Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

segunda-feira, março 15, 2004

Passageiros conversadores

Vinha eu com o braço furado pro trabalho. Sentado na van, vinha assustado com a vocação do motorista do veículo pra kamikase visto q acelerava o máximo q podia o carro e tinha um especial gosto por freiar quase na traseira do veículo da frente. Até aí morreram Neves e Guimarães. Só q a senhora do lado quis conversar. "Esse carro chacoalha demais ou o menino q dirige mal". Respondi q acha q ambos estava certos.

Pra q?

Por q a senhora desbundou em falar. Falou da faixa seletiva na Avnida Brasil onde só os ônibus podem passar, falou do mal estado da saúde e educação pública, falou do secretário de trânsito, falou dos jornalistas (e eu me meti), falou de trem, falou do lugar onde trabalhava, falou de onde morava, falou das linhas dos ônibus q servem e q nao servem, falou q conhece todos os motoristas da cooperativa tal... Meu Deus, como falou!

Os passageiros conversadores as vezes me dão medo. Começam a falar e nunca mais param. Qq dia vou adaptar uma técnica q Irmão-Léo usava quando estudante da ETVMauá. Alguém se aproximava e ele automaticamente deixava a cabeça cair pro lado como se estivesse dormindo.

Vou praticar em casa pra nao ser pego de surpresa.

Ah, é bom q se diga q as vezes é agradável conversar na condução. É um costume normal nos suburbanos visto q a ida e a volta para casa são geralmente demoradas. Só nao precisa ser impregnante.