Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

segunda-feira, novembro 24, 2003

Notas

Tirei da coluna Gente Boa, do Globo.

I love Jacarepaguá

Jacarepaguá também tem auto-estima e, às vésperas de completar 410 anos, quer se livrar do estigma de subúrbio da Barra. A subprefeitura prepara livro de luxo sobre a história da região, organiza calendário de festas ao ar livre e espalha galhardetes pelas ruas dizendo “Sou mais Jacarepaguá”.


Nem precisa dizer q quero um livro desses, né.

O Pavarotti de Copacabana

Moradores da Avenida Atlântica têm parado à noitinha para ver e ouvir da janela a cantoria do gari Valério da Silva Ribeiro, 42 anos. Apesar de ser conhecido como “Gari Pavarotti”, ele não sabe quem é nem nunca viu foto do tenor italiano. Valério, também tenor, diz que sente o tempo passar mais rapidamente quando canta as canções de letras inventadas por ele que falam do cotidiano ou louvam a Deus — o gari, claro, é evangélico. Valério provoca a turma que trabalha nos restaurantes da Atlântica com letras que caçoam dos garçons, que estão apenas começando o trabalho, enquanto ele já está indo para casa, em Campo Grande, às 22h. Às vezes, um ou outro segurança de alguma loja mais chique reclama das músicas de Valério: “Não estou nem aí. Meu silêncio, só depois das 22h.” O “Gari Pavarotti” nunca estudou música e acalenta o sonho de gravar um CD.


É impressionante, como tem sempre gari rendendo história. Os caras são um poço de criatividade.