Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

segunda-feira, março 05, 2007

O que dizer de uma obra na principal via expressa da cidade, parando totalmente uma das pistas, jogando os veículos para a outra, proporcionando ao carioca quilômetros e quilômetros de engarrafamento?

Nada. Porque ninguém diz nada. Pouco importa que o sujeito tá voltando do Centro pra Bangu, pra Guadalupe, Ricardo de Albuquerque ou Santa Cruz. Pouco importa. Tem que ficar lá, parado, esperando sua vez pra conseguir vencer o mega obstáculo e chegar em casa.

A famigerada obra rola no viaduto de Coelho Neto, lá atrás na Zona Norte. Não vai aparecer no noticiário mesmo, podem lascar a vida dos furibundos que passam ali de manhã e a noite pq não vai ter barulho algum mesmo.

Só acontece alguma coisa se acontece nas partes bacanas dessa josta de cidade. Só assim. Saco, odeio esse sectarismo geográfico, odeio essa discriminação social velada que impera nessa cidade, acho q em qualquer cidade. Bom, falo da minha, é minha realidade, meu cotidiano mesmo.

A tal da bora não é nada, não é nada... aumenta em, pelo menos, uma hora o tempo pra chegar no trabalho. Logo... a ida pode durar duas horas e meia. Pra chegar e pra voltar. Na sexta-feira a chefe me perguntou "o q tá havendo que vc tá chegando tarde?". Nem posto o q respondi.

Posso dizer quem péssima sensação de ódio tomou esse coração suburbano nessa noite de segunda-feira.