Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

terça-feira, outubro 30, 2007

Falando em festa...

Hoje inauguraram o tal do shopping em Bangu. Dona Glória foi. Mas muita gente também foi. A impressão que tive foi que o circo chegou na cidade... Eu mesmo deveria ter ido até lá ver. A progenitora ligou de lá pra dizer que parecia o Sambódromo em dia de desfile, ou seja, geral tinha ido dar as caras na tal do centro comercial.

Curioso ver um evento assim num bairro centenário como Bangu, nascido de uma vila operária localizada ao lado de uma fábrica de tecidos. O centro comercial vai funcionar nas antigas instalações da tal fábrica. Tenho uma visão meio azeda diante desse deslumbre acera do tal shopping. Mas, pelo que vejo, os moradores curtem a idéia de ter um centro comercial desses por aqui. Tudo bem, convenhamos que após ter nascido da vila operária Bangu se transformou em um importante referencial do comércio nesse pedaço do Rio de Janeiro, rivalizando com Campo Grande (outro bairro da zona oeste da cidade com vocação comercial. Campo Grande, se não me engano, tem dois shoppings).

Fora discursos ideológicos, parece representar na cabeça dos meus conterrâneos um tipo de afirmação pro bairro. Ainda não identifiquei bem como, mas vou continuar observando a galera pra ver se chego a alguma conclusão. Mas algo se pode notar, a referência de “desenvolvimento”. Cá pra nós, bizarro um shopping significar esse tipo de coisa, e o que levou a pensar isso foram os vários carros de som que andam pelo bairro anunciando “que o povo de Bangu agradece ao político tal pelo shopping e blá, blá, blá”. Vale registrar que todos os personagens políticos locais (desde partidos de esquerda até o partido de direita do prefeito) tentam capitalizar aquele centro comercial nas suas próprias contas. Não é nada, não é nada, representa um aumento na circulação de dinheiro no bairro (nas mãos de empresários e comerciantes), mas também um aumento nos números de empregos pros malucos que moram nos arredores. Só não dá pra saber ainda como o comércio fora do shopping, no antigo calçadão, da Avenida Cônego de Vasconcelos e dos arredores vai reagir. Quero crer que vai seguir o exemplo de Madureira, onde o comércio se virou e se mantém aberto, aparentemente, sem perder a força.