Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

terça-feira, maio 13, 2003

Referências

Ontem, conversando com Seu Carlos fizemos umas contas para tentar descobrir onde estava o nosso parente mais próximo que foi possivelmente escravo. As contas apontaram que foi a minha sexta geração antepassada. Logo, não temos registros de nenhum parente que tenha vivido nessa terrível situação. Mas concluímos que deve ter sido um habitante da cidade de Campos, no norte do estado.

Nas contas, contabilizei 16 avôs e 16 avós que viveram essa época, donde concluo que há a possibilidade real de algum deles ter sido escravo. Não é possível que com essa cor de pele nao tivesse um nego-preto na família nessa época. Mesmo assim, diante dessa confusão que é a colonização desse país, tenho receio de encontrar algum asiático na história. Segundo Seu Carlos, existe um japa em algum lugar do nosso passado, possivelmente nesse bolo doido aí.

Engraçado que me considero e vejo como negro, embora o referencial mais próximo de indivíduos não brasileiros esteja pelo menos dois bisavôs lusitanos, ou seja, branquelos. Um, inclusive, morador de Laranjeiras que veio a se tornar suburbano, habitando o Engenho Novo, onde a mãe de Seu Carlos (branca, bem branca, foi criada).

E a consciência de indivíduo preto, onde está? Está na referência cultural, na forma de se ver diante da sociedade, na melanina na pele, no cabelo.... Por conta disso, digo e repito, sim, sou negro e quero ver quem prova o contrário.