Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

domingo, março 19, 2006

Os pôstes embaixo são ainda da ida a Recife e João Pessoa, antes mesmo do carnaval.


A ida em uma tarde cheia de perrengues

Chegar ao aeroporto do Galeão foi uma parada que beirou o sensacional. Havia me programado pra sair com certa antecedência. Antes eu buscaria umas paradas do camarada Arthur das Firulas, neo-recifense, mas carioca de criação. O firuleiro, cria de Ramos, ali na zona norte, mudou-se de mala e cuia pra capital pernambucana. Acabou deixando algumas coisas no Rio e me comprometi e fazer o carreto por sangue-bom. O sinistro foi que bati cabeça pra chegar à casa do tio, que nem era longe, em Campo Grande.

Cheguei nos arredores, perguntei, perguntei, deram várias informações. Todas erradas. Todas, mas todas mesmo. Passei pela esquina do tio do camarada duas ou três vezes e nenhum furingudo foi capaz de me dar a informação certa. Por conta da desinformação só consegui pegar as paradas pra levar exatamente na hora em que eu planejar sair de Bangu. Para deixar uma idéia da bateção de cabeça foi gasto uma hora e meia pra chegar ao destino. Pra voltar, 25 minutos foram suficientes.

Ah, a ida pro aeroporto, claro. Tomei um táxi com a missão de chegar à Ilha do Governador em menos de uma hora. É algo bem plausível, só que não estávamos nas famosas CNTP (Condições Normais de Temperatura e Pressão).

O céu ficou negão, pretão, da cor da pele de um guerreiro watusi. Deu tempo de chegar até a Avenida Brasil. Só que após empretecer veio a chuva. Chuva pesada, que mal dava pra ver à frente. Já em Guadalupe, motoristas amedrontados encostavam seu carros nas laterais da pista. A água corria pelas laterais formando pequenos rios. Confesso: bateu um desespero, a certeza de que eu não chegaria em tempo pra pegar o vôo.

Diante da sensação de impotência liguei imediatamente para o camarada para quem eu levava as coisas (duas caixas de papelão cheias de bagulhamas). Falei que a Brasil tava péssima, q era improvável que eu chegasse lá. E o mané vem e sem ter a menor noção do perrengue solta sequinho “pode vir, teus caminhos estão abertos”. Valeu, né. Virei pro lado e falei pro taxista. Ô!, o figura ao volante olhou pra mim e falou “ah, então vamos chegar molinho”.

Foi só chegar a Irajá (cinco quilômetros a frente de Guadalupe) e onde estava a chuva? Ficou no caminho.

Eu, hein.

Até o aeroporto, na Ilha, ainda faltava um pedaço. E lá fomos nós, eu ainda tava tenso que só. Já em Bonsucesso, onde deixamos a via expressa e pegamos o caminho pra ponte q leva à Ilha do Governador, vimos uma fileira interminável de luzes vermelhas. Pronto, era um engarrafamento certo. Só que o trânsito parava justamente após a saída q eu precisava pegar.

Cheguei ao aeroporto faltando vinte minutos para a hora marcada pra levantar vôo.

É, salve Arthur Frenético, os caminhos estavam abertos, quase q de forma sobrenatural. Mas eu não seria castigado por querer fazer algo bom pra um camarada, né.