Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

quinta-feira, outubro 28, 2004

Zé Maria buscando um no Morumbi e a falta de responsabilidade de alguns com a informação
Como é q as pessoas tem tanto interesse pela morte, né. O pobre do cara do São Caetano foi buscado por Zé Maria no meio do estádio, ao vivo pra milhares de pessoas. Realmente impressionante. Realmente chocante. Eu fiquei bolado com a situação. Foi um momento especialmente triste do esporte.

E explorando esse estranho fascínio q eu nem tento entender pq não sou psicanalista, ontem ainda, enquanto não saía o boletim médico do hospital, já tinha gente fazendo um carnaval com o falecimento do jogador. Enquanto alguns falavam que o socorro foi rápido, na Bandeirantes, naquele programa daquela 'tia velha', o tal do Leão, em todas as vezes em q durante meia hora eu passei pela emissora zapeando pelos canais, vi exatamente a mesma imagem (do jogador caindo) e ouvia o mesmo depoimento do Roberto Cabrini (o q o Cabrini fazia no programa eu não sei) dizendo q faltou aparelhagem, que faltou preparo, q faltou isso, q faltou aquilo. Tenha dó, né amigo.

Aí, hoje pela manhã, assistindo ao jornal matutino da Record os apresentadores perguntam como a morte do jogador foi recebida em todo canto. Peraí, gente. Não é assim q vão repercutir o ocorrido. Pior, perguntaram ao repórter q estava em Brasília se o presidente tinha sabido do fato. Hein?! Era o dia do aniversário do Lula e tava querendo q ele soltasse uma nota falando do falecimento do zagueiro???Bom, o fato é q fiquei chocado com a cena. Foi a coisa mais triste q vi no âmbito esportivo, mais triste q a final de 98 (quando a Seleção perdeu pra França) e mais triste q a última final da Copa do Brasil, claro.

Acho q estão focando errando, q deveriam ir em cima do depoimento do Silvio Luiz, goleiro do São Caetano, de q havia sido diagnosticado um problema no coração do tal zagueiro. Tb foi dito por alguém q ele havia assinado um termo de compromisso assumindo responsabilidade por jogar as partidas. Deviam futucar com geral de medicina esportiva e nos clubes os exames q são feitos quando um atleta chega no clube e o q feito periodicamente, o q pode ser diagnosticado, o q pode passar sem ser detectado. Se algum jogador com algum mal cardíaco pode jogar futebol ou se tem q obrigatoriamente parar de jogar de futebol. Ah, sei lá, dá pra aprofundar com um monte de coisas. Mas ficar fazendo carnaval com o drama de alguém é no mínimo irresponsável e condenável.