certo nojinho pro meu objeto – nada mais do que as escolas de samba do Rio de Janeiro. A impressão é que se olha como algo menor. E aí vou eu procurando respostas de coisas ligadas a esses grupos carnavalescos que eu pensava a algum tempo e vou me deparando com essas reações. Confesso, é esquisito.

sexta-feira, dezembro 14, 2007

Aos desocupados que insistem em ler esse blógue:

O mané aqui anda pegado com a dissertação - tá na reta final, tenho que tomar vergonha na cara e parir o texto - e e voltou a labutar. Fazer as duas coisas ao mesmo tempo não é lá a parada mais fácil da história. Mas vamos tentando.

Tenho pôstes a fazer, mas tenho que parar e ter saco pra escrever. Fabulino, vc não perde por esperar...

PS: Tibiriçá, joga VMF1 pra tu ver o que pinta.