Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

quarta-feira, março 03, 2004

Morrer todo mundo morre. O engraçado é q se tem total ciência disso. Pra mim eu sou imortal, o mesmo deve acontecer com todo mundo. Ninguém concebe a própria morte. O sinistro é que ontem, jogado no tapete do meu quarto, comecei a pensar nisso e achando tudo muito estranho. Ontem passei mal outra vez. Nao foi tão mal como na terça-feira de carnaval quando fiquei literalmente surtado, pilhado e bolado. Mas foram os mesmos sintomas, só q mais leves, pegando mais devagar.

Senti o organismo acelerado já durante a tarde na empresa (após a chegada do Nordeste) e fiquei sendo bombardeado sobre histórias de caras que com idade próxima a minha foram buscados por Zé Maria. Infartos, AVCs. Eita, sai pra lá. Chegando em casa, já melhor, voltei a ficar pilhado. Andando freneticamente de um lado pra outro. O coração alucinado quicando dentro do peito, a respiração rápida demais... Seu Carlos e Dona Glória queriam me levar para clínica. Eu, hein. Q mané. Tive q aturar o caô de q sou hipertenso. Eu? Hipertenso? Aos 27 anos? Pode não, moço. Topei mandar uma maracujá pra dentro e ver no q dava. Fiquei mais na boa.

HOje tô melhor, mas acho q vou tomar vergonha na cara e ir ao médico pra ver qual é dessa parada tosca q me pentelha o peito e me deixa ansioso. E q parem de ficar me agourando com esse caô de Zé Maria rondando pq muita coisa ainda será feita por esse preto, pobre e suburbano.