Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

sexta-feira, maio 09, 2003

Por falar no tal Zé...

Uma vez quando Vicente era adolescente e circulava desbundadamente pelos subúrbios da santa cidade do Rio de Janeiro aconteceu o seguinte:

Lá estava eu, sob aqueles antigos pontos de ônibus da época do Brizola, com a cobertura de concreto feito um arco, algo meio Niemeyer até. Já era madrugada e não sei de onde voltava, mas o destino era a casa, a mesma em Bangu.

Nessa, um opala preto (sempre ele, é verdade) parou nas proximidades. Como não devo e nem devia nada naquela época, caguei e andei pro carro.

A janela de trás do veículo baixou devagar, o que me deixou com algum receio, é verdade. Mas aí veio a coisa me deixou absolutamente bolado. Uma voz de lá de dentro mandou seca: "Não é esse moleque não!".

Juro que gelei. Mas meu anjo da guarda e minha padroeira seguram a onda, correram pra avisar Zé Maria que era eu, o Vicente, e não o sujeito jurado.

O opala? Saiu do lugar como se nada tivesse acontecido. E eu que dependia do ônibus que passava ali mesmo fiquei, no sapatinho, torcendo pro furingudo do ônibus passar logo. E passou.

Definitivamente eu não tenho porquê reclamar da sorte.