Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

sexta-feira, março 14, 2003

Reencontrando Bangu

Numa dessas tardes de pouca ocupação, lá foi Vicente ao banco, no Centro de Bangu, com a companhia de Irmão-Léo. São alguns minutos de caminhada pelas ruas por onde cresci e comecei a me entender enquanto gente. Como vivi muito pouco no bairro no ano passado, Bangu me pareceu bastante mudado, bastante diferente.

No calçadão, que na minha adolescência era a Avenida Cônego de Vasconcelos, por onde passavam carros, ônibus e por onde desfilavam os blocos carnavalescos locais, hoje é voltada para a circulação de pedestres, tem o camelódromo, parquinho e mesas de damas pros aposentados jogarem até cansar e a famigerada obra do Rio Cidade. O senhor Cesar Epitácio pôs ano passado duas passarelas pelo calçadão, onde tubinhos ficam esguichando pequenas gotas de água pra minimizar o calor. Desnecessário. O calor não é desértico aqui. Graças a atitude como essas, rola uma 'caricaturização' do bairro.

Existem tb pequenos chafarizes entre as passarelas, que mais parecem canos estourados no chão. Ridículo.

Mas, quando vou caminhando na direção da estação de trens vem a parte mais caricata: as escadas rolantes!!! Existem escadas rolantes e elevadores para levarem os transeuntes para cima da estação!! É a única estação que conta com essa verdadeira frescura. Agora, me pergunto, pra quê? Pra que gastar dinheiro com esse tipo de coisa? Deve estar sobrando nos cofres da prefeitura.

Na qualidade de criança qeu gosta de brinquedo novo, pensei: "vou subir nessa parada antes que se quebre e o ilustre prefeito esqueça que botou nessa jeringonça no calçadão de Bangu". Logo quando já estava sobre a estação ferroviária, olhando aquelas pessoas de jeito simples, vindo e voltando dos bancos e comércio local, veio de uma loja lá no chão um tremendo pancadão. Pancadão não é uma pancada forte, mas um funk com batida forte e esporrenta, o pancadão. Não posso negar, eu sorri por estar me sentindo em casa outra vez.

Mesmo assim, fico entristecido por ver o que o poder público faz com meu bairro, mudando sua identidade. Em frente à igreja de Santa Cecília e São Sebastião (que seria a igreja matriz do bairro), bem no Centro, existia um chafariz. Existia, pq o Rio Cidade, projeto de reurbanização da prefeitura, detonou ele. No lugar, existe um largo maior com estacionamentos. Enquanto isso, a menos de 50 metros, está a sede do Bangu Atlético Clube, um dos maiores patrimônios da região e que tem a fachada, em tijolos vermelhos, apodrecendo, com um aspecto mal cuidado e esquecido...

Já no caminho de casa, passei por um prédio na Rua Franscico Real e lá estava... Real Shopping! Blog, Bangu tem shopping, cara! Eu vivi pra ver isso. Tá bom, é um shopping pequeno, um shopping popular (aqui nao poderia ser diferente) e tinha lugar pra tomar chope! Irmão-Léo, bom menino que é, pagou chopes pra gente.

É, Bangu tá mudando pra burro, aquela cidade de interior onde cresci já é uma cidade interiorana maiorzinha... Só falta colocarem um cinema aqui.