Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

segunda-feira, abril 12, 2004

É isso! Vamos cercas as favelas com muros e deixar aqueles pobres se matarem entre si!

Em um lugar sério, p q o Rio de Janeiro nao pode ser sério, uma proposta como essa vinda de um governante deveria ser tratada como uma afronta a cidadania, aos direitos humanos e a vergonha. Como pode um vice-governador de Estado, como o caso do senhor Conde (ex-prefeito carioca, inclusive) sugerir q se CERQUEM comunidades com muros?!

Peraí, onde estamos??? Isso aqui é o Brasil!! Nao estamos na Polônia pré-Segunda Gurra, não estamos na Berim pós-Segunda Guerra, não estamos em Israel!! Estamos no Rio de Janeiro! Um lugar onde sempre se esteve a vanguarda desse país, onde a democracia deveria falar alto. Antigamente fazíamos graça pq árabes e judeus trabalham lado a lado aqui na Saara, o principal comércio popular da cidade. Eu mesmo comentei várias vezes que pobres, classe média e ricos vivem (ou viviam em harmonia) em vários cantos da cidade, sem classismos ou um afrontar o outro...

Mas o q eu vou falar quando um governante acha que é legal, q é correto fechar uma comunidade entre muros dando a desculpa de que é pra conter uma comunidade? Pra evitar q a violência saia de lá? É isso? Q se promovam políticas públicas pra evitar que as favelas cresçam, que se tenham campanhas eficazes de habitação, ora. Q se faça controle de natalidade, sei lá.

Ontem o senhor Luiz Paulo Conde, vice-goverandor, entrou numa de dizer q seria de bom tom cercar as favelas da Rocinha e Vidigal (ambas na Zona Sul da cidade). Ah, legal, então cerca as outras comunidades carentes do estado todo. Vamos oficializar a existência desses guetos onde não existe infra-estrutua ou presença do estado. Ele deve pensar "vamos deixar essa pobretada morrer atirando neles mesmos e livrar o Rio dessa gente". Inteligente, né?

O q me incomoda, me deixa indiganado e triste à vera é ver q a classe média carioca já pensa assim. Tanto pensa q tá aí o Cesar Maia, o prefeito, com alto índice de aprovação e q de forma discreta pensa dessa mesma maneira. É o legítimo representante dessa forma de pensar.

Se o rio assume essa postura facista vou ter q repensar o q estou fazendo nesse lugar. Pq viver onde admitem que um absurdo como esses seja sugerido por um cara do executivo estadual e ninguém taque pedra é q nao dá.