Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

sábado, abril 29, 2006

Rogou ou não rogou praga?

No fim da manhã de ontem, sexta-feira, fui parar na Praça XV. Ia pegar um bonde q partia de lá, quer dizer, uma lancha q partia de lá. Durante a espera, uma senhora tipo figuraça passou pelo grupo em que estava. Foi à frente, deu um tempo e voltou se aproximando. Não sei em qual momento ela percebeu que eu carregava um bolsa plástica cinza, na realidade uma vistosa bolsa plástica cinza com a logo da empresa onde trabalho.

Não só percebeu como pediu a bolsa. Infelizmente a bolsa não era minha, eu carregava a pedido de uma colega que também esperava o barco, chance zero de a senhora ganhar o que pedia.

Quando começou o nosso surreal diálogo é que comecei a prestar atenção no personagem. Era uma mulher simples, mas vaidosa. Cabelo arrumado, anéis, maquiada. Vestia uma jaquetinha jeans e usava alguns colares. Mas, na realidade, o que chamou atenção foram seus dois broches: um onde se lia Brizola e outro do PSBD. Sabe-se que uma coisa tem nada a ver com a outra. Daria até conflito.

O diálogo foi surpreendente. – Oi, disse ela. – Você me dá essa bolsa? Ela é tão bonita. Já ganhei uma em outra oportunidade.

Vicente, tentando ter jogo de cintura, respondeu que não poderia, a bolsa não era minha, não daria algo que não era meu. Estava fazendo um favor para uma colega, além do que eu carregava ali coisas do trabalho.

A senhora deu a entender que tinha entendido, mas aí venho uma lapada de informações que me deixaram confuso.

“Quando eu casei com Deus o pastor me deu essa caneta, onde está o número 317, o da nação da felicidade. Já me pediram, mas não dei a caneta”.

Ela apontou essa hora para o broche do Brizola. Ahn? Caneta? Deus? Brizola? Não deu? Ahn??

E antes de ir embora, disse a frase emblemática:

“Olha, não estou te rogando praga, viu?”

Bom, se não tava rogando nem precisava avisar. Ou avisou justamente porque estava rogando? Essa foi a dúvida. De qq jeito ficou na pista, não ganhou a bolsa. Depois até fiquei com medo do material cair na água, de ter ficado com algum olho grande da tia pidona pendurado ali.

quinta-feira, abril 27, 2006

Alma lavada

Tomei chuva, comemorei, devo até amanhecer sem voz. 4 a 1 foi de ótimo tamanho sobre os mineiros da Segundona. Fui torcendo por uma goleada, mas sem por muita fé. Mas deu pé, quatro gols rubro-negros. Bom, tá menos difícil ir pra final da Copa do Brasil, vamos ver como vai ser lá no Mineirão.

E domingão é dia de ir a Porto Alegre (o time, não o Vicente) para a partida contra o Inter. Vamos ver, né. Q tenhamos sorte e um bom desempenho no Beira Rio.

E, só pra registrar: MENGO!!!

quarta-feira, abril 26, 2006

Uma tade de aula

Dia de aula é meio corrido. Tenho que chegar cedo ao trabalho, dar conta de tudo, almoçar rápido e vazar rumo a universidade. Essa quarta-feira foi quase igual às outras que passaram. Quase igual porque começou mais ou menos assim, só que vim de carro. Ervilhão, o aventureiro e parceiro gol bolinha verde, q ficou no estacionamento da universidade enquanto fui para o escritório, no Centro. Mas quando ia para aula e passei diante do Maracanã, que fica na frente da Uerj, vi a fila para comprar os ingressos de hoje, pro jogo contra o Galo de logo mais.

Pensei na hora: "esse jogo vai encher, tenho q comprar logo meu ingresso!". Subi ao décimo andar, assisti minha aula. No intervaldo lá fui eu varado até a bilheteria 8, onde rolava a venda das entradas antecipadas. Quando passei de ônibus cerca de 15 cabeças estavam lá. Quando voltei, duas horas depois, já eram 30. Diliça, né.

