Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

sexta-feira, junho 27, 2003

Neurose? Acho que não

Ontem a noite, tava lá eu no sapatinho e de bob quando seu Carlos entra no quarto onde eu estava e manda na lata as seguintes perguntas:

Seu Carlos: Quanto tempo aquele menino que fez Cidade de Deus ficou preso?

PPS: Sei lá, uns 10, quinze dias.

Seu Carlos: Quanto tempo o Edmundo, que foi condenadado até pelo STF, ficou preso?

PPS: Dia nenhum.

Seu Carlos: Será que roubar uma bolsa é pior do que matar gente?

É, né. Na qualidade de chato apontaria mais um exemplo de como vivemos numa sociedade racista bem na cara de todo mundo. O preto, pobre e favelado foi pro xilindró (e tava errado mesmo) e o branco, rico e jogador de futebol goza de total liberdade e ainda é ídolo em certas paragens.

Se isso não for um caso escandaloso de dois pesos e duas medidas, peço que alguém me explique do que se trata.