Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

sexta-feira, outubro 03, 2003

Camelô

Essa semana estava eu parado dentro de Ervilhão em um sinal de trânsito em Benfica, bem naquele entrocamento entre a ´rua dos lustres´ e o um extremo da Avenida Suburbana quando um camelô se aproximou do Ervilhão, meu carro. Chegou perto da janela e me ofereceu aqueles clássicos saquinhos cheios de bala.

Durango q sou, disse q tava sem grana. Ele respondeu:

"Pode levar assim mesmo, o senhor me paga na semana q vem".

Pensei se eu era figurinha tão fácil passando por aquela esquina. Será? Sei q isso é bem possível, mas achei curioso. Mesmo pq o cara tinha cara sofrida de trabalhador de corre atrás.

Disse q seria injusto eu pegar assim mesmo pq nao sabia se passaria lá na semana seguinte pra poder pagar.

O cara me olhou com ar de meio q de gratidão, pôs a mão por dentro da janela disse "vá na paz do Senhor". Respondi "e q a Força esteja contigo". Simpatizei com o cara, hoje passei pela esquina, mas ele não estava lá. Ia comprar alguma coisa q fosse pra dar uma colaborada, né. Sou pobre, sou durango, mas tem gente mais quebrada.