Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

domingo, abril 13, 2003

Tarde rubro-negra-baiana


Essa tarde de domingo foi um espetáculo. Temperatura amena, Maracanã com um público razoável e sem muvuca e chocolate rubro-negro no gramado. Dia de Flamengo-espetáculo me fazer feliz e ficar como líder no Brasileirão.

Quatro a um no Fluminense pra fazer esse preto, pobre e suburbano sorrir como uma criança. Não foi exatamente um show de bola, mas inegavelmente foi um jogo pra fazer todos torcedor do Flamengo feliz. Perdi as contas de quantas vezes gritamos olé. Tb perdi as contas de quantas vezes xinguei o juiz, o Fábio Baiano, o Fernando Baiano e o Athirson.

Engraçado que tanto o Fábio quanto o Fernando fizeram gols que me deixaram amarradão. Engraçado tb foi lembrar que a tarde no Maracanã foi bem baiana, com dois gols do baiano Zé Carlos, um do Fábio Baiano (que já traz a identificação) e um do Fernando Baiano (que é paulista, mas tá no bolo).

Logo na comemoração do primeiro gol, Vicente vestindo o manto sagrado e sua tôca de um metro e vinte com pompom na ponta, deu um cotovelada no copo de cerveja do marmanjo sentado no degrau acima de arquibancada. Vôou cerveja pra tudo quanto é canto. O maluco chegou pra mim, pediu desculpas umas quatro vezes e mandou "pô, aí, nem vou esquentar se tu bater no meu copo assim mais umas quatro vezes com a gente comemorando". Não deu outra. Eita cara visionário.

Mas diante das vezes que ele e seus amigos pediram perdão por ter sua cerveja esparrada por mim, acredito que eu deveria estar com uma visual ligeiramente sinistro. Deve ter sido por causa desses pelos manés que não tirei antes de ir pro estádio. Durante a comemoração do mesmo gol, chutei o assento do cara que estava sentado no degrau abaixo da arquibancada e não é que a parada foi longe tb. Eu estava aloprado. Mesmo assim, comportei-me. A respectiva estava lá, ao meu lado.

E, meu Deus, o que foi aquela chilena que o careca do Fábio Baiano fez bem na minha frente com um minuto de segundo tempo? O furingudo, na continuação da jogada, ainda fez um gol. Eu até parei de tacar pedra verbalmente no cara naquela hora, com aquela jogada ma-ra-vi-lho-sa diante dos meus olhos, só pude bater palmas. Em quase vinte anos de Maracanã (eu comecei a ir com sete anos), eu nunca havia visto algo tão bonito.

Pra completar a tarde, o Vitória, time do parceiro Baiano, radicado em Brasília, ganhou sua partida em casa e de virada. Foi ou não foi uma tarde rubro-negra-baiana?