Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

domingo, março 19, 2006

O carro foi parar no brejo

Em terras paraibanas acabei ficando no Albergue da Juventude de João Pessoa. Quase ninguém na área, só mais quatro cariocas, um candango e mais outras três ou quatro gatos pingados.

Entre os quatro cariocas, dois irmão com umas história, digamos, interessante. O fato de eles estarem de carro em um lugar tão longe do Rio chamou atenção e fui comentar com eles que tinham disposição pra encarar cerca de dois mil quilômetros ao volante.

E explicaram como foram parar tão longe de carro. Dez dias antes haviam recebido uma ligação, ainda no Rio, dando conta que o carro da menina (eram um rapaz e uma moça) estava em uma cidade do chamado Brejo, algo tipo a zona da mata Paraibana. O detalhe é que o carro havia sido roubado seis meses antes nos arredores da Mangueira, zona norte do Rio, onde ela trabalha como professora.

A Polícia Civil da Paraíba recolhera o carro e o sujeito que pilotava o veículo (que circulava por lá com uma placa fria). Diante da situação inusitada os irmão foram lá buscar seu carro. Ir era fácil, voltar é que seria complicado. O caminho de volta inclui cruzar apenas Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Espírito Santo. Não é nada, não é nada, dá uns dois dias sentado ao volante, acelerando, freiando, passando por caminhões, enfrentando barbeiros e estradas caidinhas até chegar ao Rio... Deliciosos dois mil quilômetros.