Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

sábado, abril 15, 2006

Los pelos de Vicente

Momento umbigo. Após seis meses deixando a cabelama crescer fui ao barbeiro fazer a tosa. A idéia era fazer as fofas tranças nagô, aquelas em que as madeixas da pretitude ficam enfileiradas da testa até a nuca. Fui lá fazer, mas já na metade a menina que esticava meu pixaim cacheado avisou q não ia ficar maneiro. “Você usa touca e boné, né? Seu cabelo está quebrado no alto, a gente pode fazer, mas em alguns dias vai parecer q tem semanas porque estando quebrado vai escapulir todo”. L

Diante do aviso restou-me pedir para desfazer o trançado.

Mas uma coisa tem q ser dita. COMO DÓI! Eu já imaginava q doía, mas não que era tanto. O cabelo é puxado, puxado, puxado e puxado. Passa-se um fio de lã preta por entre eles e vai-se trançando (entenda-se puxando). Só que essa brincadeira é a mais dolorosa do mundo. Mas chegar na metade e por conta das circunstâncias desistir é derrota demais...

O q fazer? Podia deixar crescer mais ou cortar. Ah, no sábado seguinte fui ao barbeiro e pedi pra pelar. Foram quilos de cabelo indo ao chão. E ainda tive que ouvir o fanfarrão com tesoura e máquina na mão fazendo a tosa falando pra mim “que bom que veio fazer as pazes comigo. Tenho família, né. Não pode me deixar na mão sem cortar o cabelo por tanto tempo”. Pois é, emocionei-me de cortei o cabelo ajudando o companheiro barbeiro a alimentar seu filho. Vicente tb tem responsabilidade social, ora.
E já requinho ainda virei motivo de debate no trabalho. A ala dos “Não deveria cortar” venceu a dos “Deveria cortar”. Agora é só deixar los pelos crescerem de novo. Mais seis meses...