Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

sábado, fevereiro 03, 2007

Mégui morreu

PPS está de luto. Nunca pensei que isso pudesse acontecer, mas a tartaruga da casa, a folclórica e querida Mégui - que já protagonizou pôstes nesse blógue - morreu às 19h de hoje. Nem preciso dizer que estou arrasado.

Sempre se diz que elas vivem décadas e décadas.... Mégui viveu quase 30 anos. 27 anos se não engano. Ainda tento entender com precisão o porquê da minha tristeza, da sensação de falta já que ela cagava e andava (literalmente) pra qualquer pessoa que estivesse nos seus arredores.

Ela foi presente da madrinha de Seu Carlos, falecida Vó Eunice, que deu duas tartaruguinhas bem pequeninas pra duas crianças, eu e meu irmão. E isso foi lá pra 1980. Vieram Mégui e Jack, essa sumiu ainda na década de 1980, provavelmente em 1984, quando o vento derrubou a barreira que a prendia em casa. Duas crianças tristes na época.

Os amigos sempre fizeram graça dizendo que ela não interagia com a gente, que não era legal ter uma criatura dessas. O tempo passou e ela virou personagem constante das histórias casa, sempre atuava da sua forma. Entrando nos lugares, dando sustos, sujando tudo ao cagar por aí. O grande barato é que Mégui presenciou todas as transformações dessa residência (e foram muitas), ela adorava entrar empurrando a porta, derrubava coisas e nos dava sustos com o barulho ou mordidas nos dedos dos pés.

A família viveu tantas coisas e ela mal ou bem também, estava dentro da casa sentindo a energia.

Sei lá, achava ela perfeita. Não fazia barulho, não ficava carente. Seguia sua vida sem incomodar ninguém.

Por conta de Mégui sempre tive boa vontade com tartarugas, sempre curti os bichinhos. Como explicar um marmanjo de 30 anos com lágrimas correndo pelo rosto por conta da morte de um animal de estimação? A sensação é que uma partezinha morreu. Como explicar isso? Eu mesmo não entendo, sempre achei isso uma doideira dos amigos que tinham animais de estimação. Agora entendo. E da pior forma, com a perda dela. E não sou só eu, a família está toda triste e a casa em silêncio.