Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

quinta-feira, novembro 20, 2003

Pensei em postar uma música. Veio logo a cabeça o Kizomba, festa da Raça, samba de Rodolpho, Jonas e Luiz Carlos da Vila, q levou a Unidos de Vila Isabel (em 1988), pela primeira e única vez até agora, a vencer o desfile das escolas de samba no Rio. O samba é muito lindo, e o desfile foi um dos mais impressionantes q já vi.

Valeu, Zumbi!
O grito forte dos Palmares
Que correu terras, céus e mares
Influenciando a aboliçao

Zumbi valeu
Hoje a Vila é Kizomba
É batuque, canto e dança
Jongo e maracatu
Vem, menininha, pra dançar o caxambu

Ô ô, nega mina
Anastácia nao se deixou escravizar
Ô ô, Clementina
O pagode é o partido popular

O sacerdote ergue a taça
Convocando toda a massa
Neste evento q congraça
Gente de todas as raças
Numa mesma emoção
Esta Kizomba é nossa constituição

Que magia
Reza, ajeum e orixás
Tem a força da cultura
Tem a arte e a bravura
E o bom jogo de cintura
Faz valer seus ideais
E a beleza pura dos seus rituais

Vem a lua de Luanda
Para iluminar a rua
Nossa sede é nossa sede
De que o apartheid se destrua

Valeu!


Só q esse samba é lugar comum, né. É obrigatório lembrar dele. Aí lembrei tb do samba da escola q ficou em segundo lugar nesse mesmo ano, a Mangueira, q tb levou um samba com a mesma temática pro sambódromo. Esse é do Hélio Turco, Jurandir e Alvinho. O enredo desse ano foi 100 anos de liberdade, realidade ou ilusão. Hoje já seriam 115 anos...

Será
Que já raiou a liberdade
Ou se foi tudo ilusão
Será...
Que a Lei Áurea tão sonhada
Há tanto tempo assinada
Não foi o fim da escravidão
Hoje dentro da realidade
Onde está a liberdade
Onde está que ninguém viu

Moço
Não se esqueça que o negro também construiu
As riquezas do nosso Brasil

Pergunte ao Criador
Quem pintou esta aquarela
Livre do açoite da senzala
Preso na miséria da favela

Sonhei...
Que Zumbi dos Palmares voltou
A tristeza do negro acabou
Foi uma nova redenção

Senhor...
Eis a luta do bem contra o mal
Que tanto sangue derramou
Contra o preconceito racial

O negro samba
Negro joga capoeira
Ele é o rei
Na verde e rosa
da Mangueira


Todo mundo fala de Zumbi que acaba sendo o grande referencial mesmo. O grande barato do cara, o primeiro herói negro brasileiro, foi q nasceu livre e voltou pra sair na mão pela liberdade dos seus iguais. Segundo conta a lenda, após estar cercado e prestes a ser capturado, optou por morrer a perder a liberdade. Há quem questione isso, mas pouco importa, né. O q vale é o ideal q fica. Como já diz o samba da Vila, valeu.