Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

quarta-feira, setembro 28, 2005

Como to cansado e com preguiça, vamos mandando aqui a letra de Sou Negrão, do paulistaço Rappin Hood.

Sou Negrão
Rappin Hood

Subi o morro pra cantar (o rap ahh, o rap ahh)
Que é pra malando se ligar (o rap ahh, o rap ahh)
Que malandragem é trabalhar (o rap ahh, o rap ahh)
E a pivetada estudar
Não tenho toda malandragem de Bezerra da Silva
Nem o canto refinado de Paulinho da Viola
Sou só mais um neguinho pelas ruas da vida
Que quer se divertir, fazer um som e jogar bola
Rappin Hood sou, hã, sujeito homem
Se eu tô com o microfone é tudo no meu nome
Sou Possemente Zulu, se liga no som

Sou negrão, certo sangue bom
20 de novembro temos que repensar
A liberdade do negro, tanto teve de lutar
O negro não é marginal, não é perigo
Negro ser humano, só quer ter amigo
Na antiga era o funk, agora é o rap
Vem puxando o movimento com o negro de talento
O negro é bonito quando está sorrindo
Como versou Jorge Ben, o negro é lindo
E é por causa disso tudo que estamos aqui
Se falam mal do negro, eu não tô nem aí
Pois já briguei muito, já falei demais
Mas o que o negro quer agora realmente é a paz
Andar na rua no maior sossego
Constituir família, ter o seu emprego
Como Grande Othelo, João do Pulo, BB King e o Blues
Raul de Souza, Milles Davis, improviso no jazz
Pixinguinha e Cartola, velha guarda do samba
Luiz Melodia e Milton Nascimento, dois bambas
Vieram os metralhas como rap abolição
Falando do negro e de sua opinião
Pois, muitos negros já percorreram a trilha do sucesso
Jackson do Pandeiro, Candeia e Aniceto
Kizomba, Festa da Raça com Martinho e a Vila
No ano do centenário, grande maravilha
E a rainha do samba, Clementina de Jesus
Que já partiu pra melhor mas
Quelé divina luz
E no futebol, temos rei Pelé
Garrincha de pernas tortas num perfeito balé

Sou negrão, hei
Sou negrão, hou

Luiz Gonzaga era preto, era o rei do baião
Jair Rodrigues disparou no festival da canção
Dener com a bola, mais que um dom
Preto quer trabalhar, não quer meter um oitão
Futuro, presente, passado, realmente jogados
Fizemos a história, perdemos a memória
Temos nosso valor, temos nosso valor
Bob Marley, paz e amor
Diamante negro do gol de bicicleta
Leônidas da Silva, craque da época
O Malcom X daqui, Zumbi temos que exaltar
Em Palmares teve muito que lutar
Martin Luther King com a sua teoria
Estados Unidos o movimento explodia
Apartheid, um por todos e todos por um
Nelson Mandela sem problema nenhum

Sou Negrão, hei
Sou Negrão, hou

Ivo Meirelles, Jamelão e aí Mangueira
Luta marcial, jogar capoeira
Negra mulher, preta Dandara
Leci Brandão, Jovelina, Ivone Lara
Cabelo rasta, dança afoxé
Anastácia e Benedita, muito axé
Djavan e o seu som genial
O rei do balanço, mestre James Brown
Também falando de maninhos que não aceitam revide
Aqui vai o meu alô pra Dj Hum e Thaíde
E a reunião da grande massa black
Acontece aqui, nos versos do samba-rap
Na intenção de ver um dia o negro sorrindo
Gilberto Gil, Tim maia, os símbolos
Não esquecendo de falar de Sandra de Sá
Com os seus olhos coloridos fez a massa balançar

Sou negrão, hei
Sou negrão, hou

DMN decretou o que todos têm medo
É 4P, poder para o povo preto
Não o poder do dinheiro, não a corrupção
Sim o poder do som, Revolusom
Como um solo de Hendrix faz você viajar
Coisa de preto mano, pode chegar
Brother vem dançar porque a dança começou
Vindo do Fundo de Quintal
Mente Zulu chegou e esse é o recado que acabamos de mandar
Pra toda raça negra escutar e agitar
Portanto honre sua raça, honre sua cor
Não tenha medo de falar, fale com muito amor

Sou negrão, hei
Sou negrão, hou
Tamos aí. Alimentando menos o blógue, mas tamos aí.

Assim q eu tiver saco e tempo, não posso esquecer, do negão lascivo do metrô do Estácio e do seqüestro do celular...

domingo, setembro 25, 2005

Ó a pinta do Shmoo original, q deu origem ao apelido. Claro q tinha q postar a imagem.
A história do perrengue do domingo a noite ou o maior ser mane q já presenciei.

Dia desses era aniversário de Rafael Shmoo (isso mesmo, xmu), moleque criado aqui na rua. Figura gente boa, sargento do Exército que tem o estranho hobby de curtir ser o mais ogro possível. Shmoo havia chamado uma meia dúzia de três ou quatro pra passar na noite do domingo na casa dele pra comemorar seu aniversário. Ele é camarada de Irmão-Léo e, por extensão, do Vicente aqui.

Na noite desse domingo eu ia dar uma caminhada até o caixa eletrônico pra tirar um qq e poder ir trabalhar no dia seguinte. Eis que quando eu descia a rua passei pela casa de Shmoo onde o singelo grupo de maus elementos (inclusive Irmão-Léo) se encontravam. Entrei. Fiz social. Tomei umas cervejas e tal. Só q elas, as cervejas, acabaram e surgiu a iniciativa de comprar mais.

Prestativo q sou disse “aí, me leva lá no Centro de Bangu, eu tiro um dinheiro e dou uma moral no cervejal”. Shmoo topou. Irmão-Léo tb foi no bonde, no Pálio do aniversariante, que ainda levou seu filho shmoozinho, molequinho de três anos super tranqüilo, bem diferente da ‘ogritude’ paterna.

Fomos ao banco Real, bem na principal via comercial de Bangu, Avenida Cônego de Vasconcelos – aquela onde rola a passarela com esguichos de água supostamente para refrescar a população em dias de calor. Ahan.

Bem na careta do bando existe um PPC – Posto de Policiamento Comunitário – onde os papa mikes (entenda-se PMs) se encontram para o tal policiamento comunitário.

E agora vem o lide. Digo, agora vem realmente a parte q merece registro na história...

A rua que cruza a Cônego de Vasconcelos na altura do banco é a Professor Clemente Ferreira. Entramos nela cheios de disposição e um dos guardas, que estava bem na calçada em frente ao banco, grita pra gente com uma informação que não tava no esquema: “É contramão!”.

Eu e Irmão-Léo falamos pro mané q dirigia prestar atenção. Fazer a volta, sei lá.

E aí, nesse momento mágico, Shmoo tirou do bolso toda a prova que além de ogro é mané com sobra. Mas é mané com vontade, daquele tipo q abusa da qualidade, o mestre dos manés. Tão mané q deu vontade de bater.

Sem tirar as mãos do volante disse em alto e bom som: “CAGA!”. Claros que os puliça escutaram.

Não satisfeito, Shmoo manobrou o carro na frente dos papa mikes e parou. Eu vazei rapidinho na direção do banco. Fui lá, peguei meus parcos reais, mas quando voltei pro carro...

Simplesmente uma viatura da polícia havia emparelhado. Shmoo estava do lado de fora com cara de bunda. Pior! Estava descalço, nem chinelos o furingudo usava. Estava sem qualquer documento de identificação. Estava sem carteira de motorista. Estava sem documento do carro.

ESTAVA TODO ERRADO!!!

Quando Irmão-Léo contou tudo isso, confesso, não acreditei. Não acreditei q um sujeito, da mesma cor q eu e meu irmão, sairia de carro, com dois marmanjos, num domingo a noite sem qualquer documento. É óbvio! A primeira coisa que chama atenção na polícia é um carro com três ou quatro marmanjos com nosso tom de pele.

O q falar? O q argumentar com o policial? Shmoo tinha caprichado na cagada. Eu nunca tinha visto alguém fazer uma tão especial, espalhada e fedorenta. Não havia qq possibilidade de tocar o famoso ‘desenrolo’ - q pode incluir o famigerado “dinheiro do café do guarda”, coisa q não faço, ou simplesmente ir na “idéia”, na argumentação.

Shmoozinho, sentindo o ar de perrengue, começou a chorar pedir a mãe.

A essa altura, o papa mike chefe já havia contatado o reboque e comunicado, com um ar de ‘vou comer seu fígado’: “o veículo do senhor será rebocado”.

Aí, situaçãozinha deliciosa, ainda mais numa noite de domingo quando normalmente só queremos dar um relaxada.

Ligamos do meu molecular para a casa do péla-saco-Shmoo para pedir à sua esposa q levasse os papéis do indivíduo.

E aí veio a grande heroína da noite. Levou os documentos. Fez o menino parar de chorar. Deu um esporro lindo no Shmoo. Como foi bom ver o marmanjo daquele porte ser reduzido daquela forma.

Mas não foi tudo. Aí ela ainda fez o CLÁSSICO desenrolo. Foi lá, conversou com o policial e contou a história. Era aniversário do cara. Tínhamos ido pegar dinheiro pra comprar cerveja pra finalizar a comemoração e tal. Shmoo é uma anta, mas ela é esperta. Apelou pro corporativismo. Disse q poderia chamar o pai dela, que também era policial, pra conversar com ele, o puliça que havia ficado irritado – como toda razão – com a reação do meliante.

O q houve? Liberou-se a galera. Liberou-se Shmoo. Liberou-se o carro. E fomos comprar as últimas cervejas. Ufa.

Detalhe, ela só não havia contado que seu referido pai, q realmente era policial, faleceu há 16 anos. Mas usou o jogo de cintura e a inteligência pra resolver a situação, coisa q faltou ao judas do marido q virou motivo de piada da galera.
Registro triste. Há 34 anos minha avó paterna, Dona Diva, progenitora de Seu Carlos ia dessa para melhor... Eu, q tenho 29, só conheci de fotos e relatos. Dá uma sensação estranha, né.
Chove horrores lá fora. Tô de saco cheio de tanto ler textos pra tentar entrar no mestrado pro próximo ano... Aí me lembrei do valoroso blógue e vim dar uma olhada, uma postada básica...

segunda-feira, setembro 19, 2005

Em tempo, após gastar mais de 110 reais com Duda, com exame de vista e tudo mais, finalmente posso pegar minha nova carteira de motorista. Detalhe q quase perco a hora pq uma mocinha q devia dar informaçao no Detran me disse q o sistema estava fora do ar. Aí, num estalo, pouco anets de dar a hora marcada pra prova e eu desistiar, ela lembrou q a parada q eu ia fazer era no andar de cima e nao onde eu estava. Eu, hein. Bom, apesar da falta de ajuda dela tudo deu certo e posso voltar à pista como piloto. Ah, muleque.

Vou postar uma das fotos do Alvarenga, fotógrafo sangue-bom. Grande gonçalense amante da bléquimiusique.

A foto do cara mostrou bem os momentos de caos que a galera da zona oeste do Rio e da Baixada Fluminense passou pra ir trabalhar na última quinta e sexta.
Vicente vive. Vicente está um caco, mas vive. Há dez dias não posto nada. Acho q vim hoje aqui só pra não deixar as teias de aranha tomarem conta.

O pior é q tenho três histórias boas pra postar, mas cadê a disposição?

Tem a história do perrengue do domingo a noite, o mais clássico 'ser mané é' já postado.

A história do negão lascivo do metrô do Estácio.

E a do seqüestro do celular.

Se Deus quiser ainda durante essa semana eu ponho os causos aqui.

sexta-feira, setembro 09, 2005

Chicoteando o burro

Essa eu não vi, um taxista contou há pouco. Disse ele que havia levado uma pessoa em Pedra de Guaratiba. Chegou lá e tal, deixou a pessoa no lugar e foi preencher seus papéis da cooperativa e fazer seus cálculos para manter o controle do dia, coisas como quanto foi a corrida, quando faturou no dia, o combustível consumido até então. Nisso, bem na sua frente, um sujeito chicoteava um burro.

Segundo o chofer, o sujeito chicoteava o burro com vontade, várias e várias vezes e nada do animal se mexer. A coisa teria sido tão violenta q se formou uma pequena multidão pra assistir a cena. O sujeito chicoteando, o burro apanhando. As pessoas ficaram com pena do bicho e com raiva da perversidade do carinha q nao parava de bater. Do meio do bolo saiu um senhorzinho super prestativo que perguntou ao sujeito do chicote: "o senhor quer q eu mostre como bater num burro?". O sujeito aceitou.

E tome lambada, e tome lambada e mais lambada. O senhorzinho super prestativo começou a chicotear foi o sujeito. Contou o taxista, que a chicotada foi tanta que o carinha se encolheu e correu. O herói do dia.

Se é verdade eu não sei, mas a historia é boa.
A última quarta-feira foi feriado, Dia da Independência. Seu Carlos e Dona Glória estavam em Macaé. Irmão-Léo e Vicente, em Bangu, no Rio. Às 8h da madrugada toca o tel, em Bangu. A voz do lado de lá "E aí, mané. Chama seu pai aí".

Respondi um seco e sonolento "ahn?? Como assim?"

Era Seu Carlos me pedindo pra chamar ele mesmo?

Hehe. Ele havia ligado por engano pra própria casa enquanto devia estar ligando pra casa do meu padrinho, q tb mora em Macaé.
Olha eu aê. Cansado, mastigado, mas ainda vivo e postando.

sexta-feira, setembro 02, 2005

Eu ainda nao desisti de relatar o perrengue da noite de domingo e ainda tenho a história no negão lascivo do metrô do Estácio pra registrar nesse blógue mané..
O susto

Imagina o perrengue de estar além do horário no escritório. Já depois das 20h e, repentinamente, ouvir o sistema de alarmes do prédio começar a gritar. Ih, o negócio é pegar as coisas e vazar sem olhar pra trás. Parti convencido em descer 11andares de escadas. Deixei computador ligando tocando música, arquivos abertos e tudo mais.

Mas como nao rolou qq informe no sistema de som do prédio, resolvi ligar pro responsável por isso q me avisou "deu pane no sistemad e alarmes do edifício". Ufa.
Uma pena. O blogger está bloqueado no trabalho. É impossível postar qq coisa q seja estando lá.

quinta-feira, setembro 01, 2005

Ó só o Gyzmo Mexicano, novo companheiro no mafuá que chamo de mesa. Ele foi arremessado na minha pessoa por uma colega de trabalho. Fiquei com ele pra mim e dei uma ligeira escrotizada no bichinho.