Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

terça-feira, outubro 26, 2004

O clássico diazinho bunda. Nublado, trânsito engarrafado, até meio frio pros padrões cariocas. Aspecto tristonho q só por esses lados. Lá embaixo, gente andando pra todos os lados, subindo e descendo dos prédios. Acho q o único animal q costumo ver por aqui são os pombos. Pousando sobre sacadas ou voando baixo em algumas e em outras, até mirando suas cloacas sobre os sujeitos que andam abaixo.

Aí, diante desse quadro que induz ao desânimo, sento na frente da minha janela com persianas semi-fechadas, que me mostram uma enorme parede cinza e um filete de céu igualmente cinza sobre ela. Igualmente desanimador.

Um vulto aparece entre as paletas semi-cerradas da persiana sobre a parede cinza. Não era pombo, não era urubu (q pena). Era uma gaivota! Uma gaivota voando sobre o concreto do Centro do Rio. Sabe, gaivota traz coisas boas à cabeça, lembra praia, areia branquinha, mar aberto, ondas quebrando e fazendo sssshhhhhhhhh... Trouxe até um cheirinho de maresia pra dentro das minhas narinas. Nunca havia visto um ave dessas por aqui. Tudo bem, estou a pouquíssimos metros da Baía de Guanabara, o q não torna comum a presença das tais aves. Trocando em miúdos, só a visão da bichinha já melhorou meu humor e meu dia. Que mais gaivotas apareçam para mim e para outros manés diante de suas paredes cinzas.