Fiquei a bobagem de uns 35 minutos pra ter meus ingressos em mãos. Só que o intervalo já havia terminado. Bom, com as entradas nas mãos lá foi o Vicente correndo, atravessando as duas pistas que separam a universidade do estádio. Só que no caminho pro elevador... quem estava lá? Ervilhudo.

Não resisti, fui até o carro, tirei a camisa comportada q eu usava, pus o Manto Sagrado - a camisa vermelho e preta do Mais Querido do Brasil - peguei minha bandeira - dobrada com carinho e amor - e fui correndo pra sala.

Curiosa foi a reação do professor e dos colegas, que discutiam a apresentação de seminários de metologia de pesquisa (coisa q o mané do Vicente perdeu pq comprava ingressos). Alguns mal entenderam que viam o Vicente em nova indumentária e uma bandeira no ombro. Mas o melhor foi o professor, longe de estar sisudo. Olhou pro sujeito aqui que posta q disse com a boca cheia de dentes misturados num tremendo sorriso"bela camisa, hein". Uhu! É ou não é um bom presságio?

segunda-feira, abril 24, 2006

Ser mané é

Ser tradicionalmente um péla-saco q esquece sempre alguma coisa quando viaja, desde toalhas, calças jeans, chinelos, camisas, bermudas... Na ida ao RS tomar um tremendo cuidado, fazer uma lista para checar coisa por coisa....

E quando chegar ao Rio se dar conta q justamente as chaves de casa ficaram por lá...
A diferença de temperatura é de dar medo num carioca... Hoje deixe Porto Alegre - no fim da madrugada, tudo bem, mas com 13 graus e cheguei ao Rio com 28 graus. Eitcha.
Fim de semana no Rio Grande do Sul. Ida a serra, ida ao Beira Rio pra ver jogo do Colorado. Até o saci fez gol, o colombiano firuleiro do Rentería. Valeu a ida. Deu vontade de voltar.

quinta-feira, abril 20, 2006

Colecionador safado é aquele q vai até a sede do clube comprar uma camisa. Fui a sede do Esporte Clube Rio Grande, sobre o qual se diz ser o mais antigo do Brasil, e comprei mais uma peça pra minha coleçao. Firuelrio e abelhudo ainda passei na porta do estádio dos caras e tirei foto vestindo a camisa pra comprovar a estada por lá.
Queria ter braço pra postar minha impressoes sobre o Rio Grande do Sul. Sobre como fiquei impressionado com as paisagens, com a beleza q vi por aqueles cantos e nao estou falando das gurias.

Mas foi deixar pra depois. Só pra registrar o tamanho do perrengue, não é mole tomar café em Porto Alegre, almoçar em Paranaguá e jantar em Bangu. Ô. Estou um caco.

sábado, abril 15, 2006

Momento auto-ajuda ou o improvável desfile no Boi da Ilha do Governador

Isso aconteceu na noite de terça-feira de carnaval. Já passou um tempão, mas tava lembrando desse mega e caprichado perrengue bem do jeitinho dos q eu passo. Acho que seria honesto postar nesse blógue pra quem quiser ler. É a prova de que o impossível pode ser atingido.

A história é a seguinte: Terça-feira Gorda é dia de desfile das escolas de samba do Grupo B, o q seria a Terceira Divisão do samba carioca. Um amigo tem uma ala no Boi da Ilha, simpática agremiação da Ilha do Governador, que levaria de novo para a avenida o enredo “O Amanhã”. Aquele mesmo, “o que será o amanha? Responda quem puder”.

Era a primeira escola a desfilar, era cedinho. A fantasia era baratinha, o samba já conhecido. O desfile seria perfeito. Um perfeito encerramento do carnaval 2006 quando também desfilei na Acadêmicos de Santa Cruz e na minha Mocidade Independente.

Sai de casa, tranqüilo, rumo ao sambódromo e tal. Estava certo que o desfile seria 20h e já estava na Brasil às 18h30. Liguei pro amigo pra falar que já estava na pista, quando ele deu a informação bomba. O desfile seria 19h. AAAAAHHHHH!!!! Eu estava em Guadalupe, a 20 km de distância do sambódromo, ainda teria q arrumar lugar para parar Ervilhão e por a fanstia.

Liguei para amiga na hora pra dar a informação. Ela nem em casa estava, iria voltar correndo. Perrengaço!!!

Esquecendo o risco

O mané ficou com o pé pesado e saiu varado pela Avenida Brasil. Não vou postar a velocidade média para não registrar a infração, mas corri muito.

No caminho, toca o molecular. O camarada, lá da concentração, diz que o a concentração da escola não é onde ele havia falando antes, está do lado oposto. Não é nada, não é nada, dá uma diferença de 1.500 metros pra ser feita andando. Ainda bem q eu estava frenééééééééééético na pista.

Pisando feito um louco mal via que ultrapassava carros, caminhões e ônibus. E a saga continuou. Liguei para a companheira de desfile, ela pediu para passar na casa dela. Bom, um lascado, dois lascados juntos. Na pior das hipóteses iríamos para a Lapa encher os cornos de cerveja e comemorar nosso primeiro desfile perdido na vida.

Faltando pouco mais de dez minutos para o horário marcado para a entrada do Boi no sambódromo passei na casa da criatura, na Tijuca, e fiz o carreto. Etapa um da missão impossível tinha sido cumprida. Faltava chegar a algum lugar próximo e parar o carro.

Peguei o Rio Comprido e depois o Catumbi. Fiz a volta por trás do Centro e fui me enfiando. Em dado momento entrei em uma rua bloqueada, a Rua de Santana (paralela a Marques de Sapucaí) dizendo q era morador. No perrengue vc fala qq coisa. Parei Ervilhão perto da entrada da concentração, que não é na entrada do sambódromo - existe um portão q fica a algumas centenas de metros para evitar que os componentes se misturem, saiam da formação e tudo mais.

Deixei o carro do lado da Igreja de Santana, um flanelinha chegou pedindo dinheiro. O desenrolou foi o mais rápido da minha vida. Joguei logo que minha escola tava entrando àquela hora na avenida. Hehe, o cara se emocionou logo e me mandou correr que já rolavam alguns fogos. Começamos a correr com a fantasia na mão.

Após uma carreira chegamos ao portão. E lá ia correndo, correndo, correndo. O desfile já havia começado, os carros alegóricos já entravam na avenida.

Liguei pro camarada e ele disse pra correr que dava tempo, a ala ainda não havia entrado há área de desfile.

A cena foi a mais estranha que já vivi. Eu, com a fantasia na mão, correndo atrás da escola que entrava amarradona para seu desfile, já cantando o samba, feliz, curtindo.

Alcançamos a ala. Um diretor de harmonia veio falar: “não corre, entra desfilando!” Ah, ta. E eu sem fantasia. A outra se vestiu rapidinho, era só uma ombreira, duas perneiras, um saião, dois adereços para os braços e o chapéu.

Ela pôs a fantasia e foi. Eu, pra variar, fiquei embananado. Foram segundos desesperadores. Eu só via a ala minha caminhando para a frente, a ala de trás se aproximando. Não registrei o toque da bateria, o samba sendo cantado nada.

Com muito custo e alguma ajuda deu certo. Estava composto. Pus o chapéu errado, que caiu algumas vezes.

Pouquíssimos metros antes da linha amarela onde se lê “Início” e marca de foto o começo do desfile consegui chegar a ala. O suor marcava todo o esforço que foi pra chegar ali. Após respirar fundo algumas vezes deu pra recuperar o controle e começar a cantar.

Foi o desfile mais solto, mais desencanado, mais gostoso. O melhor. Ano q vem tema mais Vicente no Grupo B. Só que vou tomar mais cuidado com o horário pra não ter que fazer o impossível como nesse ano.
Los pelos de Vicente

Momento umbigo. Após seis meses deixando a cabelama crescer fui ao barbeiro fazer a tosa. A idéia era fazer as fofas tranças nagô, aquelas em que as madeixas da pretitude ficam enfileiradas da testa até a nuca. Fui lá fazer, mas já na metade a menina que esticava meu pixaim cacheado avisou q não ia ficar maneiro. “Você usa touca e boné, né? Seu cabelo está quebrado no alto, a gente pode fazer, mas em alguns dias vai parecer q tem semanas porque estando quebrado vai escapulir todo”. L

Diante do aviso restou-me pedir para desfazer o trançado.

Mas uma coisa tem q ser dita. COMO DÓI! Eu já imaginava q doía, mas não que era tanto. O cabelo é puxado, puxado, puxado e puxado. Passa-se um fio de lã preta por entre eles e vai-se trançando (entenda-se puxando). Só que essa brincadeira é a mais dolorosa do mundo. Mas chegar na metade e por conta das circunstâncias desistir é derrota demais...

O q fazer? Podia deixar crescer mais ou cortar. Ah, no sábado seguinte fui ao barbeiro e pedi pra pelar. Foram quilos de cabelo indo ao chão. E ainda tive que ouvir o fanfarrão com tesoura e máquina na mão fazendo a tosa falando pra mim “que bom que veio fazer as pazes comigo. Tenho família, né. Não pode me deixar na mão sem cortar o cabelo por tanto tempo”. Pois é, emocionei-me de cortei o cabelo ajudando o companheiro barbeiro a alimentar seu filho. Vicente tb tem responsabilidade social, ora.
E já requinho ainda virei motivo de debate no trabalho. A ala dos “Não deveria cortar” venceu a dos “Deveria cortar”. Agora é só deixar los pelos crescerem de novo. Mais seis meses...
Feriadão

Todo mundo viajando. E Vicente também, só q partindo na tarde de domingo. Uhu! Geral vai pra lugares quentinhos, né? O mané aqui viaja a trabalho, parte para Porto Alegre e depois vaza para Rio Grande. O melhor: temperatura máxima prevista para Porto Alegre na segunda de 18º e para 16º para Rio Grande. Temperatura máxima!

E eu acostumado em ter 18º como mínima...
Sábado de Aleluia

Voltando a postar justo no dia de malhar o judas. Bem q eu podia malhar a diretoria do Flamengo e o Fábio Lino. hehe.

quinta-feira, abril 06, 2006

O pedinte fanho

Só mesmo algo insólito para me fazer deixar meus livros e textos de lado pra voltar ao blógue com uma história estranha. Voltando da universidade para casa peguei o trem parador que vai da Central do Brasil até Bangu, desço na penúltima estação dessa linha, na estação Guilherme da Silveira.

Não lembro qual era a estação, mas quando ainda me acomodava pendurado naqueles ferros gelados que servem de suporte nas composições. Um homem de aparência muito simples entrou no vagão com um pedaço de vergalhão enferrujado que servia de ganho para se segurar nos suportes.

Ele vinha batendo o tal gancho pra fazer barulho e chamar atenção. Vinha falando “uã mõea peo aor e êus”. Chato, dramaticamente chato. Quando o personagem passou por mim ainda caprichou mais: “uauer õea erve a eu õer eião, âoz”. Ahn? O q ele falou? Falou “qualquer moeda pelo amor de Deus. Qualquer moeda serve pra eu comer feijão, arroz”.

Mas o curioso foi ver o comportamento das pessoas no vagão. NINGUÉM se emocionou com o cara. Fiquei na dúvida se as pessoas não perceberam que o personagem passou ou se simplesmente. Ou as pessoas não enxergam o que não as interessa ou cagam e andam para o que não as apraz.

sábado, abril 01, 2006

A última do Boy Metrossexual

Precisando falar com uma colega de trabalho q está de férias, o nosso herói (ou anti-herói) ligou para a casa da menina.

Ao ter o telefone atendido do outro lado o gaiato pergunta:

"É da casa de massagem?"

E ao ouvir a resposta começou a rir... Tenho medo de saber o q foi dito do lado de lá.