Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

quarta-feira, novembro 05, 2003

O dia em q virei MC

Trabalhar com Comunicação dá nisso. Vc chega no trabalho num dia normal, com as mesmas coisas de sempre pra fazer. Começa arrumar o seu dia, imaginando "vou fazer isso agora, depois pelo aquilo e, depois do almoço, fecho aquela parada".

Tudo vai pro espaço quando vem um ordem da presidência dando conta q temos q arrumar um evento para a tarde. Um acordo vai virar um ato. Tem-se q arrumar a mesa, os convidados, a decoração, o bufê e tal. Bom, tudo isso é coisa de Relações Públicas. Quando eu entro? Quando alguém surta e manda "temos q ter um mestre de cerimônia. Quem vai ser?"

Um por um foi pulando fora e sobrou para... tcharan! Vicente Magno.

Lá fui eu, do alto da minha timidez virar MC Vicente. Claro q virou piada. Eu tava na dúvida se seria uma coisa hip hop ou cairia pro funkão mesmo. Já tava até ensaiando um "vai Serginho, vai Serginho!".

Bom, retorno a realidade, fomos ver o roteiro do evento, o texto, os convidados, o local, o som. E nao é q pintou um microfone de lapela pra mim? Sensancional. Já na hora de descer pro auditório a Relações Públicas olha pra mim e surta "precisamos de um paletó!". Q coisa. É sabido q jornalistas como eu nao usam paletó. Eu odeio paletó.

Foi-se até a assessoria jurídica e pegou-se um emprestado mais próximo do meu tamanho pra ser usado. Sinistro, hein.

Eu estava super tranquilo, dono da situação sabe. Mas perdi toda a calma quando um engravatado assessor da presidência na maior boa vontade chegou simpatissíssimo e me ameaçou dizendo "vc quer uma gravata? Eu arrumo pra vc".

GELEI.

Eu? De gravata??? Querem acabar com minha imagem e reputação.

Bom, no fim das contas o evento saiu até bem redondinho. Claro q o som vacilou após ter sido testado várias vezes. O texto q eu tinha como roteiro foi mudado em cima da hora. E, entre mortos e feridos, salvaram-se todos.

Ganhei até uns elogios, falaram bem da voz, da frieza e tal. Haha. Mal sabem q na hora H eu perdi a segurança, mas como tava lá, tinha q sair. Falar pra grupo grande nao é novidade. Quem já fez movimento estudantil sabe disso. A diferença é q ali vc tem total conhecimento das informações, no caso de ontem era um bando de engravatados e eu sem qq domínio do assunto.

Bom, deu certo e vida q segue. Mas já posso dizer q tive um tarde de MC. Yo!