Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

domingo, maio 04, 2003

O que rolou

Café da manhã com cerveja e misto quente, ida a Mangue Seco (no norte da Bahia - diga-se de passagem... lugarzinho meio bunda) fazendo social com as meninas da Unesp, com meu amigo Vitor Mala (da Uff, na época) ensinamos três gaúchas a dança da bundinha numa feliz madrugada na beira da praia e, por conta disso, quase perdemos o ônibus que nos traria de volta ao Rio.

Mas a melhor foi a da piscina de saltos ornamentais da Universidade Federal de Sergipe, universidade onde ficamos hospedados inclusive.

Lá, rolou um pequeno surto de invadir a piscina. O surto tornou-se realidade, logo mó galera já estava lá dentro. Ninguém dentro da piscina, visto que o tempo tava chuvoso. Ficamos naquelas brincadeiras saudáveis de repetir frases imensas e ritimadas, quem errava, tacava cachaça pra dentro da goela.

Já devidamente feliz, olhei pra plataforma de saltos e fui lá pra cima, pra mais alta. Não faço idéia da altura, mas lembro que não foi fácil chegar até lá. Atingido o topo, veio um pequeno problema: lembrar que tinha medo de altura. Hehe. Tive a idéia de pedir as pessoas embaixo pra chamar os bombeiros, mas ninguém ia fazer isso mesmo. Seria mais prático pular lá de cima.

Gente já subia e pulava feliz. Todo mundo muiiiiito feliz. E o Vicente lá no alto todo encagaçado. Após alguns instantes veio o surto de coragem, levando-se em conta que a cachaça ('Cravo e Canela' era o nome - lembro pq a furinguda era gostosa à vera) estava acabando, decidi pular.

Foi o salto mais longo de todos os meus 26 anos de vida. A água nunca chegava. Nada acontecia e eu lá, caindo, caindo e caindo. Até que, quando eu nem mais esperava... a água chegou. Cabum. E o perrengue nada de acabar. Foi mais meia hora dentro d'água. A essa altura eu só queria respirar. E tudo ao redor era aquela coisa azul... bordas azuis, chão azul, ladrinho azul e superfície que era bom... nada.

Após mais meia hora, cheguei lá encima e, graças ao bom Deus, consegui respirar. E não é que houve uma explosão de alegria dos furingudos com quem eu jovava antes. Pior, foi ter que nadar até a borda e secar naquela temperatura não muito quente.

Nunca, mas nunca mais volto a encarar uma altura daquelas. Mas até que lembrar disso agora é engraçado.