Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

segunda-feira, novembro 24, 2003

Escola de Samba é coisa séria

Hoje, vindo pra esse lugar onde trabalho, passei pelo viaduto, quase em cima da quadra da Mocidade. Saí tarde de casa, umas 8h. Olhei pra dentro do espaço da escola de samba e nao é q tinha uma ala ensaiando? É, companheiro, às 8h da matina já estavam lá, mandando ver.

Gosto disso, gosto de ver as pessoas da localidade se envolvendo, dando suor pra tudo correr bem durante os poucos minutos em q vao estar ali na passarela do samba. Escola de samba é coisa séria, muito séria pra essas pessoas. Tb é coisa séria pra mim, mas nem me atrevo a me comparar com essas pessoas.

Hoje em dia muito se critica, muito se diz q as escolas de samba já não são a mesma coisa do passado. Não são mesmo e eu gosto do jeito q são.

Em 1984 vi pela primeira vez o desfile da Mocidade, se nao me engano o enredo era "Mamãe, eu quero Manaus", sobre a Zona Franca. O carnaval q o falecido carnavalesco Fernando Pinto levou pro sambódromo deixou a gente em segundo lugar naquele ano.

Em 1987 minha prima Vanda me levou pela primeira vez a um samba na quadra. O ano era do "Beijim, beijim. Bye, bye Brasil", mais um enredo aloprado do Fernando Pinto, acho q o penúltimo do cara (ele morreu no ano seguinte). Desde entao, sempre volto até lá.

Crítica sempre vai existir quando bate um saudosismo, mas tudo está em evolução. O futebol nao é mais o mesmo dos últimos anos, o samba nao é, as cidades nao sao as mesmas, a forma de pensar, de falar e se vestir das pessoas tb mudaram. Tudo mudo. As escolas de samba tb. Mesmo gostando do samba tradicional, nao abro mão da minha verde de branco de Padre Miguel do jeito q a conheci e do jeito q a conheço. Pra mim, e pra toda gente que gosta dela de coração como eu, naquela área q tem, pelo menos, 10% da populaço da cidade do Rio de Janeiro, é o nosso maior referencial de samba e de carnaval.

E salve a Mocidade.