Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Lá se foram os ensaios técnicos. Um na Santa Cruz, outros na Mocidade. Passar por aquela rua que se convencionou chamar de Sambódromo, acompanhado de sua escola de samba, é sempre uma experiência interessante, muito interessante.

A Santa Cruz me desperta especial carinho por ser a escola em que meu avô, seu Roberto, ajudava na preparação dos carnavais. Ficou como minha melhor herança a paixão pela festa. E cada desfile é uma homenagem em especial a ele. Cada passagem pela Sapucaí tem um gosto especial de lembrança. Ironicamente nunca desfilamos e minha estréia na escola foi mais de dez anos após seu falecimento.

Amanhã, ou melhor, na madruga de sábado para domingo estarei lá, com o povo de Santa Cruz cantando nosso samba e, tudo der certo, "rasgando o chão" da Sapucaí.
Ser mané é (versão pré-carnaval):


Sobrinho do Vicente vai dar os primeiros passos na Passarela do Samba logo mais, o moleque estréia em sua carreira de desfilante em escolas de Samba na Estrelinha da Mocidade. E isso rendeu um ser mané é do Vicente bem caprichado.

Sábado passado, uma semana antes do Carnaval, rolaria o último ensaio da escola mirim, ali em Padre Miguel. Antes de ter a informação do ensaio já havia sido marcado hora no salão pra futucar o dreadinhos vicentinos. A hora: 17h. Tardinho, mas... era a hora que rolava. O salão fica em Copacabana, não exatamente longe da atual casa do Vicente. Ok, lá chegando e começando os momentos de puxação e arrumação da cabelama o tempo passou. Ás 19h saí de lá. O presidente da agremiação mirim é o camarada que me convidou pra fazer parte da escola-mãe, logo é camarada. Tentei ligar pro sujeito duas, três, cinco vezes naquela tarde e noite, mas não consegui. Tomei um táxi até a casa, peguei a roupa que usaria no ensaio da Mocidade, a escola mãe, que começaria a noite e tomei outro táxi rumo à casa da sogra. Na garagem da casa da sogra está o carro utilizado por Vicente, ele tem morado lá no último mês e tal.

Lá chegando, família reunida. Avó, cunhada, cunhado, sobrinhos e, na hora de partir, Vicente percebeu a falta de algo... a chave do carro e o documento tinha ficado em Botafogo. Bola fora minha... Mas tudo bem, os cunhados são bacanas, fomos até a casa deles, que é bem perto, e me emprestaram um dos seus carros.

Tudo resolvido? Sim? Então beleza. Que se pegue a Avenida Brasil e tome o caminho de Padre Miguel que, como diz o samba, “é a capital da escola de samba que bate melhor no Caranval”*. Cruzou-se a cidade. Já na zona oeste lá foi Vicente correndo a pé para a quadra, algo perto das 22h e... a pior surpresa da noite, o banho frio que eu precisava pra me jogar na lama após aquela correria... um aviso na porta da quadra da Mocidade dizia que o ensaio havia sido cancelado por conta da chuva, que não caiu. Ser Mané é correr um tempão pra um evento que foi cancelado... Ô, sorte.

*Verso do samba “Salve a Mocidade”.
A proximidade do Carnaval me fez mexer o traseiro e voltar a postar nesse blógue. Logo mais, ainda nessa sexta-feira, rola o desfile da Estrelinha da Mocidade, escola mirim ligada à minha querida Mocidade Independente. Lá estarei ajudando a levar as crianças a cruzar a Sapucaí.

É um espetáculo ver mais de mil crianças cantando um samba composto elas, cantado por elas, sustentado por um puxador e uma bateria toda composta por moleques. Encantador e emocionante são as palavras que chegam à cabeça quando penso no desfile mirim.