Crise cotidiana carioca
Há tempos eu não pegava o famigerado 393. Ontem peguei. Saí da Lapa e fui ali pros lados da Câmara dos Vereadores, do Theatro Municipal pra tomar o furibundo coletivo. Lá pelas 22h uma pequena multidão esperava por lá, claro que eu torcia para que pegassem outro ônibus. Torci em vão. O maldito chegou, já com praticamente todos os lugares sentados ocupados. TODOS correram como animais praquela portinha do lado direito do ônibus, todos queriam subir ao mesmo tempo. Péssimo presságio...
Coube todo mundo nesse momento. Claro que eu fiquei de pé. E lá foi o 393. Parando em ponto por ponto. E subia gente... Mas subia mais gente, alguns já entravam no ônibus pela por de trás.. Tive sorte, eu conseguia me movimentar, mas a galera que estava na parte trás e a que estava na parte da frente parecia estar se esmagando.
E aí o cocô foi espalhado pelo ventilador e começou o dramalhão. Ninguém mais subiu no ônibus. O coletivo chegou a Avenida Francisco Bicalho, a última via antes de começar a Avenida Brasil, a maior via expressa da cidade. A parada no ponto, em frente a decrépita estação de trens da Leopoldina, rendeu o que falar. Ali havia um fiscal da empresa do ônibus que, num momento de “sou mau, muito mau, mau mesmo”, decidiu que o ônibus não sairia do lugar sem que mais dois passageiros entrassem. Haha. Bacana a intenção do fiscal, só que não havia espaço pros pobres sujeitos que tentavam possivelmente voltar pra casa subir para compartilhar conosco a falta de espaço no coletivo.
Os demais passageiros, num misto de angústia, desconforto, desespero combinados com uma brutal falta de educação, começaram um showzinho. Até lembrei de minha amigas Roberta e Ana Paula com seu blógue sexista “Homem é tudo palhaço”, pensei na hora que “passageiro é tudo palhaço”.
Os manés, de dentro do ônibus, começaram a grita e xingar o tal do fiscal. Alguns xingavam com visível deboche, mas outros chamavam na mão o sujeito, pras vias de fato. Um deles, o mais exaltado, estava a menos de um metro de mim. E, pra minha diversão gritava para o fiscal: “suba aqui se for homem, venha aqui se se garante na mão”. Adoro esses corajosos de ocasião. Ele sabia tanto quanto eu que era impossível chegar até ele pra dar-lhe um tapa no pescoço que fosse. E se o fiscal pudesse subir, posso apostar a minha mão direita que não existiria tanta coragem.
Pra ficar melhor, a menina franzina que estava pertinho falou de trás de seus óculos de grau que “se fosse homem desceria ali pra bater no fiscal”. Nenhum homem se emocionou com a provocação feita pela garota frágil, porém mázinha. Ah, a crise ficou patética com os personagens se manifestando.
Pena ou sorte, sei lá, que logo atrás encostou outro ônibus rumo a Bangu onde foram colocados os dois que não conseguiam subir no 393 e foram os pivôs daquele vai-não-vai e daquela troca de palavras nada amáveis entre passageiros e fiscal.
Bom, o ônibus furibundo pegou seu caminho, mas não calou as vozes “heróicas” dos passageiros que sugeriam até descer e bater no fiscal. Aquela hora a viagem deveria levar, no máximo, 50 minutos. Pois é, a crise fez com que durasse uma hora e vinte. Eu fico pensando o que seria do mundo se as pessoas fossem um pouquinho mais educadas.
Há tempos eu não pegava o famigerado 393. Ontem peguei. Saí da Lapa e fui ali pros lados da Câmara dos Vereadores, do Theatro Municipal pra tomar o furibundo coletivo. Lá pelas 22h uma pequena multidão esperava por lá, claro que eu torcia para que pegassem outro ônibus. Torci em vão. O maldito chegou, já com praticamente todos os lugares sentados ocupados. TODOS correram como animais praquela portinha do lado direito do ônibus, todos queriam subir ao mesmo tempo. Péssimo presságio...
Coube todo mundo nesse momento. Claro que eu fiquei de pé. E lá foi o 393. Parando em ponto por ponto. E subia gente... Mas subia mais gente, alguns já entravam no ônibus pela por de trás.. Tive sorte, eu conseguia me movimentar, mas a galera que estava na parte trás e a que estava na parte da frente parecia estar se esmagando.
E aí o cocô foi espalhado pelo ventilador e começou o dramalhão. Ninguém mais subiu no ônibus. O coletivo chegou a Avenida Francisco Bicalho, a última via antes de começar a Avenida Brasil, a maior via expressa da cidade. A parada no ponto, em frente a decrépita estação de trens da Leopoldina, rendeu o que falar. Ali havia um fiscal da empresa do ônibus que, num momento de “sou mau, muito mau, mau mesmo”, decidiu que o ônibus não sairia do lugar sem que mais dois passageiros entrassem. Haha. Bacana a intenção do fiscal, só que não havia espaço pros pobres sujeitos que tentavam possivelmente voltar pra casa subir para compartilhar conosco a falta de espaço no coletivo.
Os demais passageiros, num misto de angústia, desconforto, desespero combinados com uma brutal falta de educação, começaram um showzinho. Até lembrei de minha amigas Roberta e Ana Paula com seu blógue sexista “Homem é tudo palhaço”, pensei na hora que “passageiro é tudo palhaço”.
Os manés, de dentro do ônibus, começaram a grita e xingar o tal do fiscal. Alguns xingavam com visível deboche, mas outros chamavam na mão o sujeito, pras vias de fato. Um deles, o mais exaltado, estava a menos de um metro de mim. E, pra minha diversão gritava para o fiscal: “suba aqui se for homem, venha aqui se se garante na mão”. Adoro esses corajosos de ocasião. Ele sabia tanto quanto eu que era impossível chegar até ele pra dar-lhe um tapa no pescoço que fosse. E se o fiscal pudesse subir, posso apostar a minha mão direita que não existiria tanta coragem.
Pra ficar melhor, a menina franzina que estava pertinho falou de trás de seus óculos de grau que “se fosse homem desceria ali pra bater no fiscal”. Nenhum homem se emocionou com a provocação feita pela garota frágil, porém mázinha. Ah, a crise ficou patética com os personagens se manifestando.
Pena ou sorte, sei lá, que logo atrás encostou outro ônibus rumo a Bangu onde foram colocados os dois que não conseguiam subir no 393 e foram os pivôs daquele vai-não-vai e daquela troca de palavras nada amáveis entre passageiros e fiscal.
Bom, o ônibus furibundo pegou seu caminho, mas não calou as vozes “heróicas” dos passageiros que sugeriam até descer e bater no fiscal. Aquela hora a viagem deveria levar, no máximo, 50 minutos. Pois é, a crise fez com que durasse uma hora e vinte. Eu fico pensando o que seria do mundo se as pessoas fossem um pouquinho mais educadas.
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