Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

quarta-feira, janeiro 22, 2003

E o MV Bill, hein?

Eu sempre tive boa vontade com o cara, mas depois dessa é meio complicado ficar passando a mão na cabeça. O rapper que adora uma polêmica mandou mal dessa vez. Mandou lá no Viva Favela convocando uma coletiva no próximo dia 6. MV Bill entra numa de dizer que vai abrir o verbo contra o filme "Cidade de Deus", que, segundo ele, nada deu para a comunidade. Que só tirou da favela e soltou a frase: "Cidade de Deus ganharia o Oscar e que a nossa Favela ganharia o Oscar da violência".

A CDD já ganhou esse Oscar faz tempo, muito tempo. Nao sei o que o nobre companheiro negão quer falar, mas tenho medo que seja bobagem. Não adianta ficar esperando que o filme dê algo pras pessoas, o objetivo dele é levantar a pauta, é mostrar pra pessoas que estão fora dessa realidade que existe esse tipo de vida crua e violenta dentro do Rio de Janeiro, bem próximo da classe média. O que MV Bill quer? Que o filme dê cidadania? Como dar cidadania? Ele tem boas letras mas tb nao dá cidadania pra quem vive na sua comunidade, ele mostra a indignação, o esquecimento do poder público. Ao meu ver, mostra as mesmas coisas que o filme "Cidade de Deus".

Mas por que resolver falar justamente agora? Que interesse ele têm? Por que segurou tanto a língua e essa coisa de ficar batendo o pezinho surgir justamente agora? Ah, meu camarada, isso tá mal contado pra burro.

Hoje cedo havia lido no blog do Arnaldo que MV Bill faria o tal 'pronuciamento' e acabei não dando muita trela. Mais tarde fui dar uma olhada no Viva Favela e estava lá o texto desse que é o único rapper carioca a ganhar expressão. Nao dá pra saber o que o cara quer, parece que tá entrando numa de ser o 'porta voz das favelas', coisa que é impossível, visto que cada uma das inúmeras que existem enfrentam realidades próximas em vários fatores, mas com peculiaridades que as tornam diferentes (como quaisquer outras localidades, favelas ou não).

É verdade que ele se proclama como o Mensageiro da Verdade (MV), mas tenhâmos um pouco de paciência, né. Assim fica complicado. Depois que o Arnaldo falou eu lembrei que nosso 'herói' antes de dar entrevista pra Playboy fez questão que o entrevistador nao fosse um boyzinho (!). Pera lá, companheiro. Viva a diversidade! Nao é assim que a banda toca. Assim estamos vendo um exemplo de racismo, só que às avessas do qeu a sociedade se acostumou a ver no Brasil. A entrevista do negão é essa.

Bom que cada um tome suas próprias conclusões, mas o fato dele estar querendo forçar a barra pra ocupar um lugar desses nao me agrada. Esse aqui é o link pro texto dele.

É isso. Fiquie indignado com a postura e resolvi postar.