Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

quinta-feira, novembro 13, 2003

Cada uma que essa gente arruma...

Tava eu chegando em casa há alguns instantes, por volta de 23h30. Já tarde. Caminhava já pelo Parque Leopoldina (o rincão bangüense onde cresci e vivo) quando começo a ouvir ao longe um barulhão. Um barulhão contínuo.

Como tinha q passar pelo lugar, continuei andando na direçao daquele esporro. Chegando mais perto vi a parada e mal acreditei. Era um daqueles carros de mensagens. Brega toda a vida. Várias fitas penduradas, balões coloridos espalhados e cerca de dez pessoas com cara de familiares assistindo. E nem vou falar do barulho de novo, mas tava alto pra burro, ah, tava.

Passei pela situaçao sem querer olhar, sabe-se lá se eu ia conhecer alguém. Passando perto ouvi os agradecimentos do 'homenageado' e tal. Segui o meu caminho, minha rua fica poucos metros a frente.

Quando piso na praça (aquela mesma que tem a quadra de tênis na minha esquina) ouço tocar estridentemente "Ave Maria". Nao acreditei! Juro que acreditei. Já achava q seria uma assombraçao, sei lá. Pensei algo bem factível como o Agnaldo Timóteo dando pinta na sua Mercedes prateada pelo bairro ouvindo a tal cançao em alto volume, nao entendo q aquilo ainda fosse uma homenagem.

Chegando no portao de casa... ouço fogos. Muitos fogos. Vários fogos de artifício.

Bom, fiquei bolado pela vizinhança q deve ter sido acordada diante da situaçao, mas confesso ter achado minimamente curioso. O cara deve chegar em casa tarde do trabalho e os familiares armam a parada, uma surpresa, pra fazer uma social básica. Se a tal social teve um viez brega à vera é outra discussáo. Afinal de contas, sao essas coisas bregas q dao graça a muita coisa nessa vida.

Bom, deixa quieto.

E viva as suburbanices desse mundo de Deus q ainda me faz rir.