Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

quinta-feira, abril 06, 2006

O pedinte fanho

Só mesmo algo insólito para me fazer deixar meus livros e textos de lado pra voltar ao blógue com uma história estranha. Voltando da universidade para casa peguei o trem parador que vai da Central do Brasil até Bangu, desço na penúltima estação dessa linha, na estação Guilherme da Silveira.

Não lembro qual era a estação, mas quando ainda me acomodava pendurado naqueles ferros gelados que servem de suporte nas composições. Um homem de aparência muito simples entrou no vagão com um pedaço de vergalhão enferrujado que servia de ganho para se segurar nos suportes.

Ele vinha batendo o tal gancho pra fazer barulho e chamar atenção. Vinha falando “uã mõea peo aor e êus”. Chato, dramaticamente chato. Quando o personagem passou por mim ainda caprichou mais: “uauer õea erve a eu õer eião, âoz”. Ahn? O q ele falou? Falou “qualquer moeda pelo amor de Deus. Qualquer moeda serve pra eu comer feijão, arroz”.

Mas o curioso foi ver o comportamento das pessoas no vagão. NINGUÉM se emocionou com o cara. Fiquei na dúvida se as pessoas não perceberam que o personagem passou ou se simplesmente. Ou as pessoas não enxergam o que não as interessa ou cagam e andam para o que não as apraz.