Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

quarta-feira, maio 11, 2005

A fuga da van

Sentado atrás do motorista desse meio de tranporte alternativo usado com freqüência nos subúrbios do Rio, pq o transporte oficial é deficiente, lá ia eu ouvindo o q o motorista falava no rádio. Mesmo q não quisessem, todos os passageiros podiam compartilhar da troca de palavras (e palavrões as vezes) entre o indivíduo q conduzia a van onde estava e demais por vários pontos entre Bangu e o Centro.

Numa dessas, ele começou a falar: "Fugi, cara. A blitz tava lá na Francisco Bicalho. Fugi no sapatinho".

A Francisco Bicalho é uma avenida relativamente curta onde se afunila o trânsito vindo da Avenida Brasil, Linha Vermelha e Ponte Rio-Niterói. Ou seja, o cara pega vans que chegam da Zona Norte, Zona Oeste, Baixada Fluminense, Niterói e São Gonçalo.

E contava o motorista: "O Detro (Departamento Estadual que seria responsável por normatizar e controlar o transporte alternativo na região metropolitana) me parou. Perguntei a fiscal: 'o carro tá preso, né?'. Aí disse a ele q ia cobrar a passagem dos passageiros e ia por o carro na frente pra ele adiantar o seu lado. Como ia levar multa, já ia tá com uma graninha na mão.

Malandramente parei o carro mais na frente e fiquei quietinho. Vi q o cara não vinha. Fiquei olhando pelo retrovisor. Quando ele parou outra van meti o pé e vazei".

Meter o pé = meter o pé no acelerador.

Aí, pra coroar o relato ele manda pro cara do outro lado do rádio. "Foi Jesus".

Então tá, foi Jesus q fez ele dribrar a blitz, né.

Bom, o sujeito tava todo cheio, sentindo-se um herói. É, né, guardadas as devidas proporções ele deve estar tendo seu dia de herói na cooperativa como "o cara q foi mais malandro que a blitz".