Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

sexta-feira, outubro 10, 2003

Orgulho de filho

A forma como Seu CArlos começou a gostar de música instrumental é sensacional. Ele é um técnico e seus pais não tiveram grande vida escolar. Nao teve em casa aproximaçao desse tipo de música e nao foi na universidade, onde o povo acaba ficando blasé, q tb se aproximou do instrumental.

Tudo começou quando, ainda adolescente, foi para na Funabem. Nao, nao era menor infrator. Soi foi pra lá pq meu avô nao tinha como bancá-lo em casa. Sendo uma dos mais velhos, sobrou pra ele.

Lá, na antiga Escola XV, em Quintino Bocaiúva Seu Carlos, ainda muiiiiiiiiiiito longe de ser meu pai, se aproximou da banda da instituiçao, onde tocava oboé. Eu nao sei o q é um oboé. Sei q nao é de comer, mas de soprar. Graças a isso, o moleque Carlos descobriu q existia música instrumental e hoje, décadas depois, é fã de jazz.

Outra coisa legal q ficou de herança é o gosto pela marcenaria. Lá, ele tinha aulas na marcenaria. Hoje, o terraço da estância bangüense é habitada por móveis q ele mesmo faz nos fins de semana. Já cansei de acordar com barulho de serra, de furadeira e tudo mais.

O legal é chegar no terraço e ver as coisas feitas, montadas, envernizadas. Nao é nada luxuoso ou firuleiro, mas tudo prático e funcional.

Uma coisa q meu tio contou me pareceu engraçado. Seu CArlos tb era corneteiro na Escola XV, tinha a funçao de acordar geral por lá. Segundo meu tio, todo o bairro de Quintino era acordado pela esporrenta corneta do moleque Carlos.