Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

quarta-feira, abril 09, 2003

Demodé

Tava eu pensando outro dia como sou uma figura ultrapassada.

Primeiro porque tenho religião, hoje mó galera caga e anda pra essa coisa. Acham que ir a igreja é coisa de mané, mesmo pq vários padres escondem sua boiolice atrás da batina e outros comem criancinhas. Volto a dizer, a Igreja é conduzida por homens, que sempre fazem cagada.

Segundo, porque não fumo maconha nem nunca fumei. Ó, como isso é possível convivendo com meio mundo de amantes da erva?! Sei lá, só que é assim. Não fumo anda, tenho verdadeiro horror a qq tipo de objeto fumegante na ponta, mas não nego que encho os potes com cerveja uísque, cachaça e similares. E, mesmo não fumando, mó galera acha que eu sou o maior consumidor da brenfa. Deve ser por causa da minha indefectível cara de traficante colombiano. Invariavelmente em shows por aí sempre enconstava uma maluquinho dizendo "aí, tem seda?". Hehe, tem não, sangue bão. Todos sabem que doidão só faz essa pergunta pra doidão, de onde cocluo ter cara de doidão, olha que maneiro. Deve ser por isso tb que a polícia, de uns anos pra cá, faz questão de me parar em blitz.

E o terceiro motivo pelo qual sou um personagem do passado é que tenho pais casados até hoje, os caras já vão pra uns 30 anos juntos, fora o período de namoro. Em alguns momentos era até excludente ser assim, ainda mais quando algum colega perguntava "ué, eles ainda são casados?". São, ué. E pra mim serão por muito tempo ainda.

Como diria Robertuda, aquela safada, o mundo é estranho à vera.