Essas viagens a trabalho proporcionam coisas curiosas. Ano passado pude sobrevoar um trecho da floresta amazônica, bem na meiúca do estado do Amazonas. Foi um sobrevoo curto, feito por helicóptero, sobre o Rio Amazonas e um pedaço da mata. Eu sequer imaginava ver algo tão absurdamente belo. A grandiosidade do rio, aquele verde que seguia rumo ao horizonte em qualquer direção que eu olhasse me fizeram esquecer por completo o medo de altura. Uma oportunidade ímpar, reveladora e capaz de encher de orgulho viver em um país que conta com algo dessa magnitude.
Por outro lado, voando sobre a mesma floresta, só que sobre estados como Pará e Mato-grosso a coisa muda de figura. A quantidade de clarões em meio a mata que deveria estar fechada é escandaloso. Viajar durante o dia permite ver, além das incontáveis clareiras, várias colunas de fumaça subindo ao céu. Esquisito pensar que é a mesma floresta – separada por algumas centenas de quilômetros, é verdade – mas deveria ser a mesma paisagem. Ao menos ser menos desmatado.
Enquanto uma visão é de maravilhar a outra é incomodamente preocupante.
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