Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

quarta-feira, abril 30, 2003

[7/15/2002 9:21:36 PM | Vicente Magno]
A ida
A decisão de ir pra lá foi rápida. Ricardo disse que possivelmente iria e tal, mas quando começou de nhém-nhém-nhém achei melhor pegar minhas coisas e pegar o rumo da rua. Em dez minutos me arrumei: Calça cargo azul, camisa do Flamengo (que eu já vestia, pois era dia de jogo), pulôver vermelho e um casaco azul maravilhoso para frio. Some-se a isso minha toca listrada (vermelho e azul marinho), três CD’s duplos (O Rappa, Paulinho da Viola e Jorge Bem), mais o disc man (Claro, seis CD’s sem ter onde ouvir é ridículo). Até chegar à Rodoviária, ou TIP (nome meio fresco, mas que significa Terminar Interalgumacoisa de Passageiros) foram quase duas horas. Dois ônibus e um metrô. O metrô daqui parece o ramal Deodoro do Rio. Neguinho construiu um terminal rodoviário looooonge que dói. Nunca na minha vida conheci uma rodoviária tão longe de tudo (e olha que conheci rodoviárias pelo país inteiro). Só consegui pegar o ônibus das 20h30, com previsão de chegada a Garanhuns a meia noite. Perfeito! O perrengue estava materializado na minha frente. Era só aproveitá-lo e torcer pra vencê-lo. Fiquei de bob algum tempo na rodoviária. Parte o ônibus e lá vou eu. Sentadinho, ouvindo meu Jorge Bem (“Salve Jorge!”). Mas pra ficar melhor, sobem vários matutos que vão viajar em pé e param ao meu lado. Claro. Não havia lugar melhor pra eles. Falam coisas numa língua incompreensível durante um bom tempo até que eu chapo de sono. Mas acordo em alguma cidade da Zona da Mata ou sei lá onde com um cara vendendo salgadinho e suco de laranja ao meu lado! No meio do corredor dum ônibus de carreira!!! O perrengue estava cada vez melhor! Até chegar ao destino foram uns quatro ou cinco vendedores assim no ônibus. Sensacional.