Um choque necessário
Dia desses foi aniversário de Jófilo, coleguinha, camarada e figuraça. Foi num restaurante árabe, ali em Copacabana. Um ambiente de jornalistas inteligente, conversando sobre coisas inteligentes, algumas molecagens, pequenas provocações.
Falamos sobre Palace II, o prédio que caiu na Barra da Tijuca há mais ou menos dez anos, aquele mesmo construído por Sérgio Naya. Falamos sobre futebol, sobre violência pública, sobre a utilização ou não do famigerado Caveirão. Alguns conversaram sobre aquelas séries que todos assistem nas tevês por assinatura e tal. Assuntos típicos do imaginário de classe média.
Noite agradável com gente agradável.
Como a parada foi em Copa, é necessário voltar para Bangu. Como? Pegando o bom e velho ônibus até o Centro e do Centro, hahaha, encarar o folclórico 393 (o famigerado Castelo-Bangu). Na Praça do Lido, ainda em Copa, peguei o um 175. Gabriel Pensador já cantou esse trajeto, da Central até... a Barra da Tijuca, só que pela orla. Ui, não acaba nunca a viagem. Bom, eu já peguei, digamos, em ponto adiantado. O coletivo estava ocupado só por trabalhadores, dos mesmos que dividem comigo os vagões dos trens. Tinha passado das 23h e a galera partia pra Central pra chegar em casa.
Vazei do 175 na Avenida Antônio Carlos, em frente a Maison de France, e ia tomar a Rua Santa Luzia até mais a frente, onde está o ponto final do 393. Rua atravessada, passei na porta da mais que centenária igreja de Santa Luzia, que viu essa cidade crescer e o mar ir se afastando de suas portas até a criação da Praça XV com constantes aterros. Uma praça em frente a igreja, só que do outro lado da rua, bem pequena e calma servia de passarela pra mim quando resolvi olhar pros lados. Havia uma árvore no meio e alguns bancos ao seu redor. Em cada banco, um senhor dormindo. Sempre o mesmo tipo físico, entre 35 e 50, negros ou mulatos, cabelos grisalhos, rosto enrugado, cobertos por folhas de papelão e com as cabeças deitadas sobre bolsas ou coisas parecidas.
Há tempos não sentia isso, foi como um choque de realidade. Algo do tipo “Vicente, a vida não é só aquilo. Isso aqui também existe, está diante dos seus olhos, é Rio de Janeiro também. Sem glamour, feio, mas faz parte da sua realidade, da sua cidade”.Ok, cabe-me agradecer pelo lembrete. Dia típico na “cidade paraíso, purgatório da beleza e do caos”.
Dia desses foi aniversário de Jófilo, coleguinha, camarada e figuraça. Foi num restaurante árabe, ali em Copacabana. Um ambiente de jornalistas inteligente, conversando sobre coisas inteligentes, algumas molecagens, pequenas provocações.
Falamos sobre Palace II, o prédio que caiu na Barra da Tijuca há mais ou menos dez anos, aquele mesmo construído por Sérgio Naya. Falamos sobre futebol, sobre violência pública, sobre a utilização ou não do famigerado Caveirão. Alguns conversaram sobre aquelas séries que todos assistem nas tevês por assinatura e tal. Assuntos típicos do imaginário de classe média.
Noite agradável com gente agradável.
Como a parada foi em Copa, é necessário voltar para Bangu. Como? Pegando o bom e velho ônibus até o Centro e do Centro, hahaha, encarar o folclórico 393 (o famigerado Castelo-Bangu). Na Praça do Lido, ainda em Copa, peguei o um 175. Gabriel Pensador já cantou esse trajeto, da Central até... a Barra da Tijuca, só que pela orla. Ui, não acaba nunca a viagem. Bom, eu já peguei, digamos, em ponto adiantado. O coletivo estava ocupado só por trabalhadores, dos mesmos que dividem comigo os vagões dos trens. Tinha passado das 23h e a galera partia pra Central pra chegar em casa.
Vazei do 175 na Avenida Antônio Carlos, em frente a Maison de France, e ia tomar a Rua Santa Luzia até mais a frente, onde está o ponto final do 393. Rua atravessada, passei na porta da mais que centenária igreja de Santa Luzia, que viu essa cidade crescer e o mar ir se afastando de suas portas até a criação da Praça XV com constantes aterros. Uma praça em frente a igreja, só que do outro lado da rua, bem pequena e calma servia de passarela pra mim quando resolvi olhar pros lados. Havia uma árvore no meio e alguns bancos ao seu redor. Em cada banco, um senhor dormindo. Sempre o mesmo tipo físico, entre 35 e 50, negros ou mulatos, cabelos grisalhos, rosto enrugado, cobertos por folhas de papelão e com as cabeças deitadas sobre bolsas ou coisas parecidas.
Há tempos não sentia isso, foi como um choque de realidade. Algo do tipo “Vicente, a vida não é só aquilo. Isso aqui também existe, está diante dos seus olhos, é Rio de Janeiro também. Sem glamour, feio, mas faz parte da sua realidade, da sua cidade”.Ok, cabe-me agradecer pelo lembrete. Dia típico na “cidade paraíso, purgatório da beleza e do caos”.
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