Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

terça-feira, março 16, 2004

Só coisas q entristecem

Tô numa fase muito voltada a ir ao médico. Pra variar, fui a minha oftalmologista no Avenida Central. Fui pedir uns exames pra ver se posso entrar na faca e fazer operação de correção nos olhos. É uma caminhadinha daqui da esquina da Presidente Vargas com Rio Branco até lá. Bom momento pra escutar coisas novas, ver as pessoas na rua, os boys, os camelôs, a bunda das meninas e demais coisas q cruzem o caminho. Só q na esquina da Nilo Peçanha com Rio Branco, praticamente no meu destino, existia um casal de velhinhos. Ele tocava um sanfona e ela estava com uma caixa de sapatos nas mãos. Ambos sentados bem em frente a faixa de pedestres com expressões extremamente sofridas, extremamente tristes...

Quando vc nao está bem acontece de tudo pra fazer com q vc continue na mesma. Vi os velhinhos lá só q pareciam ser invisíveis a todo mundo q passava. Se estavam ali tocando era pq precisavam de dinheiro. P q pessoas daquela idade - aparentavam ter cerca de 60, 70 - estava ali àquela hora? Meu Deus, tenho q parar de me questionar sobre esse tipo de coisa... O q terá acontecido com o casal pra chegar a essa situação? Será q nao têm parentes? Filhos? Netos? Uma pensão: Uma aposentadoria? O pior é q nao devem ter nada... OU se têm... foram esquecidos, deixados de lado...

Lembrei de uma vez Seu Roberto falando. Meu avô explicava, segundo seu entendimento, pq os mais velhos sao tratados com tanto despeito: "já fizeram o q tinham q fazer, nao têm mais importância pro governo ou pra família, só representam prejuízo".

Triste é ver ali, na sua frente, essa situação de forma tão concreta.