Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

sábado, agosto 02, 2003

Eu e Dona Glória no meio da tricolada

Essa tarde foi um dia importante nessa casa. Pela primeira vez levei Dona Glória, minha feliz progenitora, a um jogo de futebol. Até essa tarde ela nunca havia assistido, ao vivo, a um jogo do seu time, o Fluminense.

Após três anos de tentativas, surtei hoje e carreguei a madame, com uma bela camisa laranja do seu time (que pertence ao Irmão-Léo na verdade) ao estádio. Ela ainda não estreou no Maracanã, o jogo de hoje, contra o Cruzeiro, foi no Giulite Coutinho, ali em Edson Passos, o aprazível campo do América.

O resultado do jogo foi um singelo 2 a 2, um empate que quebrou uma espantosa série de seis derrotas seguindas do tricolor. E o time até que não jogou da forma bizarra como eu esperava. Bom, sorte dela. Ao menos pé-frio não é.

Supresa
Engraçado que julguei que hoje seria um jogo vazio. Errei. Alguns milhares de tricolores acharam o mesmo e chegaram no estádio na mesma hora. Foi meio complicado comprar e ingresso e entrar. Só consegui por os pés na arquibancada já com 20 minutos do primeiro tempo. Aí já tava um a zero pro time azul.

Confesso que torci como um louco, mais até que Dona Glória. Não queria de maneira alguma que sua primeira experiência futebolística fosse traumática. Gritei horrores xingando o árbitro e principalmente o Lopes (odeio esse jogador furingudo. Não joga nada, é um perfeito perna de pau).

Moral
Bom, ela pôde ver que tb existe gente mal educada na torcida tricolor, visto que uns marmanjos ficaram de pé na arquibancada uns dois degraus abaixo e na frente do gol. A mulher, baixinha que é, tanto reclamou, tanto falou que os caras se mancaram e se sentaram. Dá-lhe Dona Glória!

Marrenta como poucas, reclamou dos papa mikes, que cagavam quilos pra torcida e ficavam assistindo o jogo mesmo. Reclamou de como os policiais escoltaram a Máfia Azul pra dentro do estádio, iam usando os cacetetes e dando esporro na galera que ficava na frente. Tb pudera, os maluquinhos da Força Flu tava numa sanha pro confusão que, sei lá. Bom, ao menos ela viu que não é só coisa da minah torcida.

Sua frase pra atuação da polícia se resumiu a "que despreparo". Sinistro foi ver, bem na nossa frente, o sargento Cunha comendo amendoim sem preocupação enquanto ficava de costas pra torcida e de frente pro jogo. Será que ali o policial pode comer enquanto deve prestar atenção no público?


Romário
Ela odeia o Romário. Reclamou dele o jogo todo, mas confesso ter visto vontade no cara. O cara voltou, pediu jogo, armou jogada, teve oportunidade de gol e tal. Mas nada que agrade ela. O centroavante só vai fazê-la feliz quando sair do time mesmo.

E achei legal, muito legal, vê-la torcendo e comemorando os gols do tricolor. Acho que ela entendeu um pouco a magia que o filho sente em eventos desse tipo. Tb, né, sair da zona de rebaixamento com um gol aos 43 do segundo tempo é coisa pra enlouquecer qq torcedor, até mesmo ela.

Falta agora o tricolor jogar no Maraca, aí eu levo ela mais amarradão. Mas tem qeu ser um jogo grande pra ela poder curtir a torcida. Hoje nao deu direito, a torcida do Flu (que não se compara a do Flamengo) ficou muito quietinha e pouco fez barulho.