Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

terça-feira, junho 05, 2007

Mesmo assim a vida é boa, é bela. Falta ver pelo melhor foco pra conseguir tocar as coisas na boa. Chegando em casa, com uma mega bico por conta do perrengue, ouço ao longe uma música. Sim, uma música instrumental, uma coisa meio orquestra, gostosa de escutar. Entro em casa e lá está Seu Carlos atrás de um enorme sorriso, dançando amarradão na cozinha.

- Tá ouvindo? Comprei esse disco. Dez reais no camelô na porta da Petrobrás, o vendedor mal sabia que se pedisse mais eu pagava. Vou deixar alto pra sua mãe ouvir quando chegar - me disse rindo com um tom ligeiramente fanfarrão exibicionista. Entendi que deveria ser algo impornte, um tipo de troféu.

E foi me mostrar o envelope onde veio o vinil. Don Costa - vozes e trombones . Disco que ele ouvia na juventude e que trazia e ainda traz, porque o vinil ainda roda lá embaixo, boas recordações.

Ele veio me contar o vendedor lhe disse existir edição em CD, mas ele disse preferir o vinil.

- Essa capa em papelão tem todo um significado pra mim.

Lá ficou ele, curtindo seu Don Costa. Tenho que dizer que meu bico desceu pelo ralo só por ver o progenitor tão feliz, curtindo suas músicas com cara de menino. É curioso vez seu pai, já um senhor, com cara de menino. A música trazia boas lembranças mesmos, capaz até de transfigurar um rosto.