Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

sexta-feira, novembro 12, 2004

O doidão de meio de semana

Saltando do trem na estação de Guilherme da Silveira me deparo com um personagem q mora no mesmo bairro q eu. Vejo q o cara, um marmanjo parrudo de quase dois metros, tava tendo problemas pra passar na roleta q dá saída da estaçao. Cheguei lá, dei uma força e o cara vem e me diz. "Pô, Vicente, tô chegando agora da Mimosa. Tô doidão". haha. Isso, pouco antes das 21h de uma terça-feira. A (Vila) Mimosa é a zona de prostituição mais conhecida e folclórica do Rio de Janeiro.

A figura veio me contando q desceu do trem anterior em Deodoro pra dar uma singela vomitada. "Eu nao tava aguentando ver aquelas coisinhas passar pela janela". hahaha. O sujeito bebeu das 16h até as 20h, levando em conta q é um meio de semana... É, bebeu bem.

Nao satisfeito, veio relatando sua negociaçao com uma das meninas da Mimosa. A menina cobrava por R$27 por um programa de 30 minutos. O sujeito foi alengando q tava consumindo (entenda-se enchendo os cornos) no estabelecimento e o preço foi baixando, foi baixando... Segundo ele, a brincadeira saiu por R$12. DOZE REAIS!!!

Já chegando pelo Parque Leopoldina, passamos em frente a um templo evangélico novo. Aquele mesmo em q eu uma vez escutei o cara falando um monte de bobagem q me rendeu o pôste abaixo:

Segunda-feira, Agosto 16, 2004

Passando por um templo no caminho de casa, após ter vazado do trem na noite de sexta-feira, ouço algo q me assustou:"Rezemos para q o senhor mande seus anjos com suas espadas de fogo para cortar essas correntes. Para nos libertar dessa feitiçaria, dessa 'macumbaria' que alguém deve ter feito no cemitério, pondo seu nome dentro de um crânio. Feita por alguém q jogou um pozinho na sua comida, na sua bebida ou na sua casa...".Confesso q até acelerei o passo pra nao escutar o resto. Peralá, companheiro? O q é isso? Um culto ou uma celebração ao medo? O naipe das paradas q o cara falou é assombrosa pela criatividade macabra. Por o nome num crânio no cemitério?! Acreditar q alguém botou alguma coisa na comida por feitiçaria? Ah, amigo, vá caga no mato e pára de impregnar a vida alhei com bobagem.

Pois é, o grandalhão-doidaralho conhecia o pastor q criou a tal seita. "Ih, toda a vez q passo aqui conto quantos malucos têm lá dentro. Uma vez tinha três". Parou e contou, nesse dia eram nove. E bateu a ficha do tal pastor: "esse maluco aí dirigia kombi no Viegas, mó ruim de jogo. Começou a ler a bíblia outro dia e já montou uma igrejinha. Como tem gente boba, né, q acredita nesses caras q nem sabe de onde saíram". É, blógue, a voz do povo é a voz de Deus...