Caminhava pelo túnel que se inicia da Barata Ribeiro, no cruzamento com Gastão Baiana e Djalma Urich, e termina na Raul Pompéia, passando por baixo do morro Pavão-Pavãozinho, em Copacabana. Era fim de tarde, 18h30, e o fluxo de veículos era beeeeeem razoável.
Custava nada caminhar por ele, digo, pela passarela de pedestres, que passa por ele. Entrei e senti, de início, um leve cheirinho de urina que me acompanhou por toda a extensão. Detalhe, não consegui ter idéia do espaço caminhado, mas foi todo o túnel.
Nada demais, nada, nada. Iluminação desses espaços é sempre capenga, aquelas luzes amarelas, meio sem graça, que só não deixam o ambiente ser totalmente escuro. E a luminosidade era suficiente pra ir evitando os buracos criados pela ausência das tampas de ferro – provavelmente roubadas – dos bueiros no seu interior.
Barulhinho de motores e carros passando. Ainda bem que ninguém buzinava, seria sinistro um buzinaço ali dentro. Caminhei sozinho, uma boa parte do túnel é em curva. Na passarela do outro lado da pista ainda vi três pessoas, mas só consegui definir a imagem de uma, um moleque que carrega um caixa de engraxate.
Tudo ia sem graça, normalíssimo, até que vi na frente um amontoado branco. Andar pra trás é q eu não ia. Continuei passo a passo até chegar mais perto e ver, parecia uma monte de alguma coisa. Era uma pessoa! Inicialmente pensei que era um corpo, um presunto, como se diz pelas ruas. Nada, fui chegando mais perto com o olhar fixo. Sim, de fato era uma pessoa, mas parecia uma múmia. Estava envolto em um lençol branco e tinha uma caixa ao seu lado. Impossível identificar idade, se era homem ou mulher. Apenas o rosto estava do lado de fora, um rosto que não deu pra ver se tinha feições, só notei que era mulato. Ah, era um morador de rua.
Ou morador do túnel que não devia estar sentindo o cheiro de mijo, não devia estar ouvindo o barulho dos carros, não devia um monte de coisa. Ou devia? Ou simplesmente, na falta de opção, ficou por lá?Segui minha caminhada, mas não consegui parar de pensar na pessoa. Eu e minha sensação de impotência.
Custava nada caminhar por ele, digo, pela passarela de pedestres, que passa por ele. Entrei e senti, de início, um leve cheirinho de urina que me acompanhou por toda a extensão. Detalhe, não consegui ter idéia do espaço caminhado, mas foi todo o túnel.
Nada demais, nada, nada. Iluminação desses espaços é sempre capenga, aquelas luzes amarelas, meio sem graça, que só não deixam o ambiente ser totalmente escuro. E a luminosidade era suficiente pra ir evitando os buracos criados pela ausência das tampas de ferro – provavelmente roubadas – dos bueiros no seu interior.
Barulhinho de motores e carros passando. Ainda bem que ninguém buzinava, seria sinistro um buzinaço ali dentro. Caminhei sozinho, uma boa parte do túnel é em curva. Na passarela do outro lado da pista ainda vi três pessoas, mas só consegui definir a imagem de uma, um moleque que carrega um caixa de engraxate.
Tudo ia sem graça, normalíssimo, até que vi na frente um amontoado branco. Andar pra trás é q eu não ia. Continuei passo a passo até chegar mais perto e ver, parecia uma monte de alguma coisa. Era uma pessoa! Inicialmente pensei que era um corpo, um presunto, como se diz pelas ruas. Nada, fui chegando mais perto com o olhar fixo. Sim, de fato era uma pessoa, mas parecia uma múmia. Estava envolto em um lençol branco e tinha uma caixa ao seu lado. Impossível identificar idade, se era homem ou mulher. Apenas o rosto estava do lado de fora, um rosto que não deu pra ver se tinha feições, só notei que era mulato. Ah, era um morador de rua.
Ou morador do túnel que não devia estar sentindo o cheiro de mijo, não devia estar ouvindo o barulho dos carros, não devia um monte de coisa. Ou devia? Ou simplesmente, na falta de opção, ficou por lá?Segui minha caminhada, mas não consegui parar de pensar na pessoa. Eu e minha sensação de impotência.
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