Preto, pobre e suburbano

Esse aqui é o cotidiano de um simples jornalista carioca que mora e circula pra cima e pra baixo na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas acaba sempre voltando pra a base, em Bangu - terra onde só os fortes sobrevivem pq é longe pra burro e tem que ter saco pra aturar as idas e vindas...

quarta-feira, fevereiro 12, 2003

Carioca, bairrista e espaçoso

Foi assim que fui definido algumas vezes quando habitava o ilustre estado de Pernambuco nos idos do ano passado. Após receber esse texto por e-mail, enviado pela fofa Mariana, lembrei disso. Veja só, eles - os pernambucanos - que são bairristas à vera ainda têm coragem de me acusar de bairrismo! Bom, no fim das contas todos defendemos as terras onde nascemos ou com as quais nos identificamos. Vide a citada no post anterior, RMRO, paraense de nascimento e pernambucana de coração.

O texto é interessante, não sei se é realmente da Fernanda Young, como veio assinado no e-mail. Mas tá aí.

Salve o Rio de Janeiro.

O RIO DE JANEIRO CONTINUA LOUCO

Estive dois dias no Rio e, chegando de volta a São Paulo, isso me fez pensar. O fato é que não consigo ir ao Rio sem retornar
contundida, resfriada, ressacada. Mas a sensação é sempre de que valeu a pena, porque lá você se diverte, e se diverte muito, mesmo que não seja essa a sua intenção. O divertimento persegue você pelas ruas cariocas, e não há como se esconder dele. Porque não existe cidade no mundo com tanta alegria de viver por metro quadrado.

No Rio, você sai para comprar um cigarro e na esquina, subitamente o cigarro se transforma num chope, subitamente a esquina se transforma numa pizzaria no Leblon, e quando você se da conta está contando confidências para uma pessoa que você nunca tinha visto antes, com a bolsa cheia de números de telefone.

É mesmo os cariocas dizem que São Paulo tem muito mais opções de divertimento. Ok, aqui o número de lugares para se ir
impressiona, a quantidade de gente que freqüenta a noite também , mas a questão é que, no Rio, não é necessário ser de noite nem se estar em algum "lugar" para se divertir. O perigo pode estar em qualquer calçada, banca de jornal ou farmácia basta você encontrar um conhecido que outro já aparece, e daqui a pouco alguém vem com a idéia de se tomar alguma coisa
logo ali; e a próxima vez que você olha no relógio já são quatro da manhã e você está num galpão dançando funk.

Comigo, pelo menos, é sempre assim: vou a trabalho e o trabalho já é uma curtição, pois a reunião de negócios tem vista para o mar. Depois sempre tem alguma festinha já que, no Rio, basta alguém levar uma bebida e ligar o rádio para se ter uma festinha. E, como há o hábito de cada um levar a sua garrafa, todo mundo acaba se esbaldando junto. Na hipótese bastante provável da festinha virar festa porque um chama o outro e o outro sempre chama mais um prepare-se para atingir índices inéditos de divertimento. Porque, no Rio, uma festa só acaba quando dá policia. Sendo que a música só abaixa mesmo quando o aniversariante (no Rio sempre tem um aniversariante para justificar a algazarra) é quase levado em cana.

Sou do Rio, moro em São Paulo, e amo São Paulo. Mas, desculpem-me, os paulistas tem muito o que aprender
com os cariocas em matéria de divertimento. No Rio, não tem VIP nem famoso, não tem "in" nem "out", não tem cafonas nem bem-vestidos. Lá, está todo mundo igual, nu nas praias, seminu ao redor delas. Sem pudor de se divertir e sem vergonha
de se exceder. Os cariocas sabem pagar mico com categoria. Porque todo mundo é da malandragem